Qualquer viagem requer planejamento. Uma mudança para outro país requer uma preparação ainda maior. Mudar-se para a Guatemala não é diferente. É preciso dizer que viver no país como estrangeiro não é o mesmo que viver como um guatemalteco.
O estrangeiro não tem os mesmos direitos que o residente, como acontece em muitos países. Para citar um exemplo, não temos direito a ter um cartão de crédito de um banco local. Aquele nosso costume de comprar parcelado não se aplica no país. E mais, será preciso pesquisar bastante sobre valores de aluguel, condomínio, etc, além de decidir se irá alugar um local mobiliado ou se irá mobiliá-lo por sua conta. Cada uma das decisões pesará muito no orçamento. No artigo deste mês falarei um pouco sobre a preparação financeira necessária para morar no país pensando em questões básicas de educação e saúde, itens essenciais em nossas vidas.
Para quem tem filhos, educação é sempre uma preocupação. Quando o assunto é educação na Guatemala, é necessário visitar dois mundos: o do ensino público e o do ensino privado. Como em vários países, a Guatemala possui diretrizes curriculares, mas o ensino ainda é considerado fraco. As razões são várias: falta de acesso dos professores a uma formação de qualidade, crianças que falam algum idioma de origem maia como primeira língua e, por tanto, têm o espanhol como segunda língua, dificuldade de acesso à livros e outro material escolar, etc. Por estas razões e por questões pessoais, estrangeiros que moram no país optam por matricular seus filhos em colégios privados.
Entre os cem melhores colégios no ranking de 2015, todos são da rede privada. As opções de escolas privadas são muitas: há colégios americanos, um suíço, um alemão, e vários Guatemaltecos bilíngues. Os preços variam muito, mas é possível encontrar uma escola bilíngue pela metade do valor que se paga nas grandes capitais no Brasil ou até menos. No entanto, é preciso saber que o valor inicial pode ser bem alto. Em algumas escolas é preciso adquirir um Ipad que será usado ao longo de todo o ano, pagar pelo material escolar, pelo acesso aos livros digitais, seguro de saúde e ainda uma taxa de matrícula. Nos colégios internacionais normalmente é feita uma avaliação de currículo e uma entrevista com os pais e o aluno. Outro ponto importante é verificar o calendário que pode ser o guatemalteco, que vai de janeiro-outubro, ou o americano que vai de agosto-junho. O horário escolar também varia.
A questão da saúde no país é delicada. Não se recomenda a saúde pública na Guatemala, pois é extremamente precária (lamento muito dizer isso). A saúde privada é muito boa, pois grande parte dos médicos além de serem formados na Guatemala fazem especializações em outros países, como nos EUA ou no Brasil. Isso é bom porque dá a eles uma perspectiva mais ampla. O que impressiona aqui é a agilidade do serviço. É possível fazer mamografia, ultrassonografias, exames de sangue e densitometria óssea, todos no mesmo dia, em pouco mais de uma hora e sem agendamento. No final do dia todos os seus laudos estarão disponíveis no seu e-mail e serão encaminhados para o seu médico ou sua médica. É incrível! O valor das consultas e dos exames é bem mais baixo se compararmos com o Brasil.
Uma consulta médica não passa de Q 300.00 ou R$ 151,82 na nossa moeda. O grande preparo financeiro é para o caso de haver a necessidade de internação hospitalar. Chegando ao hospital eles atenderão ao paciente, farão uma avaliação inicial e em poucos minutos um responsável pelo setor de cobrança solicitará os dados do cartão de crédito para o depósito de um valor que pode ser bastante alto. Claro que este valor depende da gravidade do problema. Isso quer dizer que pode ser uma boa ideia ter uma reserva financeira para emergências médicas. Considerem também fazer um plano de saúde ao chegar ao país.
Caso você esteja pensando em trazer o seu animal de estimação, as exigências do país são poucas: vacinas em dia e atestado médico. Aqui se encontra excelente atendimento para os pets. No entanto, para eles também é preciso planejamento. Minha cachorrinha, Cléo, uma adorável daschund já com 13 anos de idade passou mal poucos dias depois de chegarmos ao país e corremos imediatamente com ela para o hospital veterinário. Chegando lá ela estava praticamente inconsciente e com os olhos muito inchados. Ela não respondia a estímulos e estávamos muito preocupados. Chamaram o veterinário que chegou relativamente rápido, mas antes de tocá-la, antes mesmo de nos perguntar o que estava acontecendo, nos perguntou se conhecíamos os procedimentos de atendimento de emergência. Ele nos explicou que não importava o que fosse ela teria que passar a noite e que isso iria nos custar um valor X e que se tivesse que fazer exames seria a parte. Claro que nem piscamos. Meu marido fez o pagamento e só então eles a levaram para dentro. Ela precisou passar por uma cirurgia de emergência e foi muito bem atendida, mas confesso que me assustei muito com a questão comercial vindo antes da vida do animal. Eles devem ter lá suas razões para agirem desta forma, mas imaginem se não temos o dinheiro na hora? Ela teria morrido com certeza! Então anotem aí.
Como mencionei lá no início, nao é possível ter cartão de crédito do banco local. Há cerca de três anos os bancos deixaram de fornecê-los para estrangeiros. A única maneira seria ter algum guatemalteco que assinasse um termo de responsabilidade para você, e ainda assim não há garantia de que irá conseguir. Para abrir uma conta bancária no país, o primeiro passo é retirar um NIT. Um documento necessário para questões tributárias. Eles levam a questão da nota fiscal aqui muito a sério. Tendo um bom planejamento inicial, se vive bem no país. Aqui tem de tudo um pouco e o atendimento em geral é de qualidade. Bem, tenho que parar por aqui, mas há tanto o que dizer sobre a Guatemala! Para que possam saber mais, abaixo vocês encontram links sobre os assuntos abordados.
Para saber mais:
2 Comments
estou recebendo uma proposta de emprego dai da guatemala
o que voce pode medizr
Olá Ronaldo,
A autora não faz mais parte do nosso time de colunistas. Não temos ninguém escrevendo da Guatemala.
Equipe BPM