Chegou o momento de comprar uma casa na Alemanha.
Chegou dezembro. Com ele, o momento de contar como foi a nossa rápida saga de comprar uma casa na Alemanha. Primeiramente, a colunista Sarah Oliveira já havia escrito sobre o tema em 2016, com dados ainda atuais, que você pode (e deve) ler antes de prosseguir a leitura. Clique aqui para visualizar o artigo.
Meu marido e eu vivemos desde 2011, quando cheguei na Alemanha ainda noiva, em um bom apartamento no andar térreo de uma casa. Sempre tivemos espaço suficiente, mas havia o sonho de um dia comprarmos o nosso imóvel. Quem não tem? Vivemos em uma cidade pequena no estado de Nordrhein-Westfalen, não muito distante da fronteira com a Holanda.
Não tivemos a preocupação de ficar juntando dinheiro para dar entrada em um financiamento. Nós viajamos todos os anos para o exterior de férias, seja visitando a minha família no Brasil ou para conhecer outras culturas. Até que nosso filho chegou, e aquele desejo de uma casa própria voltou mais forte.
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De toda maneira, não foi ruim esperar por esse momento. Nós crescemos na profissão e tínhamos mais condições de compra. Também passamos a ter outras necessidades em uma casa, como quarto de criança próximo ao dos pais, uma grande cozinha etc.
Começamos a pesquisar por casas na nossa região através de buscadores de imóveis na internet, que a Sarah já indicou no texto dela. Meu marido é alemão e muito crítico. Todas as casas das quais eu gostava, eram recusadas por ele. “Haja paciência”, pensava eu. O que era fundamental para ele: não ter Erbpacht (arrendamento), provar bom gasto de energia, ano de construção, não precisar de muita reforma, bom tamanho e bons cômodos, localidade e, finalmente, o preço. Depois de encontrar várias casas à venda, muitas eram desclassificadas já nesses primeiros itens fundamentais.
Às vezes, o preço da casa é bom, mas o terreno não lhe pertencia. Acontece muito de uma casa ter Erbpacht. Isso é, o seu dono tem que pagar a um terceiro um valor anual para utilizar o terreno. Definitivamente não era algo que queríamos. Justamente por ser algo não muito desejável, as casas vendidas nessa condição costumam ter um preço mais baixo. Nossa intenção era ser proprietário de nosso próprio terreno.
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Como a Sarah também citou em seu texto, o gasto de energia é muito importante. Atualmente, as casas de nova construção têm até sistema de aquecimento de energia solar. Entretanto, casas mais antigas são aquecidas a óleo. Nem se sabe se será permitido utilizar o óleo por muito mais tempo, porque o governo alemão tenta melhorar e limpar a produção de energia no país. Casas de construção mais antiga têm gastos de energia bem menos eficientes. Isso gera uma conta bem mais cara.
Sabe aquele adesivo de um eletrodoméstico, como a geladeira, com a marcação de gasto de energia A, B, C, D etc? Então, o mesmo sistema funciona para os imóveis. Sendo A, o gasto mais eficiente. Eu já vi casa à venda com gasto H, totalmente ineficiente e cara no final das contas. Fuja dessas. No nosso caso, aceitávamos até a classe C. Depois conto o que encontramos e qual foi a vantagem.
O ano de construção também foi um tema, porque casas mais antigas têm mais riscos, fora a questão acima da energia. Nosso desejo era no máximo uma casa dos anos 1980. Nosso apartamento fica em uma casa dos anos 1950. As contas extras, de aquecimento por exemplo, são caras. Mesmo assim, o apartamento não é tão bem isolado, parecendo sempre um pouco frio, mesmo com aquecedor.
Nossa busca começou
Até que em algum momento, encontrei uma casa de 1991 com gasto de energia na classe C. Era na nossa cidade, mas em um bairro mais distante. Apesar de não haver nenhum comércio por lá, a casa era grande, bonita, com bons cômodos e bom preço. Também estava a poucos metros de um jardim de infância e uma escola. Um ponto negativo era estar perto de uma estação de trem. Por esse motivo, meu marido ficou pensando e demorou a se decidir. Fomos finalmente visitar a casa uma semana depois de vermos o anúncio.
A casa era uma graça, mas precisava de uma certa reforma. Entretanto, nunca vi um imóvel tão perto da linha do trem. Do jardim dava para ver o trem passando. Como era uma pequena estação, não passavam muitos trens. Pensei que nos acostumaríamos e aceitamos. Comentamos com o corretor que estávamos interessados. No dia seguinte, recebemos uns documentos da casa por e-mail para levarmos aos bancos na tentativa de obter uma luz verde para o financiamento. Mas, uns minutos depois recebemos dele a informação de que a casa havia sido vendida.
Nós ficamos bem tristes. O mercado imobiliário na Alemanha está em um boom. As casas e apartamentos são alugados e vendidos quase na velocidade da luz. Meus sogros e meus pais me animavam para a próxima visita, enfatizando sempre os trens que passavam quase dentro do jardim.
Já tinha perdido minha esperança. Havíamos acabado de começar a busca efetiva, mas já foi difícil encontrar uma casa que se encaixasse em todos os nossos pré-requisitos. Até que uma semana depois, meu marido achou um novo anúncio, sem pretensões.
Continuarei no meu próximo artigo daqui a uns dias. Fiquem ligados! Até lá.
5 Comments
Karina, adoro seus textos!!!
Posta logo a segunda parte, mega curiosa e interessada no assunto. abraços.
Quero ver a casa
Karina, como funciona aluguel de apto ou de casa? no qual apenas no maximo de 2 quartos, mais ou menos quanto sai ? obrigada
Olá Aline,
Desculpa pela demora. O Blog estava em pausa. Agora vamos voltar aos poucos.
Sobre o aluguel, depende da cidade e até mesmo do bairro. É como perguntar quanto é o aluguel no Brasil. Varia, os preços são bem diferentes.
Acredito que 2 quartos em uma cidade pequena sairia por volta de 650 euros. Pode ser mais caro ou mais barato. Em cidades grandes, os preços são bem mais altos.