Quando chega a hora de voltar para o Brasil.
Por quase 10 meses eu passei por esse cenário todos os dias e vi a paisagem mudar do outono, passando pelo inverno, a primavera, até que chegou o tão esperado verão. Vivi momentos intensos, passei a me conhecer melhor, tive que me redescobrir, aprendi muito sobre a vida e sobrevivi! Porém o homem faz planos mas os desígnios vêm de Deus, e chegou nossa hora de partir novamente para um novo desafio!
O Brasil tem muitos defeitos: tem assalto à mão armada, tem furtos de celular, roubos de carro, corrupção, dengue, chikungunya, pessoas mais interessadas em vencer a guerra ideológica de direta x esquerda ao invés de se unirem por um país melhor, tem enchentes, tem catástrofes e por aí vai. Mas também tem festa junina, futebol, pastel, feijoada, brigadeiro, bolo de aipim, “saudade”, carnaval, sertanejo, samba, pagode, caldo de cana, sol, calor, piscina, churrasco, as melhores praias, vitamina D sobrando, um povo muito amável e parceiro, meus amigos de longa data, meus amigos mais recentes, minha família, meu pai, minha mãe, minha irmã, meus sobrinhos, e tudo o que envolve a minha cultura e é a isso que eu pertenço!
Há mais de um ano nós decidimos mudar para a Suécia, resolvemos sair do país pois os negócios do meu marido não iam muito bem e estávamos infelizes com a política brasileira. Foi então que apareceu a oportunidade de trabalhar em Estocolmo (eu conto tudo aqui) e nos mudamos. Foi uma experiência incrível, um momento de redescoberta, eu aprendi muito sobre mim e sobre os outros! Viajei muito, conheci mais de 6 países, comidas novas, danças novas, culturas novas e eu cresci muito como pessoa! Mas a saudade nunca passou.
Apesar de ter me divertido muito, quando eu estava em casa sem fazer nada, a saudade batia muito forte. Era quando eu ligava para os meus pais e queria saber como estavam as coisas do outro lado do oceano e via a minha mãe com lágrimas nos olhos… Isso doía demais. Nós ainda estávamos tentando nos acostumar com a mudança, quando o pai do meu sogro fez uma proposta irrecusável para que meu marido voltasse a trabalhar com ele. Foram meses discutindo e pensando sobre isso, e finalmente decidimos que voltar seria a melhor opção, financeiramente falando. A Suécia é um país que preza muito o bem-estar social, vive-se muito bem lá, mas é quase impossível enriquecer.
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Então começou a nossa saga do retorno: aproveitamos para conhecer todos os lugares que tínhamos vontade, fizemos muitos pic-nics, comemos e bebemos o que tínhamos vontade, visitamos museus, fomos à praia, fizemos free tour e tudo o que tínhamos direito. E em 17 de julho de 2019 nós chegamos de volta ao Brasil de mala e cuia. No começo foi um pouco difícil me adaptar novamente. Ficamos um tempo morando na casa de nossos pais, sem carro, sem lugar para abrir as nossas malas, sem a nossa liberdade… Mas aos poucos tudo foi se ajeitando, já alugamos um apartamento para nós e já compramos um carro.
E depois desta experiência, estando de volta ao Brasil, percebi que meu currículo está sendo melhor avaliado. E agora, após algumas semanas que estou de volta, eu posso dizer com todas as letras: não me arrependi de ter ido para a Suécia e não me arrependi de ter voltado!
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Foi uma vivência surreal que agora está me trazendo muito retorno, além de termos nos tornado pessoas muito mais maduras e cheias de experiência. Valeu a pena todo esforço e sacrifício! Como eu disse, o Brasil tem muitos defeitos mas também tem muitas alegrias e eu pertenço a isso tudo! Eu com certeza aconselho a todos, se tiverem a oportunidade de irem morar em outro país, vão! E o segundo conselho é: não precisa ser pra sempre! O peso da palavra “pra sempre” é muito grande e talvez isso tenha feito toda a diferença na nossa situação.
Esse é o meu último texto para o BPM, espero que tenham gostado dos outros e sigam lendo os artigos das outras colunistas. Foi um prazer dividir minhas aventuras com vocês. Muito obrigada e até breve!
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*Foto: Mohamed Hassan/Pixabay
2 Comments
Estou há 2 anos vivendo em Estocolmo. Concordo com o seu texto. Eu também resolvi voltar. Em novembro próximo estaremos de volta, eu, marido e 3 filhos.
Mas diferente de vc, eu me decepcionei muito, não acho que algo funcione bem aqui e na minha avaliação é um péssimo lugar pra se criar filhos. Sem sombra de dúvidas, a pior decisão que já tomei na minha vida.
Agora falta pouco. Estou ansiosa pela volta.
Desejo toda boa sorte pra vc e sua família!
Entendo perfeitamente! Não a lugar melhor como o nosso lar!