A decisão de morar em outro país ganha um pouco mais de complexidade quando há crianças e adolescentes no pacote, principalmente quando eles estão em idade escolar. Não se trata apenas de aprender em um novo idioma – isso por si só já é um desafio imenso – mas, principalmente, conviver em outra cultura, fazer novos amigos e entender a dinâmica da nova escola.
No meu caso – vim para a Austrália com dois filhos, de cinco e seis anos na época, ou seja, no início da alfabetização no Brasil -, nossa maior preocupação era o que íamos encontrar na escola australiana. Tivemos muitos questionamentos: Como eles vão aprender em inglês? E o primeiro dia de aula? Eles vão chorar? Todos eles eu respondo logo abaixo aqui no texto.
Além da barreira da língua, tínhamos a preocupação de vê-los deixar para trás a escola acolhedora, as professoras e tantos amigos que estiveram com eles desde quando iam para as aulas de fraldinha e mochila nas costas.
Mas, depois de um ano morando na Austrália, posso dizer que deu certo. A transição foi tranquila e hoje eles estão totalmente adaptados à nova realidade. O que acho válido da minha experiência vou compartilhar com vocês:
Entender antes de partir
Uma das dicas importantes é fazer com que os filhos entendam a mudança e participem dela. Antes mesmo de as passagens estarem compradas, conversamos com nossos pequenos sobre os nossos planos de mudança e por que estávamos fazendo isso. Fomos claros quanto à parte boa e ruim dessa jornada.
Fizemos, por exemplo, eles participarem da escolha do que seria guardado “para sempre” na casa da vovó, o que seria entregue a outras crianças e o que poderia ser levado para a Austrália (isso significou uma pequena caixa de brinquedos e pouquíssimas roupas). Para eles, quase tudo de material foi deixado para trás. As crianças também pesquisaram sobre o novo país que iriam morar. Lemos livros, vimos filmes e fotos. Eles adoraram saber que iam poder ver os cangurus e coalas.
Fizemos de tudo para tornar a viagem um presente para eles, também.
Envolver a escola e os amigos no Brasil
Também dividimos a informação com a escola e tivemos sorte de eles nos ajudarem nessa transição. A professora do meu filho fez aulas especiais sobre a Austrália e todos os amiguinhos ficaram felizes de saber sobre o país e tudo que meu filho poderia conhecer. E ele, claro, se sentiu importante ao dividir o que sabia e orgulhoso de dizer que ia viajar (sem mesmo saber o que isso, de verdade, significava). Minha filha também fez desenhos e contava como ia ser legal morar na Austrália.
Decidimos abordar as perdas que teríamos nessa jornada mas, principalmente, valorizar os ganhos.
A chegada à nova escola
Meus filhos tiveram alguns dias de preparação antes de entrar na nova escola: chegar e conhecer a nova cidade, visitar os parques, tirar fotos nos lugares que tínhamos visto antes, comer a comida local e apreciar o fato de estarmos num lugar tão bacana.
Bom, sobre a escola, aqui na Austrália as crianças devem estudar obrigatoriamente aos seis anos (ou no ano que completam seis). Foi por isso que, vinte dias depois da nossa chegada, meu filho, com seis anos, foi para a escola e minha filha, com cinco anos, teve que esperar mais quatro meses. (A opção seria matriculá-la em uma escolinha, aqui chamada de “child-care” ou “pre-school” – comparável a uma “creche”. Mas além de caras – pelo menos AU$ 100.00 por dia – são poucas as vagas, uma vez que não é compulsório a criança estudar antes dos seis anos).
Para prepará-los, ambos visitaram a escola, compraram mochilas e uniforme. Claro que tive que explicar por que um podia estudar e o outro, não. Isso foi um pouquinho complicado. Então, com a minha filha, fiz uma série de atividades educativas em casa, imersão no inglês e muito parquinho – para que ela pudesse conviver com outras crianças. Outra boa opção que tivemos foi participar na escola onde ela ia estudar do processo de integração – chamado “Good Beginnings” (tradução livre “bons começos”), que são atividades educativas para crianças menores de seis anos. Foi interessante, porque ela brincou com outras crianças já no ambiente escolar.
Claro, não pressionar. Cada um tem um tempo de adaptação
Muitas vezes deu vontade de voltar pra casa e pra nossa realidade; ver meus filhos enfrentando um novo mundo não foi fácil. Muitas vezes chorei ao deixá-los na porta da escola. Foram muitas vezes que eles diziam que a cabeça doía (seis horas ouvindo uma língua que não entendiam direito), mas eles nunca faltaram ou pediram para não ir. Foram bastante corajosos e o ganho foi imenso.
Ambos, cerca de três meses depois, já estavam mais tranquilos, conversando com amigos e sabendo muitooo inglês. Agora, passado um ano, eles são totalmente fluentes em inglês e estão adaptados à nova realidade.
É importante lembrar que o sistema educacional na Austrália difere de estado para estado, com pequenas adaptações à realidade local. O visto que a pessoa porta no país também pode representar algumas mudanças em relação aos valores, por exemplo. Por isso é essencial checar direto na fonte. Uma opção de informação é o site do Departamento de Educação australiano.
Bom, essa foi a minha experiência. O que aprendemos com ela é que, mesmo com um pouquinho de sofrimento no começo da jornada, tendo paciência, planejamento e carinho com as crianças nesse processo, a possibilidade de a transição ser tranquila é grande.
1 Comment
Fabiana ,tudo bem?
Se puder me mandar seu e-mail ou um oi!
Eu tenho uma filha de 7 e quero estudar inglês na Australia e mts das escolas me desmotivam a leva-la , dizendo q ia ser mt mt caro , ou muito complicado!
Se puder me dar maia dicas.
Obrigada
Beijo grande