Sempre que falamos em brasileiras e brasileiros pelo mundo surge aquela dúvida: Será que nosso jeitinho brasileiro é bem visto fora? Conseguimos continuar usando nosso “jeitinho” onde quer que vamos?
Caso você que está lendo esteja pensando no jeitinho no sentido pejorativo, já vou logo avisando que este texto não trata disso. Pelo contrário, vou enaltecer e tentar mostrar que nosso jeitinho brasileiro é o que nos leva pra frente e faz da gente um povo tão resiliente, flexível e adaptável.
Pois bem, o tal “jeitinho brasileiro” é sempre colocado como sendo feio. Acontece uma coisa pela gringa com um brazuca já vem o povo dizer: “Ah, tá vendo, quis fazer do jeitinho brasileiro não deu certo, lá as coisas não funcionam assim!”
Nunca ouviram essa frase?
Eu já, milhares de vezes! E concordo em um certo ponto que, no nosso Brasil, precisamos sim dar um jeitinho para que as coisas funcionem. A gente vive dando jeitinho em tudo. E nem sempre é pra ser malandro, é porque só assim as coisas funcionam por lá, né não? A gente nasceu com o “jogo de cintura” ativado nível hard. A gente sabe fazer do limão uma limonada, ops, melhor, uma caipirinha. E uma das coisas que mais admiro em nós, brasileiros, é esse nosso jeitinho, de verdade.
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Quando cheguei aqui na Alemanha, de cara não conheci muitos brasileiros, o que não foi uma escolha. Na cidade onde eu morava, Hamburgo, a comunidade não era tão grande quanto aqui, e eu acabei não fazendo parte por simplesmente não ter batido o santo, eu acho, ou não ter dado tempo mesmo, sei lá. O negócio é que desde que cheguei aqui em Berlim a coisa é outra. Há exato 1 ano, eu acabei conhecendo brasileiros, muitos, e essa galera se tornou um pedacinho de Brasil pra mim aqui, o que é incrível e eu amo. E com eles eu acabei lembrando do nosso tão falado jeitinho.
Vou contar abaixo alguns “causos” que passei aqui pra vocês entenderem e se identificarem, talvez:
– Saindo da casa de uma brasileira aqui em Berlim um dia desses, me dou conta que eu e ela estávamos há uns 10 minutos ou mais na porta conversando e nos despedindo, ela dentro e eu fora esperando o elevador, e vá papo. Ela foi abrir a porta pra mim (como boa brasileira, cês sabem né? Tem que abrir pra pessoa voltar, mandinga das boas! Rs) e ali ficamos. Quando falei pra ela isso, ela deu risada. Ela é casada com um alemão, e comentamos como isso não existe na cultura aqui. Eles dão tchau e batem a porta, simples assim, não é por grosseria nem nada, é simplesmente que isso de ficar papeando na porta é muito coisa de brasileiro. rs
– Outra coisa, a gente sabe resolver as coisas. Cês já notaram? E não é resolver problemas mirabolantes. A gente é de organizar o “rolê”, fazer acontecer, pegar pra gente e deixar redondinho. Seja uma viagem, um encontro com os amigos ou até o problema de uma pessoa, a gente sempre quer resolver tudo. Todo brasileiro vem com selo de “resolvedor de coisas” aprovado pelo Inmetro. rs
– Um dia estou viajando de uma cidade para outra aqui na Alemanha com a minha mãe, inclusive, que estava aqui me visitando, eis que nosso ônibus não chegava nunca e isso não é comum aqui. Tava super atrasado e resolvi “tentar” perguntar pro cara da empresa o que estava acontecendo. Ele me explicou, de uma maneira muito nervosa, que o nosso ônibus havia sofrido um “acidente” e precisava ser consertado. Eu chocada e assustada, perguntei se não havia outro que pudesse vir no lugar, já que havia sido um “acidente” usando a palavra dele. Ele disse que não, só aquele podia, só aquele fazia aquela rota, nenhum mais, pasmem. Pois bem, sem opção ficamos eu e minha mãe e uma galera. Umas 3 horas depois, JURO, eis que o tal do nosso ônibus chega e pensei: “Nossa, que rápido, o mesmo ônibus que sofreu o “acidente” em 3 horas foi arrumado. Coisa de alemão.” Só que não, quando olho, o “acidente” que o cara me disse era uma lanterna traseira quebrada, mentira, “rachada”. O bus bateu em uma árvore quando foi estacionar e arranhou a lanterna. rs
Mas como os alemães no geral são tão certinhos, não prevêem erros, e nem pensam em colocar um bus extra nesses casos, sabe? Era aquele e pronto. Gente, imagina um brazuca trabalhando nessa empresa, já tinha colocado mais cinco ônibus rodando. Caso algum estragasse tem o outro, sabe? A gente é muito agilizado. Essa empresa precisa muito de alguém com o jeitinho nosso de cada dia lá, pelamordedeus.
– A gente é muito criativo, o nosso povo tem criatividade pra dar e vender. Infelizmente, às vezes usamos ela pra coisas ruins, eu sei, mas na maioria das vezes isso nos faz mais interessantes que os demais. Não é à toa que os brasileiros são super bem vistos no mercado publicitário mundo afora. A gente sabe usar a criatividade a nosso favor. E nosso “jeitinho” nessas horas cai como uma luva.
Acho que todo brasileiro que mora fora é amado/odiado por esse nosso tão famoso jeito. A gente é assim, tá na nossa essência, na nossa natureza, não dá pra mudar. Melhorar sim, claro, sempre, mas perder isso eu acho difícil.
Pois bem, gente boa, que consigamos usar nosso jeitinho incrível por onde passarmos, sendo criativas, nos reinventando, sendo agilizadas, “prafrentex”, visionárias e tudo de bom que somos.
Viva o jeitinho brasileiro, sim, e que parem de levar o coitadinho só pro lado ruim da força. Ele que nos torna tão especiais e divertidos.
#vivaojeitinhobrasileiro