Uma carioca nas Maldivas.
Nunca na minha vida eu poderia imaginar que um dia viria para as as Ilhas Maldivas,
muito menos morar aqui.
Minha vida de imigrante começou muito cedo, quando eu tinha apenas 12 anos de idade. Eu e meus pais embarcamos em um avião pela primeira vez com destino a Portugal.
Passei um total de seis anos por terras lusitanas. Depois disso, voltei ao Brasil sozinha e fiz um curso de comissária de bordo, virei tripulante de navios de cruzeiro e também fui Au Pair na Holanda e Bélgica (isso é um resumão).
No último ano, estive em Portugal tentando a vida, mas não estava muito contente, e há exatos quatro meses, achei um anúncio de emprego no Facebook. Só que não era uma postagem qualquer, era uma oferta de trabalho de babá nas Maldivas.
Sinceramente, eu pensei que não iriam me responder tão cedo, mas ao fim de cinco dias, eu me vi fazendo entrevista por Skype com a família, e logo após recebi um feedback super positivo.
Na véspera de Halloween desse ano, eu fiz três vôos mega cansativos (Paris-Dubai-Colombo-Malé) pra chegar no paraíso. Minha ficha só começou a cair quando eu cheguei em Dubai. Não dava pra crer que algumas horas antes eu estava no frio e agora suando.
Eu moro em Thulusdhoo, uma ilha de locais, cerca de meia hora (com speed boat, mas a
opção mais barata e com menos horários é o ferry) da capital Malé. É uma ilha pequena que viu sua população crescer bruscamente depois do tsunami de 2004 que atingiu drasticamente o arquipélago de Rinbadhoo, fazendo com que mais da metade dos sobreviventes se mudassem para Thulusdhoo. Estima-se que cerca de 1500 pessoas habitem o local, incluindo os estrangeiros.
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Thulusdhoo tem atividades diversas como a pesca, turismo e uma das atrações principais é a fábrica da Coca-Cola, criada nos anos 80, que por sinal é a única no mundo que usa água do mar dessalinizada (por essa razão, minha nova casa é apelidada carinhosamente de Coke’s), assim como a praia mais famosa da área e a única que permite os banhistas usarem bikini e sunga. A outra praia só permite entrar de roupa. Todo mundo é bem vindo desde que respeite as regras. Eu já vi locais na Coke’s bikini beach (com roupa da cabeça aos pés) e eu mesma já fui várias vezes na praia dos locais.
Eu recomendo esse pedacinho do céu para aqueles procurando sossego e surf e não somente lua-de-mel. Essa história de roteiro exclusivo para casais está ficando fora de moda. Eu trabalho para um casal dono de uma escola de surf, o Vakaru Surf, e sempre vejo grupos de amigos, famílias e viajantes solo por aqui.
A ilha dispõe de mercados, lojinhas, hospital, escola, farmácia e aceita-se dólar, rufiyaa e em alguns estabelecimentos, euro.
Lembrando que álcool é um assunto limitado. Nos resorts, você bebe o dia todo se quiser, mas aqui a opção mais próxima é um bar flutuante. Mas se preparem, pois uma cerveja custa $5, mais a grana pra você chegar até o bar, ou seja, sua primeira cerveja custará $15.
É exatamente por isso que nos últimos dois meses antes de vir, eu fui para Bruxelas e fiz
Couchsurfing na casa de alguns amigos queridos e festejei quase todo os dias. Agora parece que estou me desintoxicando, mas é mais que isso, estou aprendendo a me divertir sem álcool. Se você não for para água surfar, fazer snorkel ou mergulho, você corre grande risco de se entediar.
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Meu colega de casa comentou esses dias – “Você não precisa de álcool pra se divertir, mas é como numa maratona, você também não precisa de tênis de corrida, mas ajuda muito”.
Brincadeiras à parte, essa é a primeira vez que venho para Ásia e tenho contato com a cultura muçulmana. Uma das primeiras perguntas que fiz assim que cheguei foi –“Não tem papel higiênico na casa?” E meus caros, os locais não usam papel higiênico. É tudo na base da mangueirinha, mais ainda bem que tem à venda.
Outra coisa é o fato de não poder andar calçado em casa. Eu nunca tive esse hábito de andar descalça pela casa, mas já estou me habituando a sentir areia nos pés toda hora.
O mesmo vale para os cães, eles são considerados sujos e o único lugar que você verá um cão será no aeroporto para controle de drogas. E muita gente só toca neles com luvas.
Por enquanto percebi que os locais são amigáveis, só não estranha se eles não não disserem “obrigado”, “olá”e “por favor”.
O menor país da Ásia seguiu o budismo durante aproximadamente 500 anos, até que no
século XII se converteu ao Islamismo. Em Thulusdhoo há duas Mesquistas, e todos os dias
podemos escutar as orações (nesse momento todo aparelho de som/TV deve ser desligado), através de alto-falantes espalhados. Elas acontecem cinco vezes ao dia, nas sextas são feitas seis orações, e quando alguém da ilha falece, é feita uma oração à parte.
Apesar de ter começado esse artigo com uma palavra que eu mal uso no meu dia-a-dia, nunca diga nunca!
Tenho um contrato de seis meses a cumprir, mas a meta é dobrar esse tempo. O lado bom do meu trampo é que eu sou encarregada pela felicidade de uma criança, então você pode me encontrar por aqui na praia construindo castelos de areia ou andando de bike
com Jorge Ben no volume máximo!!!
7 Comments
Camilaaaaa! Que demais essa experiência que tu tá vivendo! UAU! Também escrevo pro BPM e hoje moro em Berlim, mas sempre que posso fujo pra alguma praia! Hehehe Em março vou conhecer esse teu cantinho paradisíaco e maravilhoso!!! Tô ansiosa e empolgada que nem sei! Ameiii teu texto e as curiosidades todas! Vou ficar em Himmafushi, algumas dicas por lá? Vamos pelo surf e pela natureza, óbvioooo! Toda dica será muito bem vinda!!! Siga nessa aventura linda que é a vida e muitas alegrias na tua jornada! Um beijão Mah
Oi Marcela! FIco tão contente com teu comentário. É um prazer saber que você curtiu. Ainda não conheço Himafushi, mas pretendo ir em breve e se valer a pena faço um post sobre lá. Se vier a Thulusdhoo, me avisa porque é bem pertinho. Um beijo e um ano lindo para nós 🙂 😉
Oi Camila. Tambem fui au pair nos Eua e Dinamatca. Pode me dizer o site ou Grupo que achou seu emprego? Fui recentemente para as ilhas mauricias e me apaixonei. Queria muito morar em um lugar mais quanto e exotico por um tempo. Abracos
OI LAila. Obrigada pelo comentário. Eu pesquisei as Palavras babysitting e o pais no Facebook e fui redirecionada para alguns grupos, como o “job offer Maldives”.
Oi Camilla!! Que bacana seu relato!! Altas aventuras pelo mundo 🙂
Estou pesquisando sobre ir para as Maldivas em janeiro com baixo custo e acabei encontrando Thulusdhoo como opção, até porque minha mulher surfa, então achei legal esta opção.
Não ficaremos muito, uns 4 dias.
Há pranchas para ela alugar e poder surfar por ai?
Outra coisa, é facil o deslocamento entre as ilhas? se rolar, gostariamos de conhecer mais alguma…
Valeu!! Abs.
Olá Hugo,
A Camilla Nobre, infelizmente, parou de colaborar conosco.
Obrigada,
Edição BPM
Oi! Sou a autora do artigo.
Se alguem quiser entrar em contato, me encontra no IG @camis.nobre