Como é estudar Arte em Budapeste.
Desde muito pequena eu estudei inglês com o objetivo de um dia poder deixar o Brasil. Sempre fui muito curiosa e cheia de vontade de sair por aí e testar o diferente. Viajar pelo mundo era o que eu mais queria. Contudo, essa minha vontade só foi possível quando entrei para a universidade.
Estudo arquitetura e urbanismo na Universidade Federal da Fronteira Sul, em Erechim – RS. Lá fiquei sabendo do Ciência sem Fronteiras, que pra quem não sabe, é um programa do governo federal em parceria com a CAPES, onde são financiadas bolsas de estudos para estudantes brasileiros nas melhores universidades do mundo.
Para participar era necessário preencher alguns requisitos, que, ainda bem, não foram problema para mim. Reuni as informações necessárias, me inscrevi para os testes de proficiência em inglês (a maioria dos países com dialeto próprio aceitam inglês), e me candidatei à uma bolsa. Os testes de proficiência podem ser feitos durante o processo seletivo, desde que o resultado chegue à tempo de ser enviado no prazo, dessa forma surgiu o primeiro motivo por ter escolhido a Hungria:
Prestei TOEFL IBT e TOEFL ITP, sendo que os resultados do primeiro demorariam muito para chegar, e a Hungria estava entre os poucos países que aceitariam a nota do TOEFL ITP.
Comecei a pesquisar mais sobre o país para ter certeza. Eu estava desenvolvendo trabalhos na área de patrimônio histórico dentro da universidade, e por ser um país com forte presença histórica, eu poderia continuar em contato com esse ramo da arquitetura. Devido à localização da Hungria, Europa central, imaginei que fosse ainda mais fácil viajar para alguns lugares que eu sempre quis conhecer. Outra razão foi o custobenefício de se morar aqui; com a quantia que ganhamos de bolsa e o quanto gastamos para morar, é fácil conseguir viajar sem ter que recorrer à patrocínio familiar.
Confesso também que tenho aquela vontade de ser diferente, sabe? Fazer o que ninguém está acostumado a fazer? Então! Hungria seria o meu destino “exótico”. A maioria das pessoas com quem conversei não sabiam onde ficava ou que idioma era falado. Tocando no assunto, outro fator importante foi o idioma. Como Chico Buarque fala em seu livro: “única língua do mundo que, segundo as más línguas, o diabo respeita”. E tenho que concordar. Demorei pelo menos um mês para me acostumar a ver o húngaro nas ruas, entender que é um idioma real, que as pessoas o falam e que para elas faz sentido. Fiquei louca para aprender!
Enfim, quando os resultados do CSF saíram, veio a boa notícia: Eu, meu namorado e uma amiga viríamos morar juntos em Budapest. Eu e meu namorado optamos por estudar na Universidade Húngara de Belas Artes, que em húngaro seria Magyar Képzőművészeti Egyetem (até hoje tenho que googlar para escrever o nome).
Em 2014 a Fine Arts, como preferimos chamar, abriu vagas para estudantes de arquitetura e design no curso de Creativity. Não estudamos uma coisa específica como os outros estudantes que fazem ou escultura, pintura ou desenho, e por aí vai. Nós, intercambistas, temos uma mistura de aulas teóricas com práticas que vira um pouco de cada matéria. No momento faço disciplinas de Tipografia, Arquitetura no Século XX e Escultura. A universidade também nos oferece uma disciplina de idioma húngaro, para nos familiarizarmos e entendermos algumas coisas que podem ser úteis.
Quase todo mundo fala inglês, mas claro, sempre poderá haver a necessidade de usar a língua local. Já dou graças à essa disciplina por não ter comprado sal no lugar de açúcar e por ter conseguido pedir meu café para a “tia” da cantina.
Dentro da universidade os professores, técnicos e monitores são muito compreensivos com as nossas condições de estudantes estrangeiros. Eles sempre marcam atividades culturais para nos entrosarmos e nos acompanham sempre que precisamos de ajuda.
A minha rotina aqui é muito mais calma do que a que eu tinha no Brasil. Tenho aulas em 3 manhãs e uma tarde durante toda a semana. A disciplina que mais nos exige é a de Escultura, que requer um tempo maior dentro do estúdio, ainda não chegando a ser maçante. As atividades em estúdio são bem livres: enquanto melecamos as mãos na argila podemos conversar, ouvir música e trabalhar conforme o nosso ritmo e gosto.
Fora de sala de aula tenho muito tempo livre. Aproveito para desbravar a cidade, conhecer ou revisitar lugares dos quais gostei, e, mesmo que haja algumas atividades de finais de semana promovidas pela universidade, nenhuma é obrigatória, então ainda conseguimos fazer pequenas viagens pelos países mais próximos.
Para terminar só tenho que dizer que estou muito feliz pela minha escolha e cada vez amando mais esse país. Dentro de um ano terei que voltar ao Brasil para terminar minha faculdade, mas agora que eu sei que é possível chegar até aqui, quem sabe eu me forme e volte para me apaixonar pela Hungria por mais alguns anos.
13 Comments
Sdds.
Oi Mariana, adorei seu post! Primeiro porque pretendo começar faculdade de Design de Moda ano que vem e sempre fico de olho nas notícias do Ciência sem Fronteiras, mas sempre que vejo, só oferecem bolsas para estudantes de exatas e etc, então é bom saber que eles abriram espaço para as disciplinas ligadas às Artes. Espero um dia conhecer todos esses lugares. E parabéns pela bolsa!
Olá, Marina!
Muito obrigada! E que bom que você gostou do post! Até onde vai meu conhecimento, não existiam bolsas para estudantes de moda (ou artes “livres”) no Ciência sem Fronteiras, porém, tenho um colega dessa área aqui na Hungria. Acredito que essas bolsas começaram a ser liberadas no meu edital. Boa sorte com a faculdade e com os próximos editais! Espero que você possa desfrutar logo dessa oportunidade!
Gostei muito do seu Post. Estou com saudades. Grande beijo
Desde muito pequenas nós tuas amigas tinhamos a certeza de que você gostava do novo, descobrir novos horizontes sempre foi a tua “praia”. Todas estamos morrendo de saudades e queremos presentes haha. Aproveita amiga, tudo o que você está vivendo é mérito teu.
Parabéns Mariana ( vizinha hehe) Sucesso nesta etapa de sua vida que Deus lhe abençoe e tenha muito sucesso nos estudos. Que trilhe o melhor caminho de sua vida, conhecendo e aprendendo cada vez mais oque você gosta de fazer. abraços da Família Rudi Müller.
Mariana, estava lendo o seu post e imaginando o quanto deve estar sendo importante essa viagem a você, nossa como é bom se aventurar, que você tenha sucesso em todas as suas escolhas e seja muito feliz. Parabéns e aproveite todos os momentos!
Parabéns à minha linda sobrinha por sua dedicação! Que possas tirar bom proveito de tudo aí e voltar para o Brasil animada para continuar esse curso interessante que vc escolheu. Beijinhos!
Fiquei feliz e orgulhosa por vc querida. Vc merece tdo de melhor…bom saber que aquela “menininha picurucha” que carreguei muitoooooo no colo, hj tá descobrindo o mundo e conhecendo o diferente.
Parabéns e aproveita o máximo, que isso seja só o começo de muitas conquistas que vc terá.
Bjão 😀
Olá Mariana
Cheguei há dias a Budapeste para estudar e ainda não tenho onde morar.
Somos dois portugueses que viemos para a Corvinus e precisamos de uma apartamento com dois quartos.Podes ajudar-me?
Olá Rita!
Desculpe a demora da resposta, mas estive viajando por esses dias.
Já conseguistes lugar para ficar? Algum lugar temporário?
Posso lhe indicar algumas imobiliárias e passar os contatos. Se tiveres intenção de dividir apartamento com mais pessoas, posso perguntar entre meus colegas por alguns quartos que estão vagando.
Se puderes entrar em contato comigo através do facebook, twitter ou e-mail, ajudarei no que puder.
meu e-mail é mariana.bortolini@hotmail.com e minha conta do twitter está logada aqui.
Oi Mariana,
Estou me inscrevendo nesse edital para a Hungria e ainda tenho algumas dúvidas em relação às Universidades. Podes me falar um pouquinho mais das tuas matérias? Fiquei curiosa sobre a Fine Arts depois de ler teu post, é realmente mais voltado pro lado artístico? Também participo de trabalhos na área de patrimônio histórico e ia adorar estudar em uma universidade que tivesse algum enfoque nessa área. Sabes algumas outras informações sobre as outras universidades? Eu tava pensando em BME ou Corvinus. Se puderes me tirar essas dúvidas, fico super grata!
Oiee, Mariana, valeu o post, ajudou demais! Tbm sou estudante de arquitetura e tenho vontade de participar do “Ciência”. Estou dividida e indecisa na escolha do país, o primeiro passo de tudo. Poderias fazer, se for possível, um resumo do estilo da cidade: a maior qualidade e defeito, …;se alguma das matérias que estás cursando vais poder creditar e se podes mandar umas fotos dos pontos mais característicos da cidade. Se não responderes vou entender a falta de tempo, deves ta curtindo muuito, te joga na viagem! Grata desde ja 🙂