Como validar o diploma de farmacêutico em Portugal.
Quando eu comecei a pensar em validar meu diploma fora do país, me foi informado que existia apenas um método de fazer isso. Depois que me mudei descobri que existe outra forma, mais barata. Vamos falar detalhadamente das duas.
Antes de tudo, eu entrei em contato com a Ordem dos Farmacêuticos em Portugal. Enviei e-mail pedindo informações de como poderia estar inscrita na Ordem, para poder trabalhar, assim como é feito no Brasil, no Conselho Federal de Farmácia. Foi então que me informaram que era preciso ter o meu diploma brasileiro reconhecido por qualquer faculdade portuguesa que tivesse o curso de farmácia e que eu deveria entrar em contato com a faculdade do meu interesse para me informar sobre os requisitos de cada uma.
Eu demorei muito a entender que a maioria dos cursos de farmácia em Portugal são Mestrados Integrados. O ensino superior em Portugal é dividido em 3 ciclos. O 1º ciclo refere-se aos cursos de licenciatura; o 2º ciclo refere-se aos cursos de mestrado; e o 3º ciclo refere-se aos cursos de doutorado, ou doutoramento, como é chamado aqui. Os Mestrados Integrados são cursos onde se faz o 1º e 2º ciclos, ou seja, você sai licenciado e com mestrado.
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1) Pedido direto de validação de diploma estrangeiro
Como eu tenho família no Porto, busquei diretamente a Universidade do Porto, mas indico ainda as Universidades de Lisboa e Coimbra para esse processo. Cada faculdade pede uma lista de documentos para que se inicie o processo. Deixo aqui os links de algumas, caso você tenha interesse:
Para o meu processo tive que reunir os seguintes documentos:
- Diploma de grau de licenciatura (como eu queria equivalência apenas da licenciatura);
- Plano de estudos do curso;
- Certidão dos exames das unidades curriculares do plano curricular, com as respectivas notas expressas em algarismos;
- Certidão dos programas e carga horária das unidades curriculares;
- Documento de identificação;
- Como minha faculdade no Brasil era privada, tive que enviar um comprovativo do registro de criação do curso pelo Ministério da Educação.
Para o item 1) é claro, é preciso que mandar a cópia do diploma. Os itens 2) e 3) foram resolvidos através do envio do ementário de todas as disciplinas do meu curso, que descrevia o conteúdo de cada uma, com carga horárias e programas. O item 4) eu comprovei com meu histórico, onde estavam as notas e período de realização de todas as disciplinas.
Depois de reunir todos os documentos, eles devem ser apostilados em cartório. Para mais informações sobre os apostilamentos acesse o site do CNJ. Lembrando ainda que todos os documentos devem estar na Língua Portuguesa, caso contrário, devem ser traduzidos.
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Enviei meus documentos para meu tio, que mora aqui no Porto, mas é possível que se mande diretamente para a faculdade, basta que você entre em contato por e-mail e veja como pode ser realizado o processo. Quando se dá entrada no processo, é preciso que se pague uma taxa que varia de acordo com a universidade escolhida (no meu caso foram 200 euros).
Em 30 dias a Universidade me mandou uma carta dizendo que eu precisava fazer algumas disciplinas para conseguir a equivalência. Eis que vem a parte difícil. Já conheci muitas pessoas aqui no mesmo processo, o que acontece é que eles dão pouquíssimas equivalências, menos de 50% na maioria dos casos. Só dos 3 primeiros anos de curso, entre 30 disciplinas, eles me pediram para fazer 18. Logo, prepare-se para perder um bom tempo estudando. A parte não tão ruim é que se você terminar os 3 primeiros anos você já é considerado farmacêutico licenciado e já pode trabalhar como ‘técnico’. Se terminar os 5, termina seu curso com diploma e mestrado.
Através desse processo, você deve pagar por disciplinas. Existe uma tabela de emolumentos para cada universidade, mas as disciplinas costumam sair por um preço alto (na Universidade do Porto, em 2018, o valor era de 450 euros por disciplina). Bem caro. E foi quando me mudei pra cá que descobri a segunda forma de validar o diploma.
2) Processo de seleção para estudantes internacionais
As universidade portuguesas, em sua maioria, têm processos seletivos para alunos que querem fazer seu curso superior aqui; elas têm aceitado provas de Enem para esses fins, além de avaliar seu desempenho no Ensino Médio. Então você pode concorrer a essas vagas, e caso passe, pode juntar todos aqueles documentos e pedir equivalência das suas disciplinas, mas nesse caso você se torna um aluno regular, e paga as mensalidades de acordo com a tabela de tarifas da faculdade, o que torna as coisas MUITO mais baratas.
O problema desse processo é que os alunos ordinários têm limites de matérias por ano, e isso pode atrapalhar quem tem um pouco mais de pressa. A verdade é que ainda assim acho que vale a pena, pois dificilmente você dará conta de fazer muitas disciplinas em simultâneo, ainda mais se tiver planos de trabalhar.
Aqui tem os links de alguns processos que ocorreram nesse ano. Vale lembrar que o ano escolar aqui começa em setembro, e esses processos começam a ocorrer por voltar de abril/maio para que se inicie o curso em setembro.
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O processo é trabalhoso. Caso esteja mesmo decidido, prepare-se para perder algum tempo na universidade novamente. Esteja atento aos prazos e prepare os documentos com atenção. Depois é só aproveitar.
13 Comments
Post maravilhoso e muito bem explicado. Parabens Mariana pela sua coragem de se jogar sozinha nas dificuldades da vida. Gostaria muito de conversar com voce em privado. Se puder, me adicione no facebook: Gianna Daniel Dal Toé
Um beijo!
Gostei bastante da informação. Então vale mais a pena eu me matricular e depois pedir equivalencia das disciplinas e depois cursar as que faltam?
Preciso enviar tbm a copia da monografia caso eu resolva reconhecer as habilitações?
Olá Welington,
A Mariana Romanholo, infelizmente parou de colaborar conosco.
Obrigada,
Edição BPM
Mariana, as matérias que são necessárias para atualizar e validar nosso diploma, podem ser feitas a distância, o precisamos morar em Portugal?
Olá Soraia,
A Mariana Romanholo, infelizmente parou de colaborar conosco.
Obrigada,
Edição BPM
Olá Mariana, também me informei este ano sobre a inscrição na Ordem. A questão é que pelo Tratado da Amizade existem profissões cuja inscrição na Ordem é permitida automaticamente, sem a necessidade de realizar equivalência (médico, dentista, farmacêutico, enfermeiro…). O problema é que mesmo havendo essa abertura, no caso da Ordem dos Farmacêuticos, não estão permitindo fazer isso, vai entender. Soube de enfermeiros que simplesmente se inscreveram sem fazer equivalência (devido a essa norma), mas sempre farmacêutico sofre kkkkkk! Então por enquanto acho que não vale a pena fazer, no meu caso, até porque é um investimento alto de tempo de dinheiro.
Roberta estou em mesma situação que voce. So Jesus na nossas Vidas
Olá Elisa,
A Mariana Romanholo, infelizmente parou de colaborar conosco.
Obrigada,
Edição BPM
Gostaria de entrar em contato para entender melhor e-mail potcheca2003@yahoo.com.br André firmino
Olá Andre,
A Mariana Romanholo, infelizmente parou de colaborar conosco.
Obrigada,
Edição BPM
(Olá Mariana, também me informei este ano sobre a inscrição na Ordem. A questão é que pelo Tratado da Amizade existem profissões cuja inscrição na Ordem é permitida automaticamente, sem a necessidade de realizar equivalência (médico, dentista, farmacêutico, enfermeiro…). O problema é que mesmo havendo essa abertura, no caso da Ordem dos Farmacêuticos, não estão permitindo fazer isso, vai entender. Soube de enfermeiros que simplesmente se inscreveram sem fazer equivalência (devido a essa norma), mas sempre farmacêutico sofre kkkkkk! Então por enquanto acho que não vale a pena fazer, no meu caso, até porque é um investimento alto de tempo de dinheiro.).. OLÁ ROBERTA! BOA NOITE, ACABO DE LER O ARTIGO, SOU FARMAÊUTICA RECENTE EM PORTUGAL, E jÁ NÃO SEI MAIS O QUE FAZER SOBRE ISSO! SE JÁ CONSEGUIU, POR FAVOR ME RESPONDE AQUI! OBRIGADA. Meu email é tamigessner@hotmail.com
Bom dia meninas, já estou há um tempo tentando contato com as meninas do BPM e sem sucesso.
Eu pedi que esse post fosse excluído, pois o processo foi alterado e eu não consigo ajudar as pessoas que me procuram.
Agradeço se puderem excluir.
Melhores cumprimentos,
Mariana Romanholo
Olá a todos!
Estou em Portugal há 3 anos. Logo que cheguei aqui, solicitei a equivalencia de diploma farmacêutico em uma universidade, e foi negado. Não me deram opção de fazer disciplinas para complementar.
Pois bem, continuei a estudar o mestrado em biomédicas e enquanto isso fui sondando a melhor forma de fazer a equivalência. As universidades se derem equivalência será da licenciatura, uma vez que os cursos de ciencias farmaceuticas em Portugal são mestrado integrado. Aí que está o “pulo do gato”….peçam equivalência nos Politécnicos que tem apenas licenciatura. É o que irei fazer. Estou só aguardando mais uns documentos do Brasil. Dessa vez vou munida até os dentes rsrs
Pesquisem no site do DGES sobre a equivalência. Quando você entra com seus dados, há as opções de universidade e politécnicos. Pesquisem a grade curricular mais parecida com o curso que fizeram no Brasil. Outra sugestão, se tiverem trabalhado como farmacêuticos no Brasil, solicitem do Conselho Regional um comprovativo das responsabilidades técnicas que já tiveram, isso ajuda pois o estágio que fazem aqui tem mais horas que os das universidades do Brasil, assim pode-se pedir equivalência dessas cadeiras de estágio, com a experiência profissional.
Caso queiram discutir o assunto ou compartilharem as experiências, meu email é fcfpharm@gmail.com