As questões raciais no Egito.
Quais as cores e origem do povo egípcio?
Essa é uma pergunta excelente, que pode surpreender com a resposta.
O Egito fica no continente africano
Para começar, a imagem do Egito antigo que temos no senso comum ocidental contemporâneo é tão artificial que uma criança dificilmente associa o Egito ao seu continente, a África. Aliás, a história do Egito é ensinada em separado da história do resto da África.
É real a surpresa, já que existe um esforço eurocêntrico reivindicando o Egito à Europa. Identificar o Egito no nordeste africano, é o primeiro passo para associar o Egito a sua etnia. Com a era cristã, europeus não conseguiam admitir um país africano com tanto poder.
Hoje na rua, você escuta egípcios se referindo aos africanos como “os outros”. Eles são árabes e não se identificam com a etnia africana.
Longe de ser uma problemática recente, o chamado imbróglio do Egito inicia com o processo onde o país é arrancado do universo africano pelo eurocentrismo e pelo orientalismo, fazendo com que seja arbitrariamente relacionado geográfico, antropológico e culturalmente à Ásia ocidental e ao mundo mediterrâneo apenas.
O processo de construção de uma imagem eurométrica do povo egípcio se constitui de peças que se acoplam. Os relatos históricos apagam as menções à negritude dos egípcios; a arte, a literatura e a mídia ocidentalizam sua imagem (embranquecem a pele e normativizam suas relações sociais pelo padrão europeu); sua existência enquanto povo é dissociada da África.
Desconstruir a pergunta
O Egito foi uma dinastia, protetorado, reinado e existiu por muito tempo. Na época dos faraós, o conceito de ser preto era diferente de hoje.
Ser preto é diferente nos Estados Unidos e no Brasil, e a expressão cultural entre pretos é diferente, assim como a sua concepção identitária.
Afrocentristas aplicariam, segundo esta crítica, os termos “black”, “egyptian”, “african”, “africoid” e “negro” à várias populações antigas, usando-as indistintamente.
Não se trata de negar a construção da diferença de modo fenotípico, pois gregos e romanos diferenciavam a alteridade com adjetivos acerca do tom da pele, como mela e niger (preto e escuro), fuscus (escuro, mas mais leve que o niger). O problema é interpretar de maneira absoluta.
O Egito “branco” já era contestado por Volney, viajante do século XVIII, Firmin e Douglass, intelectual e ex-escravo norte-americano no século XIX, vindo a ganhar maior visibilidade no movimento pan-africanista e suas reivindicações contra o racismo.
Classes sociais
Embora podemos estudar as múmias de faraós que aproximaram a aristocracia da época com os europeus e orientais, precisa-se levar em consideração que é um recorte da sociedade e não uma representação completa.
O centro do mundo antigo
Como a civilização egípcia foi muito importante politicamente e poderosa no mundo antigo, muitos estrangeiros viveram lá. O Egito era miscigenado.
Leia também: Partidos políticos no Egito
A política
O Egito foi reino grego, parte da Líbia, Núbia entre outros. Cada um com sua etnia e representação identitária. Já a ausência de genes gregos e romanos é creditada à falta de mistura — Cleópatra, por exemplo, foi obrigada a se casar com os próprios irmãos.
Invasão Islâmica
Segundo os cientistas, os genes do sul da África vieram, provavelmente, do tráfico de escravos do mundo islâmico, que passava pelo Egito e se estendeu da Idade Média até o século XIX.
O símbolo de uma nação africana na cultura brasileira
Como a questão racial repercutiu no Brasil em termos de Egiptologia?
Como o exemplo do Egito negro reivindicado pelo Olodum e movimentos carnavalescos brasileiros podem auxiliar a perceber como o afrocentrismo repercutiu no país?
Afrocêntricos
Fontes: Aventuras na História, podcast Filosofia Pop – (Des)Africanizando o Egito com Raissa Sagredo e Miradas afrocêntricasem torno da africanização do Egito Antigo: entre racialização e identidades
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