Estilo de vida em Portugal.
Se você é brasileira e acompanha as matérias sobre Portugal, acredito que, além dos artigos sobre turismo, tem também acompanhado os de economia, falando sobre viver em Portugal. Acertei?
Recentemente, vi, pela internet, uma matéria publicada no dia 21/04 desse ano, na revista Veja, matéria de Raquel Carneiro, com o seguinte título: “Morar em Portugal: o novo sonho da classe média brasileira – Com segurança, bons serviços públicos e economia em alta, Portugal atrai mais imigrantes brasileiros com boa renda – de universitários a aposentados.” Não li a matéria, pois não assino a revista no formato digital, mas achei interessante o título e quero compartilhar com você meu ponto de vista.
Eu e meu marido viemos para Lisboa há pouco mais de um ano e, vivendo aqui, posso dizer, por experiência, que o título da matéria é condizente com a realidade local. Morávamos em São Paulo, eu advogada, meu marido da área de marketing, e era impossível nos imaginar sem carro, apesar de morar num bairro bem localizado na capital paulista. Em Lisboa, também moramos num bairro bem localizado, mas vivemos sem carro e não sentimos falta, porque o transporte público tem qualidade, são bem conservados e tem muitas opções: auto-carro(ônibus), metrô, bonde, comboio (trem).
É possível fazer um cartão de transporte e carregar com menos de cinquenta euros, com isso você poderá utilizar todos os tipos de transportes públicos disponíveis, quantas vezes quiser, durante trinta dias. Esse cartão não é possível para turista, pois é necessário ter um número de registro próprio de quem vive no país.
Quanto à segurança, sim, é verdade. O índice de criminalidade é muito baixo, chega a ser um dos países mais seguros da Europa. Ainda não me acostumei em ver os portugueses saírem para ir à casa de banho (banheiro), por exemplo, e deixarem nas mesas seus pertences pessoais, até notebooks, quando estão em uma pastelaria (doceria) ou café. Vejo isso no dia a dia, não nas áreas mais turísticas, mas nos bairros mais frequentados por locais. É incrível como deixam tranquilamente seus pertences, voltam e ninguém mexe, muito bacana.
Leia também: tudo que você precisa saber para morar em Portugal
Outro dia, fui ao McDonald’s e deixei o guarda-chuva do meu marido no banco. Fui comprar o lanche e, quando voltei, o guarda-chuva não estava mais lá. Meu coração palpitou, logo pensei: – Essa história de deixar pertences pessoais na mesa não funciona. Pois bem, meu marido, que estava comigo, foi falar com a funcionária sobre o ocorrido e ela disse: – Ah! um consumidor viu, pensou que o dono tivesse esquecido e me entregou para guardar, aqui está seu guarda-chuva! – Ufa, confesso que fiquei meio confusa, sabe?
Antes de vir para Portugal, já conhecia outros países da Europa e sempre achei muito interessante aqueles caixas-eletrônicos nas ruas, literalmente instalados na parede, sem qualquer cabine de proteção. Em Portugal não é diferente, as pessoas sacam ali suas notas de euros sem qualquer medo, naturalmente e a qualquer hora do dia ou da noite. Bom, essa minha percepção tem a ver com os lugares e bairros por onde costumo andar que estão no perímetro urbano da cidade de Lisboa, não nas extremidades, mas, de um modo geral, há segurança no país.
Sair para restaurantes, comer um prato tipicamente lusitano ou internacional não é algo fora do alcance das pessoas, é possível frequentar bons restaurantes, comer bem, sem prejudicar o orçamento. Um casal sem filhos vive, tranquilamente, com mil e quinhentos euros, sim, sem extravagâncias e sem muito luxo, mas é possível morar num bom bairro, fazer as compras básicas de supermercado, incluindo litros de azeite e vinho, pois há muita variedade de preço e qualidade e é possível encontrá-los com qualidade e preço acessível. Os itens de higiene pessoal também tem preços bem acessíveis.
Quanto às roupas e acessórios de grife, já ouvi portugueses falarem que estiveram a passeio, no Brasil, e não compraram nada, pois mesmo sendo em real, moeda mais fraca que o euro, quando eles faziam as contas, o preço, em real, era superior ao valor do equivalente em euros. E é bem verdade, não é à toa que nós brasileiros adoramos fazer viagens internacionais e aproveitar para fazer compras no duty free ou nos países visitados. Mas, saindo do campo das grifes, as roupas, de uma maneira geral, têm qualidade e preços bons, pois há boas lojas de departamento como a Primark, por exemplo. Basta procurar com calma que é possível garimpar ótimas peças, também há a Zara, com preços acessíveis. Os sapatos de qualidade, na minha opinião, são mais caros do que as roupas.
Quanto ao sistema de saúde, confesso que ainda não usei o serviço público, não tenho uma opinião própria formada a respeito, mas, recentemente, eu fiz um seguro-saúde com uma cobertura muito boa: cirurgias, internações em apartamento com direito a acompanhante, hospitais de alto padrão, exames laboratoriais, por menos de cento e cinquenta euros por mês, para um casal.
Bom, quanto ao turismo, Portugal de norte a sul tem muitos encantos. Eu que vivo em Lisboa fico encantada com estabelecimentos que não inflacionam seus preços por serem pontos turísticos. O mesmo acontece na cidade do Porto, em Aveiro e em outras cidades.
Apesar das duas nações falarem o mesmo idioma, a língua portuguesa praticada aqui é bastante diferente da praticada no Brasil. A conduta comportamental, como todo país estrangeiro, também é diferente da nossa pátria, sendo necessário um tempo para adaptação, pois há sempre prós e contras. Quando resolvi morar em Portugal, vim em busca de mais qualidade de vida, no entanto, apesar de pouco mais de um ano em terras lusitanas, estou satisfeita.
6 Comments
Silvia,
Muito obrigada e parabéns pelo seu blog Viajar Enriquece.
Sou brasileira e estou considerando uma mudança para Lisboa, assim como você em busca de qualidade de vida. Uma pergunta: quando você diz que um casal vive com 1500 euros você inclui nesse valor custos com aluguel? E caso positivo, aonde procurar por aptos para alugar?
Qualquer informação é bem vinda!
Obrigada, Claudia
Olá Claudia! Creio que o valor do aluguel esteja incluso sim. Já morei lá e o mais provável é retornar. Se decidir pela mudança vá de mente e coração abertos, que tudo correrá pelo melhor.
Silvia, obrigada pelo texto.
Pretendo fazer a mudança da familia em março de 2018.
As atividades profissionais minha e do meu marido são semelhates a sua e seu marido. Também pretendo morar numa freguesia central de Lisboa.
Gostaria de saber do plano de saude que você contratou.
Obrigada!
Olà Silvia ! Estou tendo dificuldades para tirar minhas duvidas e as da minha namorada sobre realizar o ensino superior em Portugal , como eu poderia falar para tirar minhas duvidas ?! Concorrencia , metodo de seleção , cursos mais concorridos … poderia ser um email ou por face ?!
Muito Obrigado !
Olá Silvia,
gostei muito do seu depoimento de um modo geral foi bem isso que pude observar qdo tive em agosto a passeio de carro pelo país.
Vou pedir o visto D7, já fui na embaixada de Portugal em BSB onde resido e os documentos estão todos prontos. Devo estar indo em junho. Só uma informação que obtive lá que não bateu com a sua. Como visto D7 precisamos ficar em Portugal 9 meses, podendo sair a passeio pelos países da União Europeia. Ok ?
Quero morar em um lugar sem paranóias, o que notei é que nós brasileiros estamos ficando assim. Quase neuróticos, aqui cada vez mais difícil. Olha que moro bem e tenho uma vida tranquila.
Já reservei Hotel a princípio o mesmo que fiquei mas preciso alugar um apto nos arredores de Lisboa. Será que realmente esse valor que vc estipulou de 1500 p duas pessoas está incluso aluguel ? Se puder me dar uma luz a respeito disso agradeço muito. E sobre onde procurar já daqui apt p alugar.
Muito obrigada por sua atenção.
Kátia Barretto
Olá Kátia,
A Sílvia Macedo parou de colaborar conosco, mas temos outras colunistas em Portugal que talvez possam te ajudar.
Você pode entrar em contato com elas deixando um comentário em um dos textos publicados mais recentemente no site.
Obrigada,
Edição BPM