Como abrir conta bancária no Uruguai.
Para quem pretende morar no Uruguai abrir uma conta bancária no país será imprescindível.
Mais ainda se irá trabalhar para alguma empresa local, visto que entrou em vigor a lei de Inclusão Financeira, que dentre outras coisas, implica que os salários devem ser pagos através de uma conta bancária.
Apesar de haver alguns bancos aqui que também existem no Brasil, minha experiência pessoal não foi nem um pouco positiva ao tentar usar a conta brasileira de um banco da mesma cadeia em terras uruguaias.
Recém chegada ao país eu ainda usava o dinheiro que estava na conta-corrente brasileira, o que foi um erro de estratégia. Havia mudado propositalmente a categoria da minha conta para internacional no banco HSBC, quando ele ainda existia no Brasil, e algumas vezes tentei retirar dinheiro dessa conta através de uma agência local em Montevidéu.
Apesar de ter conseguido em uma das vezes, fui fortemente advertida pelo funcionário do banco uruguaio a não repetir tal transação pois eles estavam “quebrando um galho”, mas deixando bem claro que o banco HSBC do Uruguai não tinha nenhuma relação com o do Brasil, pesem todos os pesares que tentei justificar nesse momento.
Instruí-me com o gerente da minha conta no Brasil e também no call center do banco, mas nada adiantava, chegando na agência uruguaia a história se repetia e eu voltava com a carteira vazia. Por isso o melhor mesmo é se preparar para abrir uma conta local.
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O banco mais usado entre os uruguaios é o Banco República. E foi lá que abri minha conta. A mais tradicional se chamada Caja de Ahorros, pode ser em pesos uruguaios ou em dólar. É como uma mistura de poupança e conta-corrente. Te dá um cartão de débito, pode-se fazer transferências, sacar e depositar dinheiro.
Não dá direito a talão de cheques. O cartão de crédito não será oferecido freneticamente como estamos acostumados no Brasil. Aliás, é quase uma saga conseguir o cartão de crédito no Uruguai. São exigidos muitos documentos e comprovantes de rendimento, motivo pelo qual muita gente, incluindo os nativos, preferem solicitar um cartão de crédito pré-pago, que consiste em depositar o dinheiro previamente na conta para só depois poder usá-lo como um cartão de crédito comum. Este tipo de cartão não permite que a compra seja parcelada. Ainda assim é muito usado, pois é uma forma de conseguir comprar pela internet e pagar serviços associados ao cartão, como Uber e algumas empresas de táxi.
Para abrir uma conta no Banco República sendo estrangeiro residente no país, será necessário:
- Cédula de identidade, que pode ser a provisória que se recebe nos primeiros meses no país ou o RG brasileiro ou ainda o passaporte.
- Uma fatura de qualquer serviço público como água, luz ou telefone, no nome do titular da conta. No caso de ainda não ter nenhuma conta no próprio nome a saída um pouco mais burocrática é solicitar uma constância de domicílio. Para isso será preciso ir até a delegacia correspondente ao bairro em que vive e levar duas testemunhas que confirmem que é morador daquela vizinhança. Neste link tem telefones e mais informações sobre este trâmite.
- Os últimos recibos de salário que comprove de onde virá a renda que circulará na conta. Em caso de trabalho autônomo ou informal será exigida uma declaração feita por contador público que certifique os valores recebidos nos últimos 12 meses.
O tempo de confecção do cartão de débito e abertura da conta costuma ser rápido e é preciso estar atento para não deixar passar mais de 15 dias de conta aberta sem receber o primeiro depósito, senão a mesma será cancelada.
Apesar do Banco República ser o mais utilizado, é notável que nos últimos anos outros bancos que já conhecemos vêm atraindo mais clientes oferecendo descontos muito interessantes nos comércios. Como o Itaú que chega a dar desconto de até 50% nos cinemas e teatros ou o Santander que está por quase todos os estabelecimentos do centro de Montevidéu e dos shoppings com descontos que superam os 20%. Além desses, outros mais comuns são também Citibank, HSBC e Scotiabank.
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Os caixas eletrônicos para sacar dinheiro na rua não são tão facilmente encontrados, para isso existe outro meio que são terminais chamados de Banred e Redbrou. Estão por toda parte do país, às vezes na rua, em postos de gasolina, dentro de supermercados e também em locais chamados Abitab e Redpagos, que funcionam de maneira similar a uma casa lotérica e é possível retirar o dinheiro diretamente com o atendente deste estabelecimento.
Por último, uma característica que vale a pena informar, é que ainda não é tão frequente o uso de cartões de débito ou crédito como pagamento de todo tipo de compra.
Geralmente estabelecimentos grandes como supermercados, farmácias, restaurantes em regiões comerciais aceitam sem maiores constrangimentos. Contudo, indo para bairros mais residenciais já não é garantido poder usar o meio eletrônico para acertar com a padaria, o açougue e a mercearia.
Um exemplo que sempre me vem à mente é a minha sorveteria favorita, que pertence a uma importante rede de sorveterias do país e nem mesmo a unidade que fica dentro do shopping aceita cartão.
Essa realidade vem mudando incentivada pelo desconto que o governo está dando, temporariamente, à quem paga usando cartões de débito e crédito. Mas, para evitar micos e ter que devolver o sorvete, é melhor andar com um pouco de dinheiro vivo no bolso!
5 Comments
Boa tarde Vanessa.
Texto esclarecedor e muito bom. Pretendo abrir uma conta em dolares num banco do Uruguai mas vou continuar morando no Brasil? Isso seria possível?
Boa tarde Marcos, no banco irão te pedir um endereço uruguaio para onde enviarão correspondências e seu cartão. Mesmo que você continue morando no Brasil creio que precisaria de um endereço aqui como referência. Mas, aconselho ligar lá para ter certeza de tudo isso.
Eu só posso abrir uma conta nesse banco se tiver visto de residência?
Vanessa.
Você disse que as contas correntes podem ser abertas em dólares ou pesos. No caso de dólares, como funcionam os saques? Os caixas eletrônicos comumente também oferecem dólares ou esta operação seria feita apenas no banco, então?
Obrigado
Olá Luciano,
A Vanessa Gazetta parou de colaborar conosco e, infelizmente, não temos outra colunista morando no país.
Obrigada,
Edição BPM