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    Home»País de Gales»A tragédia de Aberfan no País de Gales
    País de Gales

    A tragédia de Aberfan no País de Gales

    Daniela Pesconi-ArthurBy Daniela Pesconi-ArthurOctober 20, 2016Updated:January 26, 20181 Comment6 Mins Read
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    Uma das primeiras coisas que aprendi sobre o País de Gales foi durante uma ida ao supermercado. Treharris, o vilarejo onde meus sogros moram, fica de um lado do vale do Rio Taff. Um dia, na estrada a caminho de Merthyr Tydfil, vi do outro lado do vale um cemitério com lápides bem branquinhas. Curiosa que sou, perguntei.

    O meu sogro ficou sério, e como se tivesse voltado no tempo, me contou a história. Seus olhos se encheram de lágrimas, e a vontade que tive foi de pular pro banco de trás, abraçá-lo bem forte e dizer: “Calma, já está tudo bem.”

    O Primeiro Ministro do País de Gales, Carwyn Jones AM, pediu que um minuto de silêncio seja observado no país, amanhã (sexta-feira, 21 de outubro), às 9:15 da manhã (GMT), exatamente 50 anos após a tragédia da qual meus queridos sogros foram testemunhas.

    Aberfan (pronuncia-se /abervan/) era somente mais um vilarejo mineiro de carvão, localizado em um dos vales do sul do país. Como a maioria das localidades nessa área, Aberfan foi fundada, por volta de 1869, com o propósito de ser uma vila de extração carvoeira. Seus habitantes, assim como os de outras cidadezinhas da área, eram os trabalhadores das minas e suas famílias (a história dos vilarejos mineiros de Gales é muito interessante, volto com ela mais detalhada em outro post).

    Fonte: www.alangeorge.co.uk
    Mina de carvão em Aberfan e aterros (Fonte: www.alangeorge.co.uk)

    A exploração de carvão em Aberfan começou, portanto, em 1869, e os resíduos das minas, tudo o que não era utilizado ou exportado, eram depositados em encostas ao redor das mesmas. À  medida em que a quantidade de dejetos aumentava, mais aterros eram construídos. Em 1966, havia 7 aterros. O sétimo, iniciado em 1958, e que desencadeou o desastre, tinha mais ou menos 40 metros de altura.

    Com a água das chuvas penetrando esses acúmulos imensos de detritos, o vilarejo começou a sofrer pequenas inundações, que causaram alguns danos e transtornos aos habitantes. O resultado desses alagamentos era o depósito de uma “lama negra”, certamente resquícios da extração.

    O dia 21 de outubro de 1966 começou como uma manhã normal de outono em Aberfan. Tinha bastante neblina, mas o que não se podia ver, se podia ouvir. As crianças, que moravam perto da escola, teriam sido acordadas pelos sons da mina de carvão: o apito que indicava a mudança de turno dos mineiros, o barulho dos carrinhos que levavam os resíduos para o topo do aterro 7… Já as crianças que moravam do outro lado do vilarejo, teriam sido acordadas por sons mais rurais: o canto dos galos, o balido das ovelhas, e o barulho dos fazendeiros que traziam suas vacas para a ordenha.

    Por volta de 09:15, centenas de aluninhos e aluninhas, e seus professores, se preparavam para o início das aulas na escola primária Pantglas. Algumas crianças ainda estavam no playground, enquanto outras já estavam em sala de aula esperando pela chamada, ansiosas pelo fim daquele período letivo, que terminaria ao meio-dia; ansiosas, porque teriam a próxima semana de folga, como é de costume em outubro.

    Após uma quantidade anormal  de chuva, milhares de toneladas de dejetos do aterro número 7 deslizaram montanha abaixo, praticamente destruindo (a palavra usada na época pela BBC foi “engulfing” = enterrando) a escola, uma fazenda e 18 casas ao redor. Tudo isso em apenas 5 minutos.

    Um dos sobreviventes, uma criança de 10 anos, disse que eles ouviram um barulho e viram “coisas voando”. Outros sobreviventes compararam o que ouviram a um barulho alto de trem, e outros ainda disseram que parecia o som de um avião caindo.

    Naquela manhã, num período de cinco minutos, 116 crianças e 28 adultos foram mortos. O corpo do vice-diretor foi encontrado em uma das salas de aula, com 5 crianças em seus braços, como se as estivesse protegendo.

    “Quando eu fui lá, 4 ou 5 dias depois do desastre, para ajudar, os mineiros ainda estavam escavando, procurando por corpos,” conta Keith, meu sogro. “Era tudo tão sombrio, e era tão difícil de acreditar no que tinha acontecido. Todas aquelas crianças… Meu futuro cunhado perdeu seu irmão e sua irmã.”

    Mais ou menos 2.000 pessoas, incluindo membros da operação de resgate, mineiros locais, pais de alunos, e até mesmo homens de vilarejos próximos participaram da agonizante busca por sobreviventes. As equipes de resgate trabalharam sem parar por 10 horas, mas após as 11 da manhã, ninguém mais foi salvo com vida.

    Da esquerda para a direita: Moradores e equipes de resgate escavam a procura de sobreviventes (foto: Rolls Press/Popperfoto/Popperfoto/Getty Images); a escola Pantglass "engolida" pelos detritos do aterro (foto: BBC.co.uk); resgate de sobrevivente (foto: BBC.co.uk); colaboradores/entrevistados: Keith e Maureen Arthur (foto de arquivo pessoal)
    Da esquerda para a direita: Moradores e equipes de resgate escavam a procura de sobreviventes (foto: Rolls Press/Popperfoto/Popperfoto/Getty Images); a escola Pantglass “engolida” pelos detritos do aterro (foto: BBC.co.uk); resgate de sobrevivente (foto: BBC.co.uk); colaboradores/entrevistados: Keith e Maureen Arthur (foto de arquivo pessoal)

    O ministro do estado pelo País de Gales (Minister of State for Wales)  na época, George Thomas, disse que uma geração inteira de crianças havia sido “apagada” com a tragédia.

    Esse evento teve repercussões boas e ruins. No que diz respeito ao censo e número de habitantes, nos 6 anos que se seguiram ao desastre, o número de nascimentos foi  maior do que os 130 normalmente estimado. No entanto, com a perda de um geração, criou-se um “buraco” também no aspecto psicológico dos moradores do vilarejo e da região.

    Maureen, minha sogra, estava com 15 anos na época e estava no trabalho quando ouviu a notícia no rádio. Ela recorda: “Quando eu cheguei em casa, todo mundo estava muito triste. Meu pai, que era mineiro em Treharris na época, tinha ido a Aberfan ajudar assim que a notícia chegou até ele. O clima era de desespero e desolação. Um professor que eu conheço nunca se recuperou e nunca mais trabalhou. Muitas das mães que perderam seus filhos formaram um grupo chamado ‘Clube das jovens esposas de Aberfan’ (reportagem em inglês). Elas se encontram uma vez por semana, desde 1966, quando se reuniram pela primeira vez para darem apoio umas às outras.”

    Aberfan hoje tem, no lugar da escola, um jardim memorial, que foi arquitetado de acordo com a planta da escola. Jeff Edwards, ex-prefeito de Merthyr Tydfil e um dos sobreviventes, diz: “É um lugar calmo e sereno para nós. Traz de volta as memórias daquele dia, mas eu sinto bastante consolo, para falar a verdade, toda vez que venho aqui.”

    Um lugar lindo, onde no lugar da tragédia, hoje floresce de beleza a cada primavera. Um lugar onde centenas de pequenos arcos brancos se vêem enfileirados e onde se pode sentar e contemplar a efemeridade da vida; um lugar que toca o coração de quem nasceu e sempre viveu ali, mas também o coração de quem pisa por lá pela primeira vez.

    Foto: www.aberfan-remembered.net (Brian Lamb)
    Foto: www.aberfan-remembered.net (Brian Lamb)

    Saiba mais:

    “This is tragedy (1966)”– Documentário da British Pathé (em inglês)

    “The Children of Aberfan” (em inglês)

    “The Aberfan Young Wives Club” (em inglês)

    “Sobrevivendo Aberfan” (em inglês)

    “A história por detrás do desastre” (em inglês)

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    Daniela Pesconi-Arthur
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    Daniela é nascida e “crescida” em Uberlândia, MG, e já quis ser muitas coisas na vida: arqueóloga, médica legista, diplomata, advogada penal... Se formou professora de inglês. Viveu em Napoli, Itália, e depois de um ano por lá, “fincou raízes” no País de Gales, com o marido galês, em 2009. Se apaixonou pelo país “adotivo”, pelas oportunidades de aprendizado e pela recepção calorosa dos galeses. Em Cardiff, capital do país, fez mestrado em Inglês e Escrita Criativa. Hoje trabalha na Cardiff University, dá aulas de inglês via Skype e cria logos e websites como freelancer. Publicou seu primeiro livro, Loveandpizza.it, em 2016 e adora coisas simples: viajar, cachorros, praia, chocolate, ler (principalmente chick lit e crime), fotografia, castelos, história medieval, tudo sobre reis e rainhas e acredita que música espanta qualquer tristeza. Morre de saudade da família e dos amigos que deixou no Brasil, mas diz que só sai do País de Gales se for para morar na Itália, na beira do mar.

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    1 Comment

    1. de Vassimon on November 29, 2019 7:44 pm

      Adorei !!!!!! Vivo na França e tb tenho saudades!!!! Viajo muito e um dia irei visitar essa cidade! Merci.

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