Embora no Brasil informações sobre dietas e a idéia do corpo perfeito sejam frequentes, quando viajamos vemos que isso não muda muito em outros países. De acordo com as últimas pesquisas, o índice de transtornos alimentares cresce anualmente. O regime ou dieta as vezes se torna parte da vida de muitas pessoas.
Essa preocupação excessiva com a comida pode começar na adolescência ou na idade adulta e se caracteriza por comportamentos ritualísticos com a comida e pelo uso de rótulos, como por exemplo: “comida boa ou ruim,“hoje só comi porcaria”, “comi doces demais”, “hoje vou ser boa, vou fazer um detox”.
O transtorno alimentar também pode ocorrer pelo uso de laxativos e a medicação para inibir o apetite. Isso faz com que o indivíduo comece a perder o controle de fome e saciação o que consequentemente afetará a relação com a comida. Tendo então a sensação de que se não seguir uma dieta iria perder o controle e comer sem moderação.
Outro fato interessante das pessoas que desenvolvem um transtorno alimentar é a tendência de as vezes possuir uma personalidade perfeccionista. Muitas pessoas relatam que não são perfeccionistas porque não querem ser perfeitas, mas ser perfeccionista não é querer ser perfeita. É ter a propensão a nunca estar satisfeita com o corpo ou esperar mais de si mesmo constantemente e dos outros. Por este motivo, seguir uma dieta pode
ser muito perigoso para este tipo de personalidade pois muita rigidez, punição e criticismo vai estar presente.
Sabemos hoje em dia que as dietas e a ingestão de comida sem controle tem consequências catastróficas no estado emocional e físico do indivíduo. De acordo com os últimos estudos na área, o cérebro responde de maneiras diferentes ao antes (antecipação do alimento) e ao durante (consumo do alimento). Por isso, cada pessoa tem uma relação única com a comida.
Infelizmente, as vezes não tão saudável como deveria ser. É importante citar também, a nossa história que reinforça a sobrevivência pelo uso de alimentos com alto teor calórico – o cérebro de certa maneira, continua programado à esse tipo de estímulo. Ou seja, se eu digo “não posso comer isso”, o cérebro instintivamente vai querer e mais.
Entender o comportamento alimentar saudável hoje em dia é uma tarefa muito difícil. A mídia, a sociedade e o emocional, levam as pessoas à busca do corpo perfeito. Muitas pessoas fazem dietas, não fazem todas as refeições do dia (restrição alimentar) ou comem em excesso.
Problemas alimentares podem surgir quando isso começa a se tornar decorrente.
O transtorno alimentar é uma doença mental que é caracterizada por uma preocupação excessiva dos hábitos alimentares e a busca obsessiva da forma do corpo. Esse transtorno compromete o físico, psicológico e o comportamento. É uma doença muito séria que pode levar indivíduos a comprometerem seus relacionamentos, trabalhos, vida social e até mesmo morrerem.
Morar no exterior pode desencadear e/ou aumentar a gravidade destes comportamentos. A falta de rotina e de estabilidade emocional, solidão, saudade da família, adaptação e diferenças em hábitos alimentares são algumas das causas para que isso ocorra.
Alguns dos sintomas mais frequentes são:
- medo intenso de ganhar peso
- dietas severas
- sensação de estar gorda (o) quando se está magra (o)
- grande perda de peso (frequentemente em um período breve de tempo)
- sentimento de culpa por ter comido
- hiperatividade e exercício físico excessivo
- mudanças hormonais (descontinuidade ou irregularidade menstrual)
- excessiva sensibilidade ao frio
- imagem corporal distorcida
- comer compulsivamente em forma de ataques de fome e a escondidas
- preocupação constante em torno da comida e do peso
- uso excessivo de fármacos, laxantes, diuréticos e vômitos provocados
- erosão do esmalte dentário, podendo levar à perda dos dentes
- mudanças no estado emocional, tais como depressão, tristeza, irritabilidade
- ansiedade
- isolação social
Complicações médicas podem surgir relacionadas aos sintomas listados acima: perda de massa muscular, metabolismo tireóideo reduzido, intolerância ao frio, arritmias cardíacas, anemia, cálculos renais, constipação intestinal, dor abdominal, amenorréia, edema, osteoporose, alcalose hipocalêmica e hipoclorêmica, inflamação e aumento da glândula salivar e pancreática, erosão do esmalte dentário, convulsões, etc.
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Geralmente o tratamento se constitui de sessões de terapia com uma psicóloga especializada em transtorno alimentar, e muitas vezes em conjunto com uma nutricionista também especializada na área. Quanto mais cedo o tratamento for iniciado, mais chances de um resultado melhor.
O tratamento e adaptado para cada indivíduo, porque somos todos diferentes. O auxílio psicológico se baseia no entendimento sobre a fome, sobre o instinto em relação a comida, a saciação e a regularização do apetite.
A imagem corporal também e explorada: cuidados com o corpo, linguagem usada em relação ao corpo, aceitação do formato corporal, etc. Todo o tratamento e seguido com a ênfase no não “diet approach”. Ou seja, na relação entre a comida e o indivíduo. O foco está no bem-estar e não no peso da pessoa.
O tratamento multidisciplinar é essencial e geralmente tem um resultado muito positivo. Vale a pena lembrar que os distúrbios alimentares não só atingem mulheres e meninas mas também homens e meninos.
Se precisar de mais alguma informação ou apoio psicológico, entre em contato pelo email: gabriela@bilibiopsych.com
1 Comment
Adorei teu texto Gabi. Beijo grande pra vocês aí na Austrália!