Como faço para ir à Argentina?
Surpreendentemente já tem mais de um ano que estamos em quarentena em decorrência da pandemia da Covid-19. Como as regras por aqui têm mudado semana a semana, todos os dias recebo bastante perguntas sobre como chegar na Argentina. Por isso resolvi esclarecer, aqui, algumas delas.
Fronteiras
A fim de evitar mais contágios, as fronteiras foram fechadas dia 25 de dezembro e permanecerão assim até o dia 12 de março de 2021.
Estrangeiros só poderão entrar no país através do aeroporto de Ezeiza ou pelo terminal de Buquebus se tiverem algum motivo, como: reunificação familiar*, trabalho, saúde ou causa humanitária. Como estudar, infelizmente, não está entre eles, quem deseja cursar uma faculdade aqui, neste momento, deve esperar.
*Familiar com nacionalidade argentina direto: pai, mãe, irmão, filho, cônjuge.
No entanto, se o seu motivo para viajar for um dos permitidos, é só solicitar a entrada preenchendo um formulário (está em espanhol), apresentar um exame PCR para Covid-19 negativo feito não mais de 72h antes do embarque e cumprir uma quarentena de sete dias quando chegar por aqui.
Migraciones
Por enquanto, todos os pedidos de residência temporária ou permanente estão em “stand by”. Inegavelmente esta é uma situação nova para todos, e saber como enfrentá-la está levando mais tempo do que se imaginava.
Não há motivo para se preocupar. Se está nos seus planos se mudar para cá, é só ter um pouco mais de paciência. Certamente uma hora isso termina e os trâmites voltarão a funcionar.
Para os que já estão em solo argentino, criaram a possibilidade de tramitar à distância. Toda a informação você pode ver aqui.
Trabalhar
Como disse anteriormente, quem deve ir à Argentina por trabalho conseguirá ingressar no país se cumprir com os requisitos mencionados acima. E uma vez que estiver aqui poderá tramitar a residência de maneira online. Decerto será um pouco mais trabalhoso que o habitual, porém nada que com calma não se resolva.
Estudar
Infelizmente um dos setores mais afetados por toda esta situação, sem dúvida, foi o da educação. Inesperadamente escolas e universidades tiveram que, em pouco tempo, encontrar uma maneira de continuar o trabalho sem os encontros presenciais.
Embora aulas online não fossem novidade, ter que, do dia para a noite, reinventar toda uma carreira à distância não foi fácil. E não está sendo fácil. Ainda não há um modelo definitivo adotado por todas as instituições.
Uma coisa é dar uma aula teórica pelo computador, outra é uma aula de química experimental, por exemplo. Neste caso, como fazer?
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Ainda não há resposta para todas essas perguntas. Então, meu único conselho aos que me perguntam “como faço para ir estudar aí?” ou “posso me inscrever e estudar daqui?” é acompanhar com bastante atenção as novidades do lugar onde você quer estudar.
Aqui em Corrientes, por exemplo, temos a UNNE (Universidad Nacional del Nordeste). Embora seja uma universidade e muitos cursos estejam agrupados em faculdades, cada professor, junto com membros do seu departamento, estão decidindo, de maneira independente, como dar as aulas. Ou seja, o curso de Física, por exemplo, é quase 100% virtual, já o de Química não.
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Portanto, para saber o que fazer primeiro, saiba qual carreira você quer cursar; em segundo, onde; e em terceiro, como estão organizando as matérias. Para isso, seu espanhol terá que estar bem afiado. Outra sugestão é acompanhar as redes sociais, que dia a dia vão subindo as últimas novidades.
Por outro lado, quem pensa em fazer um doutorado, entraria na categoria trabalho. Sendo assim, tramitar a vinda e a residência seria possível neste momento. Provavelmente seja difícil conseguir uma bolsa, pois todo o dinheiro que o governo (não) tem, acredito que está sendo derivado ao plano de vacinação e aos incentivos às empresas.
Economia
Além das perguntas sobre faculdade, recebo muitas “quero trabalhar aí, como está a situação?” Como disse no meu texto anterior, embora tenha ótimos profissionais, a Argentina parece que vive em crise, mesmo quando os outros países estão bem. Então, imagina agora que todos estão em crise? Óbvio que por aqui estamos também.
No entanto, como crise não é novidade e muito menos motivo de preocupação, a vida continua como se nada estivesse acontecendo. Se reclama um pouco mais, se briga e xinga um pouco mais, mas se continua deayunando café con leche y medialunas, perguntado se a morte do Maradona poderia ter sido evitada e fazendo asado aos domingos.
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É certo que empresas fecharam e pessoas perderam emprego. Porém, também é certo que o governo, a cada momento, cria programas sociais, como “preços cuidados”, “auxílio para pagar salários” e “aluguéis congelados”. Assim, todos continuam vivendo no modo “tranqui” (tranquilo), que é bastante comum por aqui.
Vamos dizer que a Argentina, apesar de ser um país de muitas oportunidades (na minha visão falta de um tudo por aqui), é ao mesmo tempo um país onde vir empreender pode não ser uma boa ideia. Burocracia, dificuldade em conseguir mão de obra e um mercado não muito receptivo a novidades podem te desanimar a viver essa aventura.
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