O dia de Páscoa em Portugal é de grande festividade. Penso que para os portugueses a Páscoa está no mesmo nível de importância que o Natal. O dia do nascimento e da ressurreição de Jesus Cristo são considerados aqui como datas muito especiais para os cristãos.
E como Portugal é uma país onde as tradições estão presentes em todos os lados, não podia ser diferente na Páscoa.
As pessoas costumam trocar as cortinas, deixar a casa mais limpa, mais decorada para o grande dia, que terá sempre uma mesa farta com folar, bolos, amêndoas, pão de ló, vinho do porto e ovos cozidos coloridos.
Pelo menos no Norte de Portugal, os católicos costumam receber em casa a visita do Compasso Pascal que, segundo estudiosos, é uma tradição medieval.
A paróquia de cada freguesia envia seus paroquianos e, quando possível, os seus párocos, com vestes próprias para visitarem as casas da freguesia com uma cruz com a imagem do Cristo crucificado.O objetivo desta visita pascal é abençoar as casas por onde passam.
Muitas pessoas decoram as ruas e as entradas das casas com tapetes de flores para o tão esperado Compasso para a bênção de Cristo ressuscitado.
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A família toda fica reunida na sala, vestida com roupas de festa, e conseguimos ouvir das ruas o barulho dos sinos a indicar a chegada da visita dos paroquianos.
Ao chegarem, proferem palavras religiosas e benzem os presentes com água benta. E todos beijam a cruz, geralmente os pés de Jesus crucificado, em sinal de respeito e adoração.
E todas as guloseimas postas à mesa são oferecidas aos paroquianos para que delas provem, o que nem sempre é possível por parte dos mesmos porque já visitaram outras casas onde também foram-lhes oferecidos alimentos.
Os que tem condições financeiras, o dono da casa que recebeu a visita entrega um envelope com uma quantia de dinheiro para que este seja entregue à paróquia.
Muito embora nos últimos eu tenha observado o aumento do número de ovos de chocolate à venda em Portugal, a tradição de Páscoa é oferecermos amêndoas. Estas podem ser cobertas com chocolates ou com açúcar.
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Na Páscoa, os padrinhos sempre dão presentes ou dinheiro para os afilhados, que no Domingo de Ramos costumam dar flores ou plantas para os padrinhos.
No Norte, o almoço de Páscoa costuma ser um saboroso cabrito assado no forno.
Para os portugueses, a Páscoa é um dia de bênçãos, de união familiar. Penso que o lado religioso, a união familiar, estão sobrepostos ao lado comercial, o que lamentavelmente observo no Brasil onde as pessoas preocupam-se em gastar fortunas em ovos de chocolate e esquecem da ressurreição de Cristo.
Acreditar na ressurreição de Jesus é acreditar em Deus e no seu poder.
“Fiel é Deus, o qual os chamou à comunhão com seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor.” 1 Coríntios 1:9
Que o Senhor abençoe a todos nós.
11 Comments
Gostei do seu texto. Lembro de uma tradição parecida com este Compasso quando era pequena. Na cruz havia uma longa fita e cada casa cortava um pedaço e guardava. Pelo menos lá no sul tinha esta tradição há uns 30 anos atrás. Acho que hoje em dia, como você comentou, tudo está tão capitalista no Brasil que não há lugar mais para estes pequenos gestos religiosos. Parabéns pelo texto e feliz páscoa. 🙂
Eu é quem agradeço pela sua leitura, Evelyse.
Eu sou do Rio de Janeiro e pelo menos por lá nunca vi nada parecido.
Minha mãe diz que é mais comum em cidades do interior, mas realmente não sei se nos dias atuais ainda o é.
O que mais admiro nos portugueses é a capacidade que eles tem de não deixar que as tradições acabem.
Portugal é rico em histórias e tradições.
Feliz Páscoa para você também. 😉
Hoje mesmo comentei com a minha sogra, que gostava da Páscoa aqui, que a gente nem lembra dos ovos de Páscoa (não é obrigação), que a gente vive mais o espírito Pascal, embora no Brasil, minha família católica praticante, sempre viveu este verdadeiro sentido, mas acabávamos sufocados pelo comércio da coisa… E está sendo mais emocionante este ano, que o Gabriel começou na catequese.
Marcela,
Fico pensando nos pais que ganham pouco ou que tem muitas contas para pagar, como se sentem com esta “obrigação” de ter de gastar um dinheirão num ovo de chocolate.
Deve ser muito complicado.
PaRECE SER BEM ANIMADO! DESEJO UMA OTIMA PASCOA PRA VOCE E SEUS FAMILIARES! 🙂
Obrigada.
Espero que a sua tenha sido muito especial.
Muito bom preservar as tradições e o verdadeiro significado. Belo post Adriana!
Obrigada, Victor.
Portugal preserva muito as suas tradições. E isso é o que mais admiro neste país.
Oi Adriana! Espero que tenha tido uma otima Pascoa! Fiquei curiosa em saber se em Portugal ainda existe a Procissao do Enterro ou Procissao do Senhor Morto, na qual vai uma mulher representando Veronica, com o rosto coberto por um veu e, em cada parada da procissao, ela canta motetos em latim? Eu cresci no interior de Minas e la ainda preservam essa tradicao. Sao varios rituais durante toda a Semana Santa e na sexta, as pessoas evitam qualquer atividade e ficam num clima de luto mesmo. Durante a procissao, todos carregam velas e a cerimonia eh muito emocionante, principalmente quando a Veronica canta. Pode parecer loucura, mas durante ha muitos anos atras, numa sexta-feira Santa, quando eu e alguns amigos resolvemos fazer um churrasco, minha mae ficou uma fera e me pedia para respeitar a data, pois nao deviamos fazer festas muito menos comer carne naquele dia. Eu e meus amigos insistimos e o mais curioso foi que a carne do churrasco queimava na churrasqueira e quando a gente cortava, sangrava por dentro, nao assava nunca. Nao conseguimos assar um sequer pedacao de carne naquela noite. Foi uma situacao muito sinistra e que nunca mais me esqueco. xx
Fernanda,
Em Portugal existe a Procissão do Enterro do Senhor, mas eu nunca vi. E não é da mesma forma que no Brasil, com uma mulher representando Veronica.
Esta procissão acontece apenas em algumas regiões do país.
Quanto à carne vermelha, em Portugal também é costume não come-la nesta época.
A origem da tradição de comer peixe é fazermos um sacrifício para nos sentirmos mais unidos a Deus, uma vez que deixar de comer carne para muitos é um sacrifício.
Particularmente, um peixinho grelhado ou um bacalhauzinho com batatas e azeite, principalmente português, não é sacrifício nenhum. Por isso, eu não sigo esta tradição.
A união com Deus vai muito além deste “sacrifício”, na minha modesta opinião.
Creio que trazemos para nós a energia daquilo em que acreditamos.
Se fosse para pensar em algum “recado” do churrasco queimado, pensaria que a carne queimou porque aquele dia em especial era para avaliarmos o significado do martírio, da morte e da ressurreição de Jesus e não por causa da carne em si.
Mas, quem sou eu para escrever algo sobre isso? Talvez tenha queimado por que o churrasqueiro era ruim mesmo. 🙂
Não me leve a mal. 😉
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