Mudei para Portugal, em março de 2019, grávida de 6 semanas, e venho contar, para vocês, minha experiência durante a gravidez em Portugal!
Sempre tive plano de saúde no Brasil, e aqui vivi minha primeira experiência no sistema público.
Inicialmente precisei identificar o centro de saúde da região que moro e fui até lá.
Como tenho cidadania portuguesa, e número de utente, direcionaram-me para um médico de família (que estava de licença maternidade, logo, acabei sendo atendida por outros médicos durante a gravidez).
Para esclarecer, número de utente é o número utilizado pelo cidadão no sistema público de saúde. Quanto ao médico de família, aqui em Portugal o cidadão tem um médico, clínico geral, que o acompanha durante a vida, em um centro de saúde. Especialistas você só vê quando o médico de família direciona para o hospital.
Em todas as consultas fui atendida, primeiro, por uma enfermeira e depois pelo médico, um clínico geral.
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Se sua gravidez for considerada de risco, pelo que sei o acompanhamento será feito no hospital, por obstetra, o que não foi o meu caso, fui acompanhada no centro de saúde, mesmo, sempre consultada por um enfermeiro e um médico clínico geral.
Outro ponto importante, não há pagamento de consultas e exames na gravidez. Lembrando que aqui em Portugal, público não é de graça como no Brasil, há sempre algum valor a pagar em consultas e exames. São valores baixos, mas há alguma participação, porém, na gravidez, em tese, não há.
Na minha primeira consulta, com 10 semanas, me fizeram um documento de identificação do utente, onde consta meu centro de saúde e a isenção de taxas até o fim da gravidez, por exemplo. Também pediram carteira de vacinação brasileira e fizeram uma ficha vacinal no modelo de Portugal. Além disso, recebi o boletim de saúde da grávida, para acompanhamento da gravidez e três cheques dentista, para consultas gratuitas, em clínicas privadas que aceitem os cheques. Encontrei uma clínica dentária, que aceitava, na própria rua onde moro, não foi difícil, logo, aproveitei o benefício. Por fim, me deram um pedido de exames de sangue, que podem ser feitos gratuitamente em qualquer clínica privada, mediante apresentação desse pedido, e marcaram minha primeira ultra (aqui chamada de ecografia) no hospital público de Viseu (São Teotônio), visto que não há aparelho de ecografia no centro de saúde, nem especialistas.
Fiz os exames de sangue solicitados, também próximo a minha casa, e realizei a primeira ecografia, assim como um exame de sangue que, pelo que me explicaram, complementa a ecografia, com 12 semanas, no hospital de Viseu.
Minha segunda consulta ocorreu com 15 semanas, onde apresentei os exames feitos (sangue e ecografia). Como corria tudo bem, pediram a segunda ecografia, morfológica, estipulando o período a ser realizada (20-22 semanas), marcaram nova consulta e prescreveram complementos vitamínicos. Com essa prescrição, do sistema público, pagamos valores bem acessíveis nas farmácias, pois há apoio do governo.
A ecografia morfológica deveria seguir o mesmo padrão, apresentação de pedido em clínica particular e isenção, porém, em Viseu, nenhuma clínica aceitava, liguei para todas que fazem ecografia, logo, tive que pagar e não foi barato, custou-me 85 euros. Realmente não entendi como as clínicas podem se recusar a fazer gratuitamente, mediante o pedido, mas, para não perder o prazo de realização do exame, tentando entender, optei por pagar.
Bom, segundo ponto negativo. A médica que estava me atendendo, no lugar da minha médica de família que está de licença maternidade, saiu do centro de saúde e me ligaram dizendo que estavam providenciando outro médico para dar prosseguimento ao acompanhamento, que minha consulta agendada não seria realizada até a chegada do substituto.
Diante da demora, já tinham passado duas semanas, mais ou menos, da data agendada para consulta, e um tipo de alergia na pele que me apareceu, fui ao centro de saúde para uma consulta de urgência e para falar, presencialmente, sobre a falta de acompanhamento da gravidez. O médico que me atendeu, na urgência, acabou dando prosseguimento ao acompanhamento da gravidez, viu a ultra, pediu novos exames de sangue, mediu a barriga, escutou coração, os procedimentos de praxe no centro de saúde. Também agendou nova consulta.
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Tive nova consulta com 23 semanas. Sempre com a enfermeira primeiro, que conversa, tira dúvidas, pesa, há análise de urina na hora, entrega de folheto explicando como serão as próximas semanas, verifica pressão, etc. Na consulta com o médico saí com o pedido da terceira ecografia (30-32 semanas), que consegui realizar gratuitamente, no sistema privado, com apresentação do pedido.
Com 26 semanas podemos nos inscrever para o curso de preparação para o parto, no próprio centro de saúde, e foi o que fiz. No decorrer das aulas (práticas e teóricas) entendi que, em Portugal, no sistema público, sempre tentarão o parto normal, até que não haja outra alternativa e, de fato, essa nunca foi minha preferência, por diversos fatores pessoais.
Como não há hospital maternidade privado em Viseu, iniciei consultas particulares no Porto, em hospital privado, paralelamente ao acompanhamento público, de modo a fazer uma cesariana particular agendada.
A consulta privada é bem diferente, é com obstetra, em toda consulta é feita uma ultra e uma cardiotocografia (ultra incluída na consulta e cardio paga à parte), pedem exames de sangue complementares aos que são solicitados no sistema público, etc. Entretanto, o custo da consulta é elevado.
Na consulta seguinte, no sistema público, com 32 semanas, levei a ecografia para o médico e ele pediu novos exames de sangue. Paralelamente apresentava os exames à médica particular, assim como os complementares que ela solicitava e eu fazia de forma particular, também (com custos elevados).
Minha última consulta no centro de saúde foi com 35 semanas e, a partir daí, você é direcionada para o hospital, para acompanhamento com obstetra até o nascimento.
Tive uma consulta no hospital onde conversei com enfermeira e depois fiz exame de streptococo b e cardiotocografia com o obstetra. Estava com 37 semanas. O médico marcou nova consulta com 39 semanas caso não nascesse e, nesse ponto, achei um pouco ruim, pois seriam duas semanas sem acompanhamento no fim da gravidez, quando no particular o acompanhamento, com cardiotocografia, acontece semanalmente até a data agendada para o parto.
Cabe ressaltar que se o tipo sanguíneo da grávida for negativo há procedimento que não realizei, mas sei que há algo a fazer. Além disso, tomei vacina contra tétano, difteria e tosse convulsa na gravidez, ambas as questões são tratadas no sistema público.
Meu bebê nasceu com 38 semanas e 6 dias, por cesárea agendada no privado, logo, não fui à consulta agendada para 39 semanas.
Resumindo…apesar de alguns pontos que o sistema público deixou a desejar, definitivamente a experiência foi melhor que o sistema privado brasileiro, mais precisamente do Rio de Janeiro, onde morava no Brasil.
Caso opte pelo parto normal, que não foi o meu caso, ao meu ver não há qualquer necessidade de acompanhamento privado, pelo menos aqui em Viseu.
Espero ter ajudado as futuras “mamás” e desejo que tenham uma boa e pequenita hora, como falam por aqui!
2 Comments
Oi Nathalia, muito legal seu relato, mas se você puder complementar com os valores seria ótimo e mais informativo, é bom termos noção quando se diz “caro”. Se puder, faça um post falando sobre ia custos particulares. Grande abraço. Obrigada
Muito bom seu conteúdo. Tenho vontade de me mudar para Portugal, espero que seja possível após a pandemia.