Encontrar moradia é um desafio em qualquer lugar do mundo e a Nova Zelândia não é exceção. Algumas cidades têm enfrentado escassez de casas, tanto para venda quanto para locação, o que faz com que o setor imobiliário fique aquecido e os preços, consequentemente, altos. No momento, estou me mudando de casa e cidade, logo, achei que seria pertinente escrever sobre o assunto, principalmente pelo fato de que mesmo depois de mais de 7 anos no país observo que algumas das dificuldades continuam as mesmas para se procurar e conseguir uma moradia.
Quando vamos a um país somente visitar, é bem fácil escolher uma acomodação. Podemos optar por hotéis, albergues e, hoje em dia, também o Airbnb, que muitas vezes vale muito a pena. Essas opções são bastante populares por aqui e com uma pequena pesquisa online você organiza tudo.
A partir do momento em que decidimos ficar um pouco mais de tempo no país, as opções acima passam a não ser mais vantajosas. Durante intercâmbios, por exemplo, estudantes podem optar por homestay, que seria ficar em casa de famílias locais com café da manhã e jantar durante a semana e 3 refeições nos finais de semana incluídos. Esse tipo de moradia é excelente para estudantes, pois além da facilidade para quem não conhece ainda o país, existe o contato com a cultura e a língua local, sem contar que esse será o primeiro network dos mesmos no país.
Residência estudantil também é bem comum entre estudantes. As residências são como apartamentos, onde cozinha e sala são compartilhados com outros moradores e o estudante pode escolher entre quartos individuais, duplos ou triplos. Nesses casos, só está incluído o quarto; a alimentação, assim como outros detalhes, deverão ser organizados por conta da pessoa.
Ao decidir estender ainda mais a estadia, é hora de começar a pensar um pouquinho a médio e longo prazo e é aí que as coisas podem ser um pouco mais difíceis. É muito comum se dividir casas ou apartamentos. Famílias ou colegas que já dividem casa, se tem um quarto sobrando no imóvel, sempre alugam para fazer uma graninha extra. Essa é uma opção boa em termos de custos. A pessoa aluga o quarto, utiliza a casa juntamente com os demais moradores e divide as contas, como luz, água e internet. Geralmente, cada um se responsabiliza pela própria alimentação, mas se forem amigos podem até se organizar nesse sentido.
Como esse tipo de divisão de moradia faz parte da cultura local, é fácil encontrar vagas de flatmates em anúncios nos quadros de supermercado, escolas e no website mais popular do país, o trademe, que tem uma parte exclusiva para quem busca um quarto em um imóvel. O valor sempre varia de acordo com a localização que procura, número de moradores e a casa em si. É muito importante ter em mente que essa arrumação é bastante informal, portanto é preciso ficar atento para não cair em roubadas. Ao entrar para alguma casa nessas condições, se não houver um contrato, escreva o que foi acordado em um papel, se possível mencione as regras da casa e principalmente as condições para a quebra do contrato, ou seja, caso você decida sair da casa. Assim, evitará muita dor de cabeça e mal entendidos.
Pensando um pouco mais a longo prazo, ou mesmo em famílias que vem para a NZ e pretendem alugar uma casa, tenha em mente que tudo pode ser bem diferente do Brasil. Funciona mais ou menos assim: buscamos as casas de nosso interesse em sites diversos ou visitamos agências de locação de imóveis, tem várias em todas as cidades e que sempre tem um livrinho com as casas disponíveis na região. A seguir, avalia-se preço, localização e as características da casa. Se for de interesse, agenda-se então uma visita. Na sua maioria, as visitas são pré-agendadas, sendo necessário comparecer ao endereço em questão no dia e horário mencionados. Dependendo de onde você está buscando moradia, terá até fila para ver as propriedades. Após a visita, se a casa estiver dentro das expectativas é hora de partir para prática: preencher formulários dados na visita e enviar aos locatários, junto com outras documentações solicitadas, incluindo comprovação de renda do locador. O locatário irá então analisar todos os perfis das pessoas interessadas e escolher o inquilino que acredita ser mais compatível para a propriedade.
Eu posso dizer que já vivi na maioria dos diferentes tipos de acomodação por aqui. Morei em homestay, que gostei bastante, dividi casa por bastante tempo, com flatmate que virou parte da família, me hospedei em hotéis, albergues, Airbnb, e conheço vários campings de norte a sul do país, devido às muitas viagens que fiz. Entretanto, alugar uma casa ainda me parece um transtorno.
São muitos detalhes, é preciso se atentar ainda a várias outras questões além de localização e estética. Características como insulation (isolamento térmico das paredes) e aquecedor disponíveis podem fazer muita diferença no inverno. Algumas moradias não permitem animais de estimação, outras não permitem fumantes, algumas têm limites de quantas pessoas são aceitas para morar na casa… Entender essas regras pode ajudar a já eliminar algumas propriedades da lista e diminuir o número de visitas, portanto, vale ler com atenção o anúncio. Acompanhar o mercado e entender os preços também ajuda, assim você já sabe mais ou menos o que esperar de acordo com o orçamento que está preparando.
Não posso deixar de mencionar que é muito comum por aqui a cobrança de bond, que seria uma quantia paga ao se entrar na propriedade, como se fosse um cheque calção. Esse valor é retido pelo responsável da acomodação, seja ela residência estudantil, flatmate ou locação. Quando a pessoa entrega a propriedade, uma inspeção é feita e se tudo estiver de acordo, o dinheiro é devolvido. Caso tenha algo danificado ou indevido, eles utilizam o valor para consertar e só devolvem o restante. O bond varia de 1 a 5 semanas de aluguel e algumas agências cobram também uma semana de aluguel como taxa da agência, tudo isso faz com que o valor inicial para a mudança seja considerável.
Outra coisa séria é sempre entender quanto tempo antes você tem que avisar quando for deixar uma propriedade. Caso esteja escrito que se tem que avisar com 4 semanas de antecedência e o inquilino sair antes desse prazo, essas semanas terão que ser pagas independente, a menos que tenha feito um novo acordo com o dono/responsável pela propriedade. Vale também estar bem ciente do tempo de contrato, visto que a quebra também pode resultar em multas.
Comprar casa na NZ, seja para viver ou investir, já é uma outra história que vai ter que ficar para outro texto. Por agora, para quem está buscando moradia na NZ, boa sorte! Pesquise bastante e saiba que irá precisar de um pouquinho de paciência.
2 Comments
Bom dia Rosana. Eu sou Artista Plástica, trabalho com pintura à óleo e pastel. Também faço trabalhos no computador, usando ferramentas como CorelDraw e Painter.
Não quero encontrar um trabalho na NZ. Gostaria de saber se posso morar no país como autônoma. Sou solteira e não tenho filhos.
O que me atrai é a natureza exuberante, que pretendo transformar em arte.
Posso viver numa cabana ou mesmo numa barraca de camping, mas quero ficar sozinha.
Nunca saí do Brasil. Quais as minhas possibilidades? Qual o valor inicial necessário para começar?
Agradeço muito!
Beijo.
Olá Monica,
A Rosana Melo parou de colaborar conosco, mas temos outras colunistas na Nova Zelândia.
Você pode entrar em contato com elas deixando um comentário em um dos textos publicados mais recentemente no site.
Obrigada,
Edição BPM