Festas e tradições natalinas na Costa Rica.
O Natal é pra mim, talvez, uma das celebrações mais gostosas do ano. É como se tudo ao nosso redor se enchesse de esplendor, as casas ficam mais aconchegantes, os amigos mais queridos, a família mais próxima.
Não é só a noite de Natal, mas sim todos os rituais que a antecedem que fazem de dezembro um mês mágico. A magia acontece quando você começa a ver tudo isso com olhos de criança, e o aroma que paira no ar desperta as lembranças e sentimentos de amor e gratidão compartilhados em família.
A Costa Rica é um país cristão, predominantemente católico, que busca manter as tradições natalinas em torno da celebração do nascimento de Jesus e da reunião familiar, apesar da influência mercadológica envolvida com a festividade.
Tanto é que uma das primeiras atividades que se realiza em dezembro é a iluminação de uma grande árvore de Natal que fica dentro do Hospital Nacional de Niños, para que as crianças que estão internadas recebam a alegria do nascimento do menino Jesus. Essa tradição celebra 55 anos em 2018 e conta com uma programação gratuita que começa às 15h e culmina na iluminação da árvore com mais de 34.000 luzes, às 18h.
Outra tradição em San José é o “Avenidazo”, ocasião em que se abre as festas de Natal com muitas atividades para todas as idades e também como uma forma de promover o comércio local para a temporada durante vários dias no início de dezembro.
Em ordem de atividades, segue o “Festival de la luz” promovido pelo município de San José, onde desfilam, pelo Paseo Colón e Avenida Central, carros alegóricos (“carrozas”) decorados com variados temas e onde tocam mais de 10 bandas instrumentais.
O Festival é como um desfile de escolas de carnaval com decoração e musicas natalinas, com um homenageado principal (chamado “mariscal”). Em 2018, o evento vai ser realizado sábado, dia 15 de dezembro, às 18h. Para quem vai assistir ao desfile, se recomenda muita precaução com pertences e, principalmente, com as crianças; levar água e uma muda de roupa extra.
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As festas de Zapote começam no final de dezembro e duram duas semanas aproximadamente. Assim como o Avenidazo e o Festival de la luz, as festas de Zapote apesar de acontecerem no período natalino, são festas para compartilhar com família e amigos, mas não são festas tão natalinas. Aparentemente adaptadas das tradições espanholas, o personagem principal dessas festas é o touro, com quem se faz jogos, mas sem causar danos a ele. Existem jogos mecânicos, comidas e bebidas típicas dos parques de diversão vendidas em postos chamados chinamos.
Em paralelo a todas essas festividades, durante todo o mês as famílias decoram suas casas com árvores de Natal, normalmente naturais (um fornecedor muito bem recomendado por aqui é uma cooperativa agrícola chamada Arboleda El Portal que se dedica à plantação de árvores de Natal e permite que você escolha a sua própria, direto na plantação, o que garante que você não terá na sua casa uma árvore proveniente de corte ilegal!), fazem o Pasito com seu respectivo Portal e algumas famílias fazem a posada com orações e um lanche para os presentes.
O portal é o presépio de Natal, representado com esculturas o establo onde Jesus nasceu e o pasito é o caminho de Belém por onde passaram Maria e José para o nascimento. Buscando a origem dessa tradição, gostei muito da explicação do Museu de Costa Rica, que evidencia a origem pagã dessa celebração. Leia aqui.
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Outra coisa muito comum entre amigos, colegas de trabalho e família é o amigo secreto, onde há troca de presentes nos chamados convívios.
Como o país é católico, na véspera de Natal, dia 24 de dezembro, as famílias costumam ir à Misa de Gallo. E, com muito esforço, as famílias tentam manter a tradição obre o nascimento de Jesus: em vez de Papai Noel, quem traz os presentes é o menino Deus, já que ele nasce e é colocado no portal à meia-noite. Logo depois do nascimento de Cristo, os fiéis fazem orações e agradecem, comem a ceia de Natal e trocam presentes.
As comidas típicas do Natal são o tamal e os pães caseiros e entre as bebidas está o rompope, feito à base de leite, ovos e licor… O tamal tem origem pré-colombiana e é uma comida típica presente em muitos países da América Latina como México, Guatemala, El Salvador, Honduras, Costa Rica, Panamá, Venezuela, entre outros (no Brasil existe uma variação doce com milho amarelo chamada pamonha).
Na Costa Rica, tradicionalmente, é feito de massa de milho branco, arroz, uma pitada de urucum moído e sal; recheado com carne de porco e envolvido em folha de bananeira. O tamal típico pode conter outros ingredientes como grão de bico, pimentão, passas entre outros. O costume relacionado ao tamal é que a família se reune pra sua elaboração e trocam tamales entre si e com amigos.
Além de tamales, na mesa natalina é comum encontrar perna de porco, peru ou frango, acompanhados de arroz branco; também arroz com porco ou arroz com frango, assim como picadinhos de vegetais, uvas e maçãs.
Depois do Natal, no dia 26 de dezembro, acontece o Tope Nacional, desfile de cavalos que atravessa a cidade com pessoas vestidas de vaqueiros.
Para encerrar o ciclo natalino, no dia 6 de janeiro, Dia dos Reis Magos, se faz o “Rezo del Niño” e guarda-se todos os adornos natalinos, agradecendo as bençãos recebidas por ele.
Uma iniciativa interessante de uma empresa em parceria com os municípios aqui na Costa Rica é que, para aproveitar a árvore de Natal que se transformaria em lixo, é feita uma coleta em centros de reciclagem onde são recebidas em torno de 5 mil árvores. A empresa que recebe o material as transforma em pedaços e usa como adubo ou para decoração de jardins.
Minha sugestão pra quem passa o Natal em outro país é: prove tudo e aceite todos os convites que receber! Assim poderá observar, participar e aprender sobre os costumes, tradições e sabores locais, além de ganhar uns quilinhos pra perder depois!
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