Quando a família vem nos visitar.
“Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieto e agitado: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração…”
Antoine de Saint-Exupéry – O Pequeno Príncipe
Eu sempre amei essa citação. Já escrevi para pessoas especiais várias vezes durante a minha vida, e ainda assim, ela sempre faz meu coração sorrir.
As minhas férias de verão esse ano foram as melhores férias que eu pude imaginar ter na vida! Depois de 10 anos vivendo aqui no País de Gales, meu pai veio nos visitar pela primeira vez! Ah, gente… Só quem mora fora e longe da família sabe o quanto a emoção do abraço que você dá quando recebe visitas! Abraço no pai, ainda por cima… Vixe! Quase arrebenta o peito de tanto amor!
Em julho, nossa casa, que é tão pequenininha, virou coração de mãe – que aliás, está sempre no nosso coração.. Recebi meu pai, minhas irmãs, o cunhado e o sobrinho! Malas pra todo lado, cama no chão, fila pra tomar banho, mesa cheia de gente, conversa alta, rodinha de violão e cantoria no quintal… todas aquelas coisas que a gente, brasileiros, já conhece tão bem – um amontoado de gente. Coisas com as quais nem sempre os estrangeiros estão acostumados, ou entendem, mas que, quando se dão conta, já fazem parte do “montinho”.
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Muita coisa pra fazer, muito lugar pra ir, pra mostrar, muito pouco tempo. Hein, podiam ter ficado um mês, né?
Mas tudo bem. Como meu pai disse antes de vir, “eu estou indo pra ver vocês e conhecer a família do Craig.” Então tá, pai. Então tá. O coitado ainda perdeu o voo por causa do atraso na escala, e chegou só no dia seguinte, com a irmã mais nova. A irmã do meio conseguiu vir com a familia no dia certo. Mas chegaram. Umas mil horas de viagem, mas chegaram. Ufa!
Eu não me casei no Brasil, então meus pais não conheciam a família do meu marido; só minha irmã mais nova, que já é “freguesa” daqui. Haha. Marcamos o churrasco aqui em casa, pro dia seguinte a chegada deles. Eu já sabia que não ia conseguir dormir muito, e como eu sempre faço o tracking de todos os voos da família, lá estava eu de olho no aplicativo do celular. Ping. Mensagem no WhatsApp: “O papai não vai chegar a tempo. O voo dele atrasou para chegar em São Paulo.” Quê??? “O papai não vai conseguir pegar o avião para Londres.” Ai, meu coração… E agora? “A Isa vai com o Dan e o João. Eu espero o papai chegar e a gente vê o que faz.” Essa era a minha irmã mais nova. Não, ela não me deu a notícia com essa calma. E não, eu não recebi a notícia e fiquei calma. Ah, sem falar que a mala do papai foi “perdida” quando o voo dele teve de descer em Campinas, e ele disse que sem mala não iria a lugar nenhum. Eu, em pânico? Nãããããããããooooooo mesmo.
Resultado: busquei metade da família em Heathrow no dia marcado, e a outra metade na rodoviária, já perto de casa, no dia seguinte. Desmarcamos o churrasco, e o tão sonhado encontro da minha família com o do meu marido, na nossa casa, foi pelo ralo. Mas olha, deixa eu te contar: na hora do abraço… os medos, os pânicos, as bravezas com os atrasos das linhas aéreas… tudo de ruim desaparece.
Como eu já disse, foi muito pouco tempo e muita coisa pra ver, pra fazer. Foi meio corrido. Mas aqui vai um resumo dos melhores momentos:
- Quando meu pai conheceu meus sogros. Gente, tive a prova de que o coração fala mais do que qualquer língua! Meu pai fala um inglês básico, a família do meu marido fala zero português. Meus olhos – e os do meu pai, do meu marido e da mãe dele – se encheram de lágrimas quando a mãe dele abraçou meu pai e o os dois falaram em línguas diferentes: “eu estou muito feliz em conhecer vocês”. Daí, ela “catou” o braço do meu pai e foram andando pela rua, deixando a gente pra trás, a se olhar com caras de bobo.
- Um fim de tarde no pub, dessa vez com a família da irmã do Craig. Vale lembrar, novamente, da “barreira” da língua. Minhas irmãs falam inglês fluentemente, mas que alegria ver meu pai, meu cunhado e sobrinho jogando futebol de mesa com os “meninos” da família! E dá-lhe hi-fives, e gritos de “vamos lá!”, “come on”, “Gooooaaaallll”. Inglês? Português? Quem se importa? Vamos brincar? E as sobrinhas-netas do Craig, Ella e Olivia que se apaixonaram pelas minhas irmãs e vice-versa? As conversas traduzidas e interpretadas, e traduzidas só pela metade, por as risadas não deixavam terminar de falar. E fotos. Muitas fotos.
- “Festinha” em casa. Daí foi a vez dos amigos. Uma jantinha simples, no nosso estilo gringo mesmo, mais crianças pra brincar – até os adultos entraram na farra e fizeram do nosso jardim um campinho de futebol! E pra terminar, claro que não poderia ser diferente: uma rodinha de violão. O cunhado tocando, e o pai e a irmã cantando. E os amigos gringos babando… Foi um sonho!
- A família na praia. Brincar de bola, conversar, dar risadas, tirar fotos (entrar no mar não deu. A água estava muito fria!), comer, tirar mais fotos, dar mais risadas, conversar mais e abraçar, abraçar muito!
Na verdade, todos os momentos foram especiais. Ter família perto da gente e tudo de bom!
E você que mora fora? Sua família já visitou por aí? Como foi? Conta pra gente!