Algumas semanas atrás, eu viajei para um lugar pouco conhecido como destino turístico, chamado Lake Powell. Este lago está localizado no estado americano de Utah, a 1.571 quilômetros ao sul de Billings, onde eu moro nos Estados Unidos. Esta viagem foi um jeito ótimo de terminar o meu semestre na faculdade.
O lago Powell é uma represa que foi concluída em 1963, com o objetivo de fornecer água, principalmente para os estados de Nevada e Califórnia. O rio Colorado, que corta os estados de Utah, Colorado, Wyoming e Novo México, foi represado, criando assim este lago com aproximadamente 280,586 km2. Esta é a segunda maior represa artificial dos EUA, e recebe apenas 2 milhões de visitantes por ano.
As maiores características deste lago, são os seus grandes paredões e cânions, com mais de 100 metros de altura. A profundidade do lago também impressiona, para vocês terem uma ideia, a média é de 40 metros, mas pode chegar até a 178 metros de profundidade. As pessoas que pescam no lago, dizem que nas profundezas dele existem peixes-gato de até 2 metros de comprimento, um tanto assombroso.
Mas como fui parar no Lake Powell é a grande pergunta. Um dos meus amigos do time de esqui tem um barco lá, e quando o verão chega, ele convida algumas pessoas para passar alguns dias no lago. Com esse convite, fui me aventurar nesse lugar escondido no meio do nada. No caminho até lá, passei muitas horas sem ver uma cidade por perto. Dirigimos da região das montanhas rochosas em Montana até o Glen Caynon. No caminho, passando por muitas áreas secas e desertas, me perguntava como um lago daquele tamanho podia estar no meio de um deserto…
Quando finalmente chegamos, eu não acreditava na magnitude do local. O tamanho do lago, dos cânions, das cavernas, tudo me fez sentir tão pequena. Assim, eu e mais um grupo de amigos, subimos em um catamarã de 45 pés (13 metros de comprimento) – que não é muito grande. Para passar a primeira noite, ancoramos em uma pequena praia perto da marina.
O barco era todo equipado, com churrasqueira, fogão e até uma fritadeira, onde preparávamos batatas-fritas e asas de frangos. De manhã, uma das meninas que estava na viagem, acordava mais cedo e preparava ovos com bacon para o café da manhã de todos a bordo. Já que os americanos geralmente deixam a louça suja na pia por muito tempo, eu me ofereci para limpar as panelas após o café, e assim foi a nossa rotina matinal até o último dia em que estive lá. Já o almoço era mais fácil, cachorros-quentes ou hambúrgueres, por alguns dias, sem problema, e era muito gostoso. Já para o jantar, preparávamos algo diferente todas as noites – um cortava, outro mexia e, assim, com a ajuda de todos a comida ia ficando pronta. Para facilitar, nada de lavar louças, em um jeito bem americano de ser, tudo era descartável, o que ajuda bastante quando você está em um barco. Nós tivemos: ombro de porco, tacos, macarronada e frango assado e, graças a Deus, os hambúrgueres eram só para o almoço.
Então, estávamos comendo bem, por assim dizer. A lua cheia era outra coisa boa nesta viagem. O Lake Powell aparece em terceiro lugar na lista de melhores locais para se avistar estrelas nos EUA. Porém, desta vez, não pude presenciar esse espetáculo, por causa da lua cheia, mas garanto a vocês que a lua foi um espetáculo por si só. Na praia em que atracamos no primeiro dia, fizemos uma fogueira e ficamos até tarde jogando conversa fora, estávamos sob a lua cheia, que refletia seu brilho nas águas calmas do lago. Devido a este presente, todas as noites dormi a luz do luar, no terraço do catamarã.
No segundo dia, descemos rumo ao sul do lago, e ali vi um lago totalmente diferente daquele na região da marina. Os cânions eram mais estreitos e as paredes pareciam mais altas. Viajamos cerca de 2 horas até chegarmos a um pequeno pedaço de chão, onde acampamos o resto dos dias em que estávamos lá. Algumas pessoas trouxeram tendas, assim podiam dormir em terra firme, mas no terraço do barco, era bom também, aliás, na minha opinião, era até melhor porque não tinha areia em todo canto.
Mas nem tudo é perfeito, nesta região as cascavéis são muito comuns e tivemos que matar uma – a sorte que não uma cobra muito grande e não picou ninguém. Se uma pessoa é picada, o atendimento pode demorar horas, já que no lago não tem sinal, e para chegar ao hospital mais próximo são muitas horas de carro, além do fato que até chegar na marina pode levar muito tempo também. Então, fica a dica para quem for visitar Lake Powell, cuidado com as cascavéis.
Outro cuidado que se deve ter também é com o sol. Protetor solar, chapéus e até loção hidratante pós sol, é essencial. Pegar uma insolação no meio de um deserto é muito fácil. Uma das pessoas que estavam conosco, era o típico gringo, aquele branquelo que não consegue ficar bronzeado. Já no primeiro dia ele se queimou, e pelo resto da viagem todos tentaram ajudá-lo a lembrar-se de passar protetor fator 50, várias vezes ao dia.
Este passeio foi melhor do que eu esperava, espero ter a chance de voltar lá mais vezes, pois me apaixonei pelo lugar. Espero também que mais pessoas tenham a oportunidade de ir conhecer. Assim como espero que da próxima vez, eu possa apreciar o famoso céu estrelado de Powell.
Se você quiser ver mais fotos deste lugar, vá lá no meu Instagram de viagem, @The_World_Ahead_of_Me, conferir!