O dia em que eu virei modelo.
Recentemente eu fiz uma coisa que pensei que jamais faria em minha vida: trabalhei como modelo para uma marca líder mundial do mercado de cosméticos e cuidados pessoais.
Tudo começou com um simples concurso em uma rede social que, para participar, eu precisava oferecer um testemunhal por escrito.
Passadas algumas semanas, e eu já tendo até esquecido do concurso, recebo um e-mail da empresa dizendo que minha declaração havia sido selecionada entre centenas de mensagens e me perguntando se eu gostaria de continuar na seleção, enviando um pequeno vídeo de apresentação sobre mim mesma.
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Como era algo fácil de fazer, me sentei à frente do computador, sem grandes preparativos, e gravei um vídeo de um minuto. Enviei para eles. Como não tinha feito nenhuma superprodução de maquiagem ou roupa e considerava que meu sotaque talvez impedisse minha seleção, achei que o vídeo não surtiria um bom efeito.
Novamente, depois de algumas semanas e sem grandes expectativas de minha parte, recebi o convite: diziam que haviam me achado muito simpática e natural, e estavam me convidando para gravar um comercial em Paris para a marca de coloração da empresa.
A data da produção ainda não estava marcada e eu disse que ficava muito feliz com o convite e que teria o máximo prazer em participar de uma atividade, até então, inédita para mim.
Aceitar ou não?
Várias semanas depois me escreveram, passando a data do evento. Recusei. Disse que sentia muito, adoraria participar, mas projetos profissionais me impediriam de me ausentar de Lyon (onde moro) por dois dias.
Eu tinha uma única reunião marcada, mas que era importante para mim. Me ligaram na sequência, dizendo que realmente me queriam no projeto, pois todos na equipe tinham ficado encantados com meu vídeo (o que foi uma grande surpresa para mim).
Depois de um rápido telefonema remarcando meu compromisso sem nenhum obstáculo, pude, finalmente, aceitar o convite.
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Parti para Paris, no final de outubro, para dois dias muito bacanas. Provas de roupas e passagem em cabeleireiro com endereço quase secreto, com direito a poltrona que reclinava 180o e ainda fazia massagem em meu corpo, enquanto meus cabelos eram lavados.
Na manhã da gravação, cabeleireiro e equipe de maquiagem me fizeram descobrir uma beleza que eu jamais imaginei que tivesse. O set de gravação era enorme, com uma equipe que tinha vindo de Nova Iorque apenas para isso, acostumada a filmar todas as grandes atrizes que representam a marca.
E eu, no meio de tudo isso, com um sorriso de orelha a orelha, como se fosse uma menina que abre os presentes de Natal e descobre as coisas mais fofas que jamais viu!
O dia da gravação
A gravação, em si, foi cansativa. Várias vezes errei o francês, “Stela, dá uma voltinha”; “Stela, mexe no cabelo mais lentamente”; “maquiadora, a luz está fazendo a pele da Stela suar, corrija por favor!”, e assim ia.
Apesar de me cobrar bastante o uso correto do idioma e achar que minha performance tinha sido bem ruinzinha, a equipe do projeto me garantiu que tudo tinha se saído muito bem, e que não tinham dúvidas de que o resultado final seria perfeito.
Voltei pra Lyon ainda toda maquiada, e desejando que a maquiagem não saísse nunca mais do meu rosto!
Em meados de dezembro, o comercial foi ao ar e foi realmente muito bacana (clique aqui para assisti-lo).
Como eu não avisei a nenhum conhecido na França, foi legal ver a reação das pessoas ao me verem na televisão e recebi várias mensagens gentis sobre isso.
Minha família e meus amigos no Brasil, a quem enviei a gravação, ficaram nas nuvens, e várias brincadeiras apareceram, do tipo: “me dá um autógrafo?!”; ou, ainda, com minha sobrinha me perguntando: “tia Stela, como é que eu posso aparecer na televisão? Também quero!”
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Essa foi uma experiência que talvez nunca mais se reproduza. Não tenho a menor intenção de virar modelo e muito menos de trocar de carreira. Toda essa experiência me fez pensar – por qual motivo eu participei desse concurso?
Será que o fato de estar fora do meu país de origem favorece a realização de atividades que são completamente diferentes do meu quotidiano? Será que se o mesmo se passasse no Brasil, eu teria maior inibição, o que teria me impedido de participar? O quanto meu comportamento mudou a partir do momento em que mudei de país?
E você? Já participou de experiências completamente diferentes daquelas que faziam parte do seu dia a dia? Você acha que isso tem a ver com o fato de ser uma expatriada? Compartilhe conosco!