Checar preços, analisar produtos e comparar tudo com as opções que já conhecemos faz parte do nosso dia a dia. O custo tem uma grande influência nas nossas decisões diárias e devemos ser conscientes ao fazer tal análise, levando em consideração não somente o valor do produto em si, mas a média salarial (poder de compra da população) e valores agregados e intangíveis, como qualidade dos produtos e de vida em geral.
Na minha opinião, o custo de vida na Nova Zelândia é relativamente alto se comparado com outros países. Não posso deixar de mencionar que o país é bem pequeno, em extensão e número de habitantes, e não possui os recursos para produzir tudo que é consumido. Portanto, boa parte é suprido por importações. Apesar de muitos dos produtos importados serem isentos de impostos, o que não aumenta o valor final do produto, a distância geográfica do país gera custos com frete, influenciando diretamente nos valores.
Outro fator que afeta os custos é a mão de obra, que é valorizada no país. Ou seja, trabalhadores recebem um salário justo, o que eleva o preço de alguns serviços oferecidos. Por essa razão, alguns produtos e serviços, como moradia, têm sofrido aumentos consideráveis. Claro que parte disso também é devido à grande demanda atual por casas no país. Apesar dos muitos planos do governo visando solucionar esse problema de moradia para que todos tenham condições de ter uma casa, ainda não houve uma mudança concreta nesse cenário.
É interessante pensar que os valores de carros, por exemplo, são muito razoáveis e várias famílias possuem carros para todos os membros com idade para dirigir. O que impressiona é que não existe fábrica de veículos por aqui, são todos importados de lugares diferentes e, ainda assim, as pessoas conseguem comprar carros sem a necessidade de pagar juros absurdos ou dividir em 36 ou 48 vezes.
Outra coisa que ajuda bastante são os impostos. Na realidade, o imposto em produtos é cobrado através do GST (goods and services tax), que é uma taxa única de 15% sobre bens e serviços em geral. Essa taxa é aplicada em todo o país e o consumidor sempre sabe o quanto afeta o preço final do produto, o que é muito legal.
No mês de fevereiro, em um dos maiores jornais do país, foi destaque uma reportagem sobre o custo de vida em 2016, divulgada pelo New Zealand Now, comparando as principais cidades da NZ com algumas das principais cidades do mundo. Auckland, maior cidade do país, ficou em 98º, e Wellington, a capital da NZ, ficou em 123º no ranking. Veja o artigo na íntegra.
Este artigo mostrou que os preços dos produtos e serviços por aqui não são tão altos assim. Foi divulgado, também, um quadro do custo de vida médio de uma família no país por semana. Veja o mesmo através do quadro abaixo, que simplesmente traduzi da reportagem:
Tipos de gastos | NZ$ | Percentual |
Comida | 218.4 | 16.8 |
Bebidas alcoólicas e cigarros | 31 | 2.4 |
Roupas e sapatos | 37.9 | 2.9 |
Moradia e contas básicas da casa | 332.3 | 25.6 |
Produtos e serviços para a casa | 49.1 | 3.8 |
Saúde | 38.8 | 3 |
Transporte | 195.2 | 15 |
Comunicação | 35.5 | 2.7 |
Lazer e cultura | 118.8 | 9.1 |
Educação | 22.6 | 1.7 |
Outros bens e serviços diversos | 115.3 | 8.9 |
Outros gastos | 147.7 | 11.4 |
Vendas, trocas e reembolsos | -42.7 | -3.3 |
Total de gastos | 1,299.90 | 100 |
Vários gastos supérfluos foram considerados nesse caso para realmente refletir uma típica família local. Caso queira comparar preços de produtos, geralmente usa-se os sites abaixo:
PriceMe Smarter shopping | PriceMe
Powerswitch | Consumer NZ
A média salarial do trabalhador na NZ em 2016 foi de 49.855 NZD por ano, e na maioria das famílias 2 pessoas trabalham, o que ajuda a balancear as contas. Os salários irão sempre variar de acordo com a profissão e cargo. O salário mínimo é atualmente 15,25 NZD por hora. Um trabalhador trabalha em média 40 h semanais, portanto, com o salário mínimo é necessário avaliar as prioridades e definir bem os gastos para que tudo caiba dentro do orçamento.
Vale destacar que há diversas maneiras de se planejar e controlar os custos. Métodos como pesquisar antes de comprar, comprar produtos de segunda mão, aguardar promoções (que sempre acontecem), pode com certeza ajudar a baixar os custos. Outra questão muito importante é o estilo de vida de cada um, questões como gastos demasiados com lazer, alimentação em restaurantes, podem afetar bastante o orçamento final.
Sempre quando encontro pessoas que acabaram de chegar ao país, ouço dizerem sobre o alto custo de vida, e a comparação com os preços do Brasil é inevitável. Alguns produtos possuem melhores preços e qualidade em geral. Mas custos como de moradia e serviços podem ser mais elevados. Imagino que essa diferença nem deva estar tão grande ultimamente, visto que infelizmente os preços no Brasil andam surpreendendo.
É importante destacar que por aqui o que vale mesmo é a qualidade de vida. As pessoas não se preocupam tanto em ter e consumir como no Brasil. Essa mudança de hábito acaba fazendo com que você automaticamente diminua seus custos, visto que estará comprando apenas o que precisa e te faz bem, não produtos para acompanhar a sociedade em que se vive.
Meu conselho é: planeje-se! Entenda o seu estilo de vida atual e saiba que este sofrerá mudanças ao morar em outro país, evitando surpresas financeiras. Lembrando sempre que tem coisas na vida que realmente não tem preço.
9 Comments
Observando o quadro de gastos de uma família neozelandesa média, vejo algumas coisas que mostram a grande diferença com uma família classe média (não média-alta) das grandes cidades do Brasil. Veja a conta “Educação”, que custa NZD 22.6 por semana ou NZD 90.4 por mês. Isso é algo como BRL 197,30 por mês. Esse valor mal paga o custo com material escolar (livros e materiais diversos) de meus filhos. Só de mensalidades escolares (preço bem mediano em São Paulo) gasto mais de 15 vezes esse valor (2 filhos), o que já levaria o gasto com “Educação” superar bastante o gasto com “Moradia e contas básicas” na Nova Zelândia. Da mesma forma, o gasto com “Saúde” de NZD 38.8 por semana, ou NZD 155.20 por mês (cerca de BRL 339,00 por mês), paga perto de 1/4 do custo de um plano de saúde familiar médio (casal e 2 filhos) no Brasil, mesmo com a ajuda da empresa que o segurado trabalha! Assim, aqui em São Paulo, sobra quase nada para a conta de “Lazer e cultura”, “Outros bens e serviços diversos” ou “Outros gastos”. Interessante que os gastos com a conta “Comida” se aproximou bem da minha realidade e dos que eu convivo.
Oi Francisco muito obrigada pelo seu tempo e a sua contribuição. Não conhecia esses dados do Brasil e ter essa comparação ajuda bastante a entender tudo melhor. Bjão e até breve!
Olá Rosana! pretendo ir à Nz em 2018, para estudar inglês e aprender sobre esportes!sou formada em Educação Física! suas informações me serão muito úteis! quem sabe te conheço por aí! abração da também mineira!!!
Olá Juliana!
A Rosana Melo parou de colaborar conosco, mas temos outras colunistas na Nova Zelândia.
Você pode entrar em contato com elas deixando um comentário em um dos textos publicados mais recentemente no site.
Obrigada,
Edição BPM
Oi Juliana, como a Liliane disse não estou contribuindo com o blog no momento pois tive um bebê. 🙂
Será um prazer conhece-la por aqui. Se precisar de ajuda com o curso de inglês posso ajuda-la. Esse é o meu trabalho por aqui, me mande um email no rosana@yepmundi.com. Bjao
Rosana, também faço um MBA em Finanças no Brasil e, pretendo passar algumas semanas na NZ estudando inglês (algo voltado aos negócios), saberia indicar alguma escola?
Oi Micael, com certeza posso ajudar. Veja que esse é o meu trabalho atualmente. Me manda um email no rosana@yepmundi.com. Estarei no aguardo. Bjao.
Olá! Eu gostaria de morar na nova Zelândia,somos em cinco pessoas na família gostaria de saber como é a vida de imigrantes e sobre trabalhos escola para um filho adolescente e outro de oito anos! Não falamos nada de inglês.quais são as maiores dificuldade para família igual a nossa q tem esse interesse?
Olá Ivanilda,
A Rosana Melo parou de colaborar conosco, mas temos outras colunistas na Nova Zelândia que talvez possam te ajudar.
Você pode entrar em contato com elas deixando um comentário em um dos textos publicados mais recentemente no site.
Obrigada,
Edição BPM