O voluntariado na vida dos expatriados: ajudando os outros, você se ajuda.
No meu trabalho com expatriados, vejo muitas vezes que o maior desafio está em se sentir “em casa” no novo país. Há sempre aquela ideia de “lá e cá”, uma saudade sem fim de pessoas, coisas e hábitos que não estão mais ao alcance da mão, uma sensação de falta de pertencimento.
Realmente essa fase inicial de integração não é das mais fáceis e o seu tempo de duração pode acabar influenciando até mesmo no sucesso da mudança ou na decisão de retornar.
Eu vejo repetidas vezes que há um elemento extremamente positivo que ajuda a acelerar esse período de transição – o voluntariado.
Ajudando os outros, você se ajuda
Efetivamente, uma das formas mais rápidas de se integrar em uma nova comunidade é através das atividades voluntárias, que parecem trazer benefícios para todos os envolvidos: o assistido, claro, mas também para a associação ou entidade e para a própria pessoa que se voluntaria a fazer algo.
Se olharmos mais de perto no ato de se voluntariar por alguma coisa – ou melhor dizendo, por alguma causa – vemos de imediato a noção da oferta de tempo, o que vai muito além de uma simples doação de objetos materiais ou de dinheiro.
Hoje em dia, um dos bens mais escassos que existe é o tempo e, mais ainda, a atenção. Sim, porque eu posso estar presente em algum lugar (tempo), mas pensando em algo completamente exterior (atenção).
Estar realmente presente em uma ação, plenamente consciente do que estou fazendo, atenta a cada etapa, é uma escolha que precisa ser muito valorizada, pois significa que todas as outras coisas, ao menos naquele momento, passam então a um segundo plano.
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Quando esse tempo e essa atenção são direcionados a uma atividade de voluntariado, os efeitos positivos retornam ao voluntário de forma imediata.
As pessoas relatam se sentirem úteis, produtivas, retornando ao mundo um agradecimento por existirem. Talvez você já tenha ouvido a frase “ajudando os outros, você se ajuda.” Pois é bem por aí.
Além desse quase imediato senso de “dever cumprido” e de utilidade, ao se colocar como voluntária em uma atividade, você pode aprender novas habilidades e descobrir novos interesses. No caso dos expatriados, o voluntariado abre realmente muitas portas.
Antes de mais nada, você faz contatos. Começa a conhecer pessoas que pertencem a universos diferentes, o que acelera em muito o networking.
E, por falar em networking, muitos desses contatos podem ser úteis para a carreira, sobretudo quando o trabalho voluntário é realizado dentro da própria área (eu, por exemplo, sou coach executiva voluntária em duas associações francesas ligadas ao mundo do empreendedorismo).
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Aos poucos esses contatos vão se tornando verdadeiras conexões, pois os laços vão se estreitando. Até contra a depressão isso ajuda, pois também leva ao movimento, o que é muito importante nos casos de depressão ou de solidão. Nesse momento você também acelera o aprendizado dos usos e costumes locais, dos hábitos da cidade, dos relacionamentos, do modo de ser da região.
Até para quem é mais tímida, essa é uma oportunidade de se desafiar e aprender um novo jeito de ser, pois dificilmente o trabalho voluntário é solitário. Você precisa interagir com outros e os outros precisam realmente de você.
Há vários tipos de engajamento em um voluntariado, em termos de tempo de dedicação ou de esforço. Antes de mais nada, é importante entender sobre sua própria disponibilidade e interesses pessoais.
Com qual tipo de tema você mais se identifica? Com qual tipo de público assistido você ficaria mais confortável? Prefere se relacionar com pessoas mais jovens ou mais idosas? Quanto tempo você teria disponível por mês para tal ação?
É importante definir um pouco esses pré-requisitos pessoais para que a atividade seja prazerosa para você. Tendo isso feito, procure pela relação de trabalhos voluntários em seu país, provavelmente existe uma na internet.
Aqui na França, por exemplo, o site France Bénévolat reúne associações, voluntários e parceiros em torno do tema.
Adoraria saber como é a sua experiência com projetos de voluntariado no país onde mora e qual foi o efeito em sua integração. Compartilhe-a conosco!