Mudei para a Suécia, com meu marido e meu filho de 9 anos, no dia 31 de Janeiro de 2014. Desde então tirei um peso enorme das minhas costas. Deixei todo o estresse e a loucura de uma vida de cidade grande para traz. Levo uma vida muito mais zen por aqui.
No Rio de Janeiro, eu vivia na correria, um quarto da minha vida eu passava no trânsito, em filas e no telefone. Aqui, não tem trânsito, praticamente não tem fila e tudo burocrático que eu preciso resolver, como pagamento de contas, agendar médico, falar com professor, renovar documentos, pode feito rapidamente pela internet. Todos os e-mails que mando para qualquer lugar, são respondidos em menos de 48 horas. Com todas essas facilidades, sobra muito mais tempo para curtir as coisas simples da vida como a neve e as folhas do outono caindo, as flores se abrindo e as frutas crescendo na floresta.
Levo meu filho para a escola de bicicleta, e quando estamos no caminho, observo muitos pais e mães passeando calmamente com seus filhos. As crianças param na rua, brincam com a folhas no chão, observam as flores, pulam nas poças. Tudo com a maior calma. Como se o tempo tivesse parado, como se não estivessem indo a lugar algum. Vejo também muitas crianças indo e voltando para a escola sozinhas. Crianças pequenas também! Isso é outro grande ponto positivo de se morar aqui. Quando tenho alguma reunião ou compromisso e não posso buscar meu filho, ele volta da escola sozinho, pedalando os 4,2km até em casa. Não tem perigo de assalto, sequestro ou de alguém o atropelar. Os motoristas são muito cuidadosos.
Em contra partida, aqui não posso contar com a ajuda de “ninguém”. Na Suécia não tem babá, passadeira, faxineira, empregada, motorista, transporte escolar, transporte pra natação. E no meu caso, nem vovó e nem titia! Só posso contar comigo mesma e com meu marido. E dou graças a Deus pelas amizades que fiz aqui e que me ajudam muito.
Quando tenho alguma urgência de uma reunião de trabalho no mesmo horário do meu marido ou coisa assim, meus amigos ajudam tomando conta do meu filho.
Na verdade, eu me identifico bastante com o estilo de vida sueco. Sempre criei meu filho sem frescuras. Ele já foi várias vezes para a escola com blusa sem passar e com manchas na camisa que não consegui tirar. E ele brincou e aprendeu como qualquer outra criança. No Brasil, uma mãe assim é vista como desleixada, aqui é normal, ninguém liga para essas pequenas coisas. As crianças chegam na escola com a bota e a roupa de brincar sujas do dia anterior. Porque não? A roupa é só pra brincar no pátio. Dentro da sala de aula elas estão limpas e confortáveis.
Também concordo com a lei da palmada, que aqui é super rígida. Não se pode agredir criança, nem física e nem verbalmente. Nunca batemos no nosso filho, nem o agredimos ou colocamos de castigo. Usamos o método conversa, atenção e o ensinamos sobre as consequências de seu atos, bons ou ruins.
Concordo com a igualdade de sexos. Aqui pai e mãe tem direitos e deveres iguais. Ambos fazem serviços domésticos e cuidam dos filhos da mesma forma. Todo dia vemos na rua grupos de pais (pais mesmo, homens) com seu carrinhos de bebês. Cena linda de se ver. Isso porque papais e mamães tem direito a 14 meses de licença maternidade/paternidade para serem divididos como quiserem entre eles.
Também sou a favor do sistema de saúde sueco, que valoriza o parto normal e a amamentação. Sou a favor da medicação só em caso de necessidade. Remédio para gripe é agua, nada de antibióticos para qualquer dor de garganta.
Aqui o governo “controla” o desenvolvimento da criança. Recebo cartas em casa, com consultas já marcadas pelo próprio governo, de dentista e pediatra para meu filho. No médico e dentista, preciso relatar tudo o que meu filho come e levo bronca caso dou doce demais para ele. Aqui, qualquer açúcar, inclusive de sucos de caixinha, só aos sábados ou domingos.
Nas escola, o método de ensino é bem diferente do Brasil. Cada criança vai fazendo seu livro no próprio ritmo. As crianças são incentivadas a serem independentes. Como não há prova, a criança vai avançar de livro ou de série de acordo com o seu desenvolvimento, então como mãe, preciso cobrar em casa, porque a escola deixa a criança livre. Não tem cobrança e nem pressão. O importante é aprender brincando.
Também aprovo criança brincando do lado de fora na chuva ou na neve. Aqui, na escola, não importa quantos graus esteja do lado de fora, criança tem que brincar ao ar livre todos os dias.
É claro que tudo isso é uma questão de opinião. Eu me adaptei super bem e concordo com a maioria das coisas que vejo e vivencio. Facilita o fato de meu marido ser brasileiro também, não há choque cultural dentro de casa.
Observo a tudo a todos tentando entender e aprender com os suecos. Adoro o jeito tranquilo que eles levam a vida.
O importante aqui é ser feliz, é estar com a família e aproveitar cada raio do raro e amado sol, quando ele aparece!
9 Comments
Adorei o post !
Moro na visinha, Noruega, e é muito parecido e por isso tudo que adoro morar aqui ! Bjs.
Concordo com tudo bjs
Apos 30 anos vou rever minha grande amiga sueca, na Italia. E gostaria de levar um presente para ela, mas queria uma dica. Pensei em toalha bordada , com cripier, pensei em cafe? o que temos aqui no brasil que ela poderia se encantar? ia levar ovo de pascoa para o filho e dai, felizmente descobri que a familia toda é adepta do Raw food. Me ajude por favor,
Já aprovo todo esse estilo. A segurança, liberdade e forma mais leve de levar a vida é o que mais me inspira estar de mudança pra Suécia.
estou fazendo um trabalho com minha filha e preciso saber, quais os alimentos mais consumidos pelas crianças da suécia?
Olá Juciane,
A Elaine Dali parou de colaborar conosco, mas temos outras colunistas na Suécia que talvez possam te ajudar.
Você pode entrar em contato com elas deixando um comentário em um dos textos publicados mais recentemente no site.
Obrigada,
Edição BPM
Olá, Elaine! vc teria um e-mail disponível para que eu pudesse entrar em contato com você e tirar algumas dúvidas? Não é nada demais, mas preferiria falar com vc de uma forma mais reservada, já que envolve questões um tanto pessoais. O que acha?
Obrigada desde já!
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Olá Lena,
A Elaine Dali, infelizmente parou de colaborar conosco.
Obrigada,
Edição BPM
Simplesmente amei! Adoraria criar minha filha desse jeito. Sou brasileira mas acho que minha alma é sueca hahahaha. Felicidade para a família!