Como comprar uma casa na Alemanha.
Continuando o meu relato (se não leu a primeira parte, clique aqui), meu marido encontrou um novo anúncio na internet de uma casa à venda uma semana depois de perdermos a chance de adquirir o outro imóvel. Ele me mostrou sem qualquer pretensão. Gostei! Na verdade, eu gostava facilmente das casas. Quando as fotos e preço estavam bons, eu queria visitar todas. Já ele era mais pé no chão e analisava tudo criteriosamente.
O anúncio estava apenas há um dia no buscador da internet. Já eram 19h de uma sexta-feira. Com aquele “trauma” de ter perdido a casa anterior, pesquisei os dados da corretora. Quando encontrei um número de celular, pedi a ele que ligasse, mesmo naquele horário. A corretora estava em viagem de férias, mas prometeu que um colega dela iria nos telefonar na segunda-feira seguinte para agendar uma visita.
Isso realmente foi feito, mas a visita seria em duas semanas. Era uma longa espera para ver uma casa. Ele explicou que a chefe voltaria apenas então das férias. Esses foram dias de dúvida e ansiedade da minha parte. Ficava imaginando que outras pessoas poderiam ver a casa antes de nós. Não acreditava muito nessa estória de férias.
A casa era de 1989 e entrava nos nossos pré-requisitos. Também descobrimos que ela tinha energia eficiência B, um pouquinho mais baixa que a A. Isso foi bem melhor do que esperávamos. Muito bem cuidada, precisava de pouca reforma. Era perfeita! Ficava na rua onde meu marido cresceu, perto dos meus sogros, o que é muito prático quando se tem uma criança pequena. Bem na frente de um jardim de infância e a poucos passos de uma praça. O bairro era exatamente o mesmo onde já vivemos. O preço era justíssimo.
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Para não perdermos os dias de espera, fomos até um corretor de seguros conhecido da família e pedimos que verificasse se conseguiríamos algum financiamento. Levamos todas as informações do anúncio, já que ainda não tínhamos os documentos da casa em questão, que seríam entregues após a visita, mais uns documentos pessoais, como contra-cheques, identidade etc. Ele tinha acesso a um programa de computador que confere todos os bancos ao mesmo tempo. Conseguiu para nós diferentes ofertas de financiamento, indicando diferentes taxas de juros. Alguns bancos se recusaram, porque, como disse na primeira parte desse texto, não havíamos juntado um dinheiro de entrada. Mas felizmente tínhamos outras opções.
O ideal é que o a mensalidade do financiamento seja um terço da renda familiar. Pode ser que a pessoa com um salário mais alto precise fazer uma espécie de seguro de vida. Caso algo lhe ocorra, o cônjuge receberia um valor para ajudar a pagar o imóvel.
O interessante foi que com a boa eficiência de energia da casa desejada, conseguimos pegar parte do financiamento com a KFW. Eles têm juros muito baixos, no nosso caso abaixo de 1% ao ano. Os juros dos bancos para compra de imóvel também não são altos no momento atual na Alemanha. Uma pessoa consegue financiar com juros menores de 2% ao ano.
Recebemos um papel impresso com a sugestão do programa de financiamento de um banco. Em posse desse documento, fomos a terceira família a visitar a casa no fim da tarde de uma sexta-feira. Foi amor à primeira vista. Visitamos todos os ambientes, fizemos perguntas pertinentes e nos sentamos para conversar com a corretora na sala de estar.
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Fomos bem claros. Dissemos: “queremos comprar essa casa. Não seria problema para nós pagarmos. Aqui temos a oferta do banco para mostrar”. Foi tiro e queda! A corretora pegou o documento e viu que era um negócio seguro. Fechamos a compra ali mesmo, durante a nossa visita. Nunca havia imaginado que compraria uma casa dessa maneira; parece coisa de filme.
A corretora nos disse que haviam 40 famílias interessadas e que ela telefonaria para todas para desmarcar as visitas programadas. Depois ela nos disse que elas ficaram com muita raiva de nem terem tido a chance de conhecer a casa. Pois essa foi a lição que tiramos. No final das contas, a casa que adquirimos foi muito melhor para a nossa família do que a primeira que vimos. Às vezes nos entristecemos pelas situações, mas nem pensamos que algo ainda muito positivo pode ocorrer. Quando vocês estiverem lendo esse texto, já estaremos vivendo em nosso novo lar.
Portanto, a minha dica é: se você realmente se interessar por algum imóvel, peça os documentos dele para o corretor ou pessoa privada. Se não conseguir obtê-los, como foi o nosso caso, leve todas as informações e fotos que estiverem no anúncio aos bancos ou a uma pessoa que trabalhe com consultoria nesse assunto. Pegue a melhor oferta impressa e leve junto na hora da visita. Se realmente gostar muito, sentir que aquele é o seu lugar, seu futuro lar, dê essa cartada que fizemos. Valeu a pena! Hoje o mercado imobiliário na Alemanha está uma loucura. Os imóveis são vendidos e alugados na velocidade da luz. Há sempre muitos interessados esperando pela chance. Boa sorte!