Festa de São João em Portugal.
“São João, São João dá cá um balão para eu brincar…”
Finalmente é chegado o dia da mais esperada festa popular do Porto. A cidade fica mais bonita, enfeitada, iluminada e milhares de pessoas saem às ruas.
Como em Portugal “respiramos” tradição por todos os lados, não poderia ser diferente com a festa do santo. As fogueiras e balões não podem faltar. Olhamos para o céu e vemos balões por todos os lados.
Para o jantar do dia 23 de Junho, nada mais tradicional que as sardinhas e pimentos assados. Pimento é como é chamado o pimentão, no Brasil. E para acompanhar, uma boa broa e um bom vinho.
Para quem não é do Porto e participa da festa pela primeira vez, o que chama atenção é muito mais do os pratos típicos, fogueiras e balões.
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O São João não pode ser considerada completo se não tiver os manjericos, o alho-porro, a erva-cidreira, os martelinhos e fogos de artifício à meia-noite do dia 24 de Junho.
Os manjericos são ervas aromáticas e apesar de não fazerem parte da festa, é comum a sua venda em pequenos vasos na época da festa de São João para oferecermos às pessoas queridas. Geralmente os homens compram um vaso de
manjericos, que vem com pequenos versos, para oferecer às suas namoradas.
Quem sai à noite para a festa deve estar preparado para levar marteladas e alho-porro na cabeça. O som dos martelinhos são ouvidos constantemente e por todos os lados.
Devemos manter sempre o bom humor, porque é impossível que os martelinhos de plástico e barulhentos não sejam martelados na nossa cabeça.
Em alguns momentos, parece que todos resolvem nos escolher para martelar e martelar… E não importa se são crianças, jovens ou idosos. Nesta hora, todos passam martelando as cabeças uns dos outros.
O alho-porro é um símbolo de boa sorte e que é passado na nossa cabeça como forma de nos proteger do mal olhado.
No entanto, para alguns autores, este está associado a um ritual erótico com reminiscências fálicas, assim como os ramos da erva-cidreira (e de limonete), usados pelas mulheres para pôr na cara dos homens que passam, estão associados aos pelos púbicos femininos.
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Com toda sinceridade, e sem desmerecer qualquer estudo, o que percebemos nas ruas é que as pessoas não fazem idéia destas origens. A brincadeira é passar o alho na cabeça de quem passa para esta fique com o cheiro do mesmo.
A cidade fica em festa, com espetáculos nos principais pontos da cidade.
Em 2014, a Avenida dos Aliados teve a apresentação do DJ Fernando Alvim e do DJ Bob Sinclair, um dos mais aclamados do mundo, que fizeram com que os presentes levantassem os martelinhos, cantassem e dançassem com o seu som.
À meia-noite do dia 24 de Junho, um espetáculo com fogos de artifícios na Ribeira como numa noite de Reveillon. E por ser feriado no dia 24, todos descansam da festa e como manda a tradição, saboreiam um delicioso cabrito assado.
E assim os portuenses celebram o São João e perpetuam a tradição.
21 Comments
Adriana, obrigada por esse texto tão lindo quanto suas fotos!! Eu não conhecia os costumes, mas pra falar a verdade não tem coisa melhor que ganhar um manjericão!!!! Eu adooro!!
Broa, vinho, erva-cidreira…esses portugueses sabem o que é bom na vida!!
bisous!!
Obrigada pelos elogios, Ana. Realmente os portugueses sabem o que é bom. 😉
Que lindo! Eu hoje lembrei da minha infância. Você conhece aquela canção que canta: “Capelinha de melão / é de São João / é de cravo, é de rosa / é de manjericão”…? Hoje vi uma foto da tal capelinha, feita de um melão com um corte a 3/4 e decorado com cravos-da-índia, rosas e ramos de manjericão, que se não me engano é uma tradição portuguesa incorporada pelo Brasil.
Lembro, sim. Também vi esta foto estes dias. Mas confesso que não sabia antes que a canção era por causa deste costume. Obrigada por ler o texto.
Ai que delicia de festa! Espero que um dia eu possa participar de algo assim. So nao gostei muito da ideia do alho! Rs Lindas fotos!
Do alho todo mundo foge. 🙂 Obrigada.
Parabéns pelo texto!
Bem diferente do Brasileiro.
Obrigada.
É diferente mesmo.
Acredito que no Brasil não daria muito certo estas marteladas na cabeça.
Cada povo com sua cultura… 😉
Belo texto e lindas fotos! Parabéns!
Obrigada, Marcia.
Oi Adriana, adorei seu texto porque amo ler sobre as festas tradicionais de outros países. Achei engraçadíssima a simpatia da erva cidreira…rs… ri só de imaginar as solteiras passando a planta na cara dos rapazes.
Beijos
Fico feliz por ter gostado do texto. O que vemos mais é o martelo e depois o alho. Ficar com o cheiro do alho e levar muitas marteladas às vezes não é muito agradável. Temos que por em mente que o dia é de festa
Que emocionante! Eu amo festa de São JOão e uma das coisas que me deixava doida de saudade era justamente nao ter uma festa junina por perto..Revivi muitas emoções lendo o seu texto. Parabéns
Fabiana, fico feliz com todos os comentários, mas saber que um texto meu trouxe boas emoções e fez com que você revivesse bons momentos traz uma alegria indescritível.
Obrigada.
Entendi o significado do alho…. mas por que as marteladas?? Eu ia precisar exercitar meu temperamento, acho que estressaria com tanta martelada hahahahahaha. Mas é legal conhecer as tradiçoes de outros países. Adorei o texto.
Joy, eu penso que na realidade as pessoas estão ali martelando pela brincadeira, pelo costume, e a maioria não sabe a origem de tal coisa.
O que li sobre o assunto informou que o alho e o martelo são símbolos de boa sorte e o martelo é uma versão moderna do alho.
Em que uma martelada pode indicar boa sorte eu não consigo entender muito bem. 🙂
Adriana, gostaria de aproveitar o espaço para retomar brevemente o assunto que você tratou no seu primeiro post.
Por motivos pessoais, tenho a intenção de estudar e residir na Europa. Conheço relativamente bem o continente, inclusive já fiz cursos de idiomas tanto na Inglaterra quanto Alemanha. Tenho uma pergunta direcionada especialmente a você, que é da mesma carreira que eu. Sou estudante de Direito aqui no Brasil e, pelo o que andei lendo, é possível que inscritos na OAB aqui também façam parte da OA portuguesa, sem necessidade de exame ou estágio. Isso é mesmo verdade? Supondo que seja, meu interesse por um mestrado aí cresce bastante, já que há uma possibilidade de inserção profissional na minha área. E isso por si só já abre um espaço tremendo para a atuação em outros países da UE, onde o advogado não-europeu sequer tem chance de prestar exames e se mostrar apto a exercer a profissão.
Como possuo exata noção dos problemas econômicos portugueses, além de saber que a profissão passa por um mau momento (baixos salários e desemprego crescente), uma outra dúvida surge: visto que não teria lá tantas esperanças de terminar um mestrado empregado, existe algum prazo conferido por Portugal para estrangeiros que estudaram lá permanecerem no país com o intuito de procurar emprego (como ocorre em vários países europeus, variando de seis a dezoito meses)? Ou concedem qualquer tipo de visto?
Outra pergunta, supondo que a resposta para todas acima seja negativa, a aquisição da nacionalidade portuguesa via naturalização precisa sempre obedecer o critério de seis anos de residência? Pergunto isto, pois, em alguns países esse tipo de critério é suavizado, como na Espanha (iberoamericanos, reduzido para dois anos) ou França (também dois anos para quem completar algum tipo de estudo superior lá).
Sei que questionei demais e vou consumir bastante o seu tempo, mas são informações vitais que simplesmente não encontro na internet — pelo menos não com facilidade. Ficarei agradecido se puder me responder.
Victor,
Advogados inscritos na OAB, com anuidades em dia e sem processo disciplinar podem se inscrever na OA pois existe regime de reciprocidade.
Se você não é português e não tem residência legal, um advogado português deverá declarar que o seu endereço profissional é o mesmo que o dele.
Ressalto que o fato de estar inscrito na OA permite o exercício da advocacia em Portugal mas não autoriza automaticamente a residência legal no país.
Para tal deverá requerer junto ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras – SEF a sua permanência legal, se tiver preenchido os requisitos que determina a lei.
Quem tem visto de estudos, não pode trabalhar. No entanto, nada obsta que após terminar o seu visto de estudos, você entre com o pedido de legalização através de um contrato de trabalho.
Desconheço que exista algum período em que você possa permanecer de forma legal sem qualquer tipo de visto ou cartão de residente.
Se o interessado não é descendente ou adotado dentro da menoridade por um português, poderá ser adquirir a nacionalidade através do tempo de residência legal – seis anos no mínimo ou através do casamento com cidadão português, desde que seja casado há mais de 3 anos e comprove ligação efetiva à comunidade portuguesa, que somente é considerada para quem vive no país.
Muito diferente a festa de São João comparando Portugal e Brasil. Aliás nem sabia que por lá eles comemoravam esse dia. Conheço o maior São João do mundo, em Campina Grande Paraíba, o São João de Caruaru Pernambuco. Agora fiquei com vontade de conhecer o São João europeu heheheh!
Olá Adriana
Escreves muito bem. Parabéns.
Sou brasileiro e tenho a nacionalidade portuguesa. Moro no Brasil em São Paulo e sou consultor de marketing, coach e professor universitário. Tenho 55 anos e gostaria de mudar para Portugal. Quais seriam os primeiros passos, conheço o Porto e me parece uma cidade muito agradável, também Lisboa. Como, daqui do Brasil, verificar imóveis, emprego, etc. Muito obrigado pela sua atenção.
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