A culinária popular do país não possui muita variedade, provavelmente pelo próprio fator histórico e, talvez, pela posição geográfica de país insular. Hoje em dia, há chefs em alguns restaurantes que exploraram os sabores de produtos locais de diversas formas. De um modo geral, no país consome-se mais o que há facilidade de ser encontrado, até porque, os produtos industrializados são, na maioria, importados.
Há apenas um supermercado de grande porte em todo o país, localizado na cidade de São Tomé, onde a maioria dos produtos vem de Portugal e até mesmo do Brasil (picanha). Além deste, há dois mercados menores, ambos de propriedade de estrangeiros, onde também encontramos produtos importados de boa qualidade. Isto ajuda muito a quem vem de fora, pois possibilita-nos confeccionar a própria comida e, assim, matar um pouco a saudade da comida brasileira. Fora estes, existem os mercados da cidade, Mercado Municipal antigo e o novo, que vendem os produtos locais.
Os pratos santomenses são praticamente com peixes e frutos do mar, além de búzios-de-terra e, com menos frequência, frango. Como acompanhamento, banana – aqui mais consumida com o prato principal, fruta-pão, matabala (uma leguminosa parecida com o inhame), alguns outros legumes e algumas folhas e ervas. Dentre estas últimas, há uma muito comum, usada praticamente em todos os pratos locais, chamada “micocó”.
De frutas, existem as tropicais que conhecemos e outras duas bem características do local, que são o mangostão e o safú. Dependendo da época do ano há cacau. O cacau aqui, além de alguns serem destinados para confecção de chocolate, é muito consumido como fruta mesmo, principalmente nas roças. Também há a exportação, mas não em tão grande quantidade como antigamente. O café é outro produto local, bastante comercializado, consumido no país e exportado.
O principal prato típico de São Tomé é o Calulu, feito com peixe fumado ou frango. A denominação “fumado” é dada ao peixe seco que sofre um processo parecido com o da defumação. No Calulu vão também várias folhas e ervas regionais, a aparência é de uma sopa bem grossa. Outros pratos típicos são o Rancho – feito com arroz e feijão cozidos juntos; o arroz, ou feijão, à Moda da Terra – feitos com peixe fumado e azeite de palma, e o Peixe Grelhado temperado com ervas locais, acompanhado de banana, fruta-pão e legumes cozidos. Este último é o mais comumente encontrado em restaurantes.
Como as carnes vermelhas são importadas, em restaurantes locais dificilmente encontramos. As sobremesas geralmente são frutas, sorvetes – aqui chamados de “gelados” como em Portugal – e mousses de chocolate ou café. Indo para o centro da ilha ou para as chamadas “roças”, o mais comum é o consumo de peixe seco e dos “búzios-de-terra” que, como o próprio nome descreve, é um molusco encontrado sob a terra. Os moradores destas regiões já possuem bastante experiência em encontrá-los e prepará-los.
O fato de quase não comerem peixe fresco, é porque estão relativamente longe do litoral e também por ser considerado caro para os moradores do interior da ilha, ao contrário do peixe seco que é bem mais barato e dos búzios, que eles próprios encontram na terra. Nas cidades, os búzios são servidos mais como entradas do que como prato principal.
Outra iguaria bem característica de São Tomé é a “santola”, uma espécie de caranguejo bem grande, só que do mar. Geralmente é encontrada apenas em certos locais da ilha e sem acompanhamento algum.
Em alguns restaurantes, normalmente de propriedade de portugueses, encontramos pratos mais elaborados, carnes vermelhas ou típico pratos portugueses como “bacalhau a natas” ou “arroz de tomate com pataniscas de bacalhau.” Como mencionei, há chefes que fazem uma releitura de pratos conhecidos com algum produto local, como por exemplo atum com purê de fruta-pão ou de matabala.
Há um restaurante de cozinha internacional, localizado dentro de um hotel 4 estrelas, onde há vários pratos com produtos santomenses. Há ceviches, risotos e até “creme brullè” feito com baunilha cultivada na ilha. Aí você pode encontrar também um “steak ao molho barbecue”.
Os restaurantes santomenses estão localizados principalmente nas cidades, mas existem alguns mais distantes, próximos às roças. Enfim, há lugares de todos os tipos para se comer em São Tomé, desde locais bem simples a restaurantes padrões, passando por aqueles montados na varanda ou garagem das casas.
Em relação às bebidas, há uma cervejaria santomense. O curioso é que a garrafa é de tamanho médio e não tem rótulo, o nome da cerveja só aparece na tampa. Também é produzido no país uma bebida chamada “vinho de palma”, feita da seiva extraída de palmeiras da região. É consumida mais pelos próprios santomenses.
Como o país mantém uma certa parceria com Portugal, dentre os vários produtos portugueses encontrados aqui, há vinhos excelentes. Embora também encontremos vinhos de outras nacionalidades e até champanhes, a grande maioria são vinhos portugueses.
No geral, come-se bem em São Tomé, mas diversidade de pratos e bebidas, só acharemos em determinados restaurantes ou em casa, para quem gosta e se dispõe a cozinhar ou ensine alguém, pois, como disse, podemos encontrar quase tudo no supermercado.
9 Comments
Muito legal , mas eu não sei se aguentaria ficar sem carne por muito tempo , rsrs
Infelizmente a cozinha local , para restauração empobreceu muito. Porque a galinha, polvo, e o cabrito fazem parte da culinária local. já me apercebi que as entradas (coco com milho, pastel de peixe, cloquado), compotas, doces (izaquente, arroz doce, arroz india, semelhante á canjica, sucrinha semelhante à coquada, sonhos de banana, felizpote), licores e sumos não lhe foram dados a experimentar. A culinária de São Tomé tem muitas parecenças com a baiana e a nordestina e a africana ocidental mas talvez por ser trabalhosa para indústria fica—se pela mesmice que lhe deram a experimentar nos restaurantes e peço desculpa pela fraca impressão com que ficou.
Olá Cássia! vc tem filhos? Sou chefe escoteira de crianças de 7 a 10 anos(lobinhos), num grupo escoteiro no Brasil, mais específico em Fortaleza, CE. Existe uma insígnia (distintivo especial) que eles podem conquistar chamada Lusofonia e precisam saber algumas informações de geografia, cultura, aprender culinaria entre outras coisas de um país que fale a língua portuguesa. São Tomé e Príncipe é um deles. Fora o que eles podem pegar facil pela internet, tem um item que é fazer contato com um jovem de um grupo escoteiro desse país. Você conheceria um grupo escoteiro aí? que pudesse fazer um intercâmbio para nós?
Se puder fazer contato, encaminho meu e-mail: michelepbraga@gmail.com
Desde já muito agradecida!
Olá Michele,
A Cassia Gameiro parou de colaborar conosco e, infelizmente, não temos outra colunista morando no país.
Obrigada,
Edição BPM
Fui lendo os comentarios e cheguei a conclusão que nem a pessoa que fez a pesquisa sobre a nossa gastronomia, e nem os que comentaram não sabem nada sobre os nossos pratos tipicos. Quem disse que nós nao temos carnes, sim estou consciente que consumimos mais peixe do que carne? Quem vos disse que a nossa culinaria é pobre? Voces foram buscar informações nos bares e restaurantes que só querem vender e vender, eles não colocam nos nossos pratos tipidos nos cardapios porque são pratos dificies de fazer e leva muito tempo para os confecionar. Dai que eles buscam os pratos mais facies e rapidos, que sao provinientes de outros paises. Um conselho de santomense que sou, se querem conhecer bem a nossa gastronomia, vão a casa das pessoas nos finais de semanas, vão nas festas religiosas, nos grandes banquetes locais, vão para as casas das nossas avós, ai sim irao ver o que temos de melhor na nossa culinaria, e parem de ir nos bares de e restaurantes portugueses e de outros estrangeiro, depois andam aqui a escrever o que não sabem.
Obrigado,
Oi boa noite José Vaz, gostaria de saber mais sobre a culinária local, como é a vida das pessoas aí, qual o custo de vida, tipo aluguel e demais despesas, se tiver algum site local que vc possa indicar, desde já agradeço, boa noite.
Tudo isso é fácil e verdadeiro para quem fixa morada em São Tomé, mas para quem vai por uma semana, come aquilo que lhe querem servir. Em São Tomé como em qualquer parte , é sempre o mesmo , o negócio é que interessa e do cliente só o dinheiro. É óbvio que a comida caseira nada tem a ver com o cardápio dos restaurantes. Desde que haja bom peixe bem confeccionado , é tudo o que interessa, se houver algum marisco melhor. A carne fica para quem a preferir, branca ou vermelha.
Ola estou fazendo uma trabalho na escola e minha pesquisa e sobre São Tomé e príncipe alguem poderia por gentilaza me da informações sobre a culinária, educação, religião.?
Olá Rejane,
A Cassia Gameiro parou de colaborar conosco e, infelizmente, não temos outra colunista morando no país.
Obrigada,
Edição BPM