Como meus sogros alemães me receberam
Em primeiro lugar, aviso que estou falando de algo estritamente pessoal. Não posso, por aqui, julgar todos os sogros e sogras da Alemanha. Entretanto, gostaria de contar como foi a minha adaptação nessa nova parte da família e, quem sabe, ouvir de vocês as experiências pelas quais passaram. Será que foram parecidas ou totalmente opostas?
Meus sogros quase caíram da cadeira quando meu marido, na época namorado à distância, contou a eles durante um café da manhã de domingo que gostaria de se casar com a namorada brasileira. Eles acharam um tanto apressada a decisão, após alguns meses de relacionamento, e ainda mais curioso que o filho nunca havia comentado em se casar com nenhuma moça com quem havia se relacionado anteriormente. Bem, meus pais pensaram de forma parecida.
Na primeira vez que os conheci, ainda não éramos noivos. Eles não entendiam nada de português, nem eu, de alemão. Meu sogro ainda falava alguma coisa em inglês. Mesmo assim, meu marido precisou traduzir do meu inglês para o idioma nativo deles. Foi um fim de tarde bem agradável e de muitas risadas. Até que chegou a hora de me despedir. Fui me levantando e dei dois beijinhos nas bochechas de cada um. Eles ficaram estagnados, sem saber reagir; sorriram e deram tchau.
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Na próxima viagem que fiz, conheci todo o restante da família. Meus sogros e outros parentes me davam dois beijos, nas minhas chegadas, e dois, nas horas de despedida. Tudo feito propositalmente para eu me sentir bem. Sempre se interessaram muito em aprender sobre o Brasil, eram muito simpáticos, tentavam se comunicar com o fraco inglês ou gestos. Posso dizer, com absoluta certeza, que fui muito bem aceita.
Quando nos casamos, durante o almoço de comemoração, meu sogro fez um belo discurso em alemão, que foi traduzido na hora a mim por uma amiga do meu marido portuguesa, que vive há muitos anos na Alemanha. Em um dos trechos, ele falou algo assim: “Conhecemos algumas namoradas alemãs do meu filho. Elas entravam em casa mudas e saíam caladas. Então chegou a Karina, essa querida brasileira. Minha esposa e eu ficamos boquiabertos. ‘Ela fala!’ Mas a gente não entendia nada. Mesmo assim, foi uma tarde muito agradável. (…) Sempre sonhamos em ter uma menina, mas por questões de saúde, não pudemos tentar. Mas hoje podemos dizer que temos nela essa filha.”
A relação familiar na Alemanha é diferente. Eles são cheios de tradições e formalidades. Mesmo assim, depois de mim, as pessoas começaram a se beijar entre si nas chegadas.
A minha adaptação gradual com meus sogros foi ótima. Hoje falo com muita frequência com a minha sogra pelo WhatsApp e já até fui ao teatro e show de rock só com o meu sogro. Às vezes, quando passeio com meu filho na rua, dou uma passada na casa deles. No inverno passado, eu avisava por mensagem que iria passar lá, e minha sogra preparava chá quentinho e biscoitos na mesa para a minha chegada.
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Tive a sorte de formar uma bela família por aqui também, o que dá um certo alívio no coração dos meus pais no Brasil. Eles sabem que eu estou “em boas mãos”. E dessa maneira, sinto-me agradecida por ter tido a sorte de entrar na vida dessas pessoas, e elas, na minha.
Meus sogros são meus amigos. Eles estão sempre dispostos a ouvir qualquer problema e ajudar como possível. Nunca havia imaginado que pudesse construir uma boa relação dessa dimensão com sogros, ainda mais alemães. Falo assim porque costumamos pensar que alemães são mais frios. Eu não consegui ver essa frieza com as pessoas mais próximas por aqui. Tradicionais e formais, sim.
Isso me faz lembrar de uma vez que a minha sogra pediu para irmos visitá-los porque ela gostaria de conversar sobre alguns assuntos. Chegamos lá, e ela se levantou do sofá e pegou um papel com anotações. Eram os pontos que ela gostaria de tratar conosco, algo como: 1- gostaram do móvel novo?; 2- vir nos visitar no domingo; 3- mostrar no jornal aquela oferta etc. Achei engraçado, mas deu para perceber o método que a maioria dos alemães tem.
Depois que nosso filho nasceu, meus sogros ainda aprendem algumas palavras em português para conversar com ele. Como eu falo em português com ele, e meu marido, em alemão, às vezes saem palavras como “água”, “mimir” etc.
Encerro por aqui esse texto declaração aos meus sogros. Realmente tive muita sorte. E vocês? Contem as suas experiências.
5 Comments
Olá Karina. Sou enfermeira e Moro em Berlim há quase 2 anos. Fui trabalhar na minha área q.tem uma demanda enorme no.país. Porém meu sonho msm é trabalhar com COMEX.
Assim como vc eu tb fiz Rel. Internacionais mas nunca atuei na area. Fiz diversos cursos de COMEX na FIRJAN. Será q vc teria alguma dica sobre como eu poderia me inserir na area de COMEX na Alemanha? Muito obrigada e SUCESSO!
Olá Cilene!
Sim, essa área de enfermagem tem alta demanda no país.
A minha dica é para você atualizar o seu currículo no LinkedIn e colocar uma boa foto profissional no perfil.
Procure por empregos nessa área por lá. Muitas empresas alemãs divulgam a vaga no LinkedIN.
Envie o máximo de currículos possível. Uma hora você será chamada para uma entrevista.
Foque no setor onde você já trabalhou no passado, para a sua experiência dar uma valorizada na sua candidatura.
Boa sorte!!
Oi Karina! Sua história é linda, parabéns! Percebi que você escreveu que não fala ou quando conheceu seus sogros não falava alemão. Você consegue se comunicar aí no país somente com o inglês? Li que somente com o inglês é muito difícil conseguir morar aí. Sou enfermeira e pretendo morar na Alemanha então estou pesquisando tudo sobre o país. Aliás seu site é incrível! E qualquer dicas que você puder me dar sobre como e por começar o processo de imigração eu agradeceria muito.
Obs: quero muito cursar Relações Internacionais também!
Parabens Karina. Voce tambem fez sua parte, aposto que e uma otima nora tambem. Eu sou casada com um ingles e meus sogros foram meus segundo pais, infelizmente ja partiram. Boa sorte.
Oi Karina, tudo bem? que linda a sua história, fiquei emocionada lembrando de como fui bem recebida pelos meus sogros alemães, eu posso dizer que também tive muita sorte com os meus sogros. Fico muito feliz de saber que existem outras histórias parecidas com a minha, pois é difícil ficar longe de quem amamos, ficar longe do nosso país e nossa cultura, então é muito bom quando a família nos acolhe, eu amo meus sogros de verdade e se eu pudesse eu guardaria em um pontinho de tão fofos que eles são, dei risada de quando você disse que seu sogro disse que você fala, o meu disse que eu converso muito rsrsrs.. mas isso é fato, eu falo pelos cotovelos e que bom que isso pra algumas pessoas,pode ser visto de maneira positiva mesmo com uma cultura diferente e fechada, seu texto aqueceu meu coração por me fazer lembrar da minha história e dos meus sogros que são para mim pessoas muito queridas. Obrigada por compartilhar sua história conosco.