Sucre, a capital da Bolívia.
Sucre, a capital da Bolívia. Mas aprendemos nas aulas de Geografia que a capital da Bolívia era La Paz! Confuso isso aí, não? Pois bem…
O país foi fundado na cidade de Sucre, através da assinatura da Ata de Independência no ano de 1825. No final do século XIX, a cidade deixou de ser a sede do governo devido a uma guerra civil. La Paz converteu-se na sede dos poderes Executivo e Legislativo, mas não houve a troca formal da capital do país. Assim, Sucre continua sendo a capital constitucional da Bolívia e sede do poder Judiciário. Essa situação gera uma insatisfação nos habitantes da cidade, que sentem-se roubados e até já foi discutida a realização de um referendo para ‘devolução’ da sede executiva.
Sucre também é conhecida como a cidade dos quatro nomes: Chiquisaca (o nome do departamento), Charcas, La Plata e Ciudad Blanca (‘Cidade Branca’). Esses nomes representam diferentes épocas históricas: período pré-colonial, colonial e republicano. A cidade possui uma grande importância socioeconômica e política e ainda é sede de alguns órgãos do governo, além de possuir universidades fundadas pelos jesuítas há 400 anos, como a Universidad de San Francisco Xavier.
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Uma característica peculiar da cidade é uma lei municipal que determina que todos os imóveis do centro histórico sejam pintados de branco, demonstrando paz, respeito, educação e liberação. Isso traz um ar colonial para a cidade e a deixa com um charme especial. Em 1991, Sucre recebeu da UNESCO o título de Patrimônio Cultural da Humanidade do Período Republicano. Para uma vista da cidade, recomendo a La Recoleta e o campanário do Oratório de San Felipe Néri.
Para chegar a Sucre a partir de Santa Cruz de la Sierra, o ideal é ir em avião, são apenas 50 minutos de voo. A distância entre as cidades é de 270 km e há linhas de ônibus que fazem esse trajeto, mas as estradas são muito ruins nesse trecho e, particularmente, acho que não compensa esse meio de transporte.
Aproveitamos um feriado para conhecer a capital e pudemos perceber a diferença do movimento em um feriado e no dia seguinte, uma sexta feira normal. Nos domingos e feriados, a cidade pára! Um silêncio encantador, quase não se escuta movimento de veículos e boa parte dos museus, lojas e até alguns restaurantes ficam fechados! É interessante ter isso em mente ao planejar sua viagem, para que seja possível conhecer boa parte das atrações.
O que visitar em Sucre
Sucre possui cerca de 300.000 habitantes e quase toda a parte turística pode ser feita à pé. Assim como várias outras cidades da Bolívia, o marco principal é a Praça 25 de Maio (‘Plaza 25 de Mayo’). Ao redor dela estão várias atrações e restaurantes, como a Catedral Metropolitana, alguns museus e a Casa da Liberdade (‘Casa de la Libertad”). É uma cidade agradável para passear, explorar as ruazinhas do centro e entrar nas diversas igrejas, galerias de arte e museus. São vários cantinhos que remontam a um povoado na época colonial.
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É interessante também conhecer o mercado municipal e observar a rotina dos habitantes. Em boa parte da Bolívia, fazer compras em um supermercado é um luxo, seja por não existirem muitos estabelecimentos assim seja pela falta de costume. Particularmente, eu adoro ir a feiras e observar os produtos que são oferecidos, a mistura das cores das frutas e legumes, as ervas e as peculiaridades locais.
Se você pensa em fazer um intercâmbio para estudar espanhol, Sucre é a cidade boliviana ideal para isso! São várias escolas de idiomas, inclusive algumas possuem pacotes com acomodação incluída. É comum ver estrangeiros, especialmente europeus, tomando uma cerveja e fazendo suas tarefas de espanhol na Recoleta ao pôr-do-sol. Aliás, assistir ao pôr-do-sol na Recoleta é um programa que recomendo fortemente, fomos todos os dias! Ali há um restaurante gostosinho e é uma delícia sentar em uma das mesas e assistir ao pôr-do-sol saboreando um vinho. Como logo que anoitece a temperatura cai rapidamente, é bom ter um casaquinho.
Sucre possui vários museus e em seu hotel/hostel é possível obter um mapa com uma lista de todos os museus da cidade. Para mim, os imprescindíveis são o Museu do Tesouro (‘Museo del Tesoro’), o Museu de Arte Indígena ASUR e a Casa da Liberdade. Alguns museus possuem entrada gratuita, em outros é necessário comprar o ingresso, que custa entre 10 e 25 bolivianos (entre US$ 1,45 e 3,70). Há valores diferentes para bolivianos e estrangeiros, mas estrangeiros residentes na Bolívia pagam o mesmo valor que nacionais.
Outro ponto interessante a visitar é o Parque Cretácico. Quando ouvi falar nele, imaginava que seria um programa para crianças, mas ao pesquisar um pouco percebi que estava enganada. Além das réplicas de dinossauros em tamanho real, a parte mais interessante é visitar as pegadas dos dinossauros. Há milhares de pegadas da era Cretácica Superior nessa região.
O parque está afastado do centro histórico, mas há um ônibus (DinoBus) que sai diariamente da praça principal em alguns horários. Como as pegadas estão dentro da zona de trabalho de uma cimenteira, só é possível realizar a visita em dois horários: 12 e 13 horas. Além disso, pela iluminação causada pela posição do sol, esse é o melhor horário para a visualizar as pegadas no paredão de mais de cem metros de altura. Para chegar ao parque a tempo de passear entre as esculturas e realizar a visita guiada às pegadas, recomenda-se pegar o ônibus das 11 horas. Crianças menores de dez anos não podem ir e é necessário estar com sapatos planos e fechados, pois tem que descer bastante (e depois subir, a pior parte…).
Onde comer em Sucre
Algumas recomendações de onde comer são os restaurantes La Taverne, Cosmo Café e Café Mirador. Recebi indicações para comer as melhores salteñas (uma espécie de pastel de forno típico da região) no El Patio, um lugar muito frequentado pelos locais.
Sucre também é a capital do chocolate boliviano. Os chocolates mais famosos da Bolívia são produzidos em Sucre e há diversas lojas, especialmente das marcas Para Tí e Taboada, para degustá-los ou para esquentar-se com um delicioso chocolate quente.