Semana passada completei 3 meses que deixei o Brasil, tempo suficiente para começar a formar uma opinião e compartilhar com vocês como foi minha chegada e também minhas primeiras impressões da Eslováquia.
Deixando o Brasil
Como já comentei no meu artigo anterior, me mudei pra Eslováquia em outubro de 2018. Optei por chegar aqui duas semanas antes da data em que eu começaria a trabalhar, pois precisava resolver algumas burocracias que fazem parte da mudança e também do novo emprego. Essa é uma dica preciosa, pois depois que se está trabalhando, fica muito difícil dispor de tempo, então vale a pena se organizar e antecipar o que for possível.
Chegando na Eslováquia
Normalmente, o jeito mais fácil e mais barato de vir do Brasil para a Eslováquia é pelo aeroporto de Viena, na Áustria, devido principalmente à grande oferta de voos e companhias aéreas que lá operam. A distância entre as duas cidades é de aproximadamente 60 quilômetros e o percurso dura em torno de 45 minutos de carro.
Eu pousei em Viena e acabei optando por um serviço de motorista previamente agendado para me levar de Viena para Bratislava (capital da Eslováquia), pois estava com muitas malas e chegaria sozinha no período da noite.
Foi bom, pois o rapaz estava me esperando com a plaquinha com meu nome, me ajudou a carregar tudo para o carro e, finalmente, me deixou em Bratislava no apartamento (Airbnb) que eu havia alugado por 10 dias.
Como cheguei durante a noite, não deu para reparar muito na cidade, mas no dia seguinte já consegui sair para passear.
Bratislava
Bratislava é um lugar muito interessante. É a cidade com maior população da Eslováquia, com cerca de 425 mil habitantes contra os 5,4 milhões do país. Tem diversas praças e alguns parques, é uma cidade limpa e organizada.
Num primeiro momento, me lembrou Praga, principalmente por causa da arquitetura, a forma como a cidade está estruturada, obviamente porque a dissolução da Tchecoslováquia é muito recente (as regiões tiveram sua independência declarada em 1993), então estávamos falando de um mesmo país há pouco tempo atrás.
Uma coisa que me marcou bastante nos dias que fiquei por lá foi a quantidade de obras em andamento. Há guindastes espalhados por toda a parte, dá pra ver que a cidade está crescendo muito rápido e investindo em modernização. Isso quer dizer, inclusive, que existe um grande contraste, pois ainda é bastante perceptível a herança comunista pelas ruas e construções.
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Língua eslovaca
Aqui na Eslováquia o idioma predominante é o eslovaco, havendo também presença do tcheco e húngaro, devido à proximidade geográfica e ao histórico da região. Nenhuma dessas línguas tem absolutamente nada a ver com o que estamos acostumados na América do Sul. São idiomas de origem eslava, então vocês podem imaginar que “fácil” é a comunicação por aqui.
No meu primeiro dia na cidade, fui logo ao shopping comprar um chip para poder me comunicar com o mundo e, para a minha surpresa, ninguém falava inglês. O atendente foi, então, procurar alguém dentro da loja para tentar me ajudar. Depois de certo tempo, conseguiu encontrar um rapaz que me explicou os planos e me vendeu o que eu precisava. No fim das contas, o chip para acesso à internet acabou virando uma questão de sobrevivência, pois o aplicativo Google tradutor é meu melhor amigo desde então (risos)!
Povo amigável e generoso
Ao longo dos dias que permaneci em Bratislava, fui tendo algumas experiências engraçadas. Não foram poucas as vezes em que a comunicação foi na base da mímica e tradutor do celular, pois quase ninguém fala inglês por aqui. Pude sentir na pele a generosidade do povo eslovaco, pois sabendo que seu idioma é difícil, eles sempre tentaram me ajudar mesmo que eu não falasse uma palavra sequer. Acho que a cena mais engraçada aconteceu quando fui fazer o exame médico admissional. Houve um momento em que eu precisava ser examinada pela médica e, na falta de palavras, ela simulou como estivesse se despindo para que eu fizesse o mesmo e tirasse a blusa (risos).
Mesmo com a barreira do idioma, em todos os lugares que frequentei, as pessoas foram super amigáveis comigo. Isso me chamou atenção, pois eu não esperava ser tão bem recebida aqui.
Mudança para Nitra
Após minha curta estadia em Bratislava, finalmente chegou o dia de me mudar para a cidade em que estou morando agora, que é onde fica localizada a empresa em que estou trabalhando.
Nitra tem 77 mil habitantes, é a cidade mais antiga da Eslováquia e fica a 90 quilômetros de Bratislava, aproximadamente 55 minutos de carro da capital.
Há um serviço de ônibus executivo que conecta ambas cidades e roda o dia inteiro. Você paga entre 2 e 4 euros (o valor varia dependendo da empresa) e consegue se deslocar de uma rodoviária a outra.
Dependendo da cidade, como é o caso de Bratislava, por exemplo, o ônibus também para em alguns pontos estratégicos no caminho. Eu cheguei a vir para Nitra duas vezes com estes ônibus para entregar documentos na empresa. A viagem é super tranquila e rápida.
Porém, para a minha mudança, após indicação de vários amigos que também moram aqui na Europa, acabei decidindo utilizar, pela primeira vez, o aplicativo de caronas BlaBlaCar. Encontrei alguns ‘caroneiros’ fazendo o meu percurso no dia e hora desejados, reservei a viagem, tomando o cuidado de confirmar com antecedência que haveria espaço no carro para minhas malas.
No dia combinado, o rapaz estava lá para me buscar e viemos três pessoas de carona mais o motorista. Para minha surpresa, todos eles falavam inglês e pudemos conversar um pouco pelo caminho. Eles estavam vindo para Nitra pela manhã, pois fazem um curso na faculdade aqui, aos sábados. Foram muito gentis comigo, me deram várias dicas sobre a cidade e também sobre sites para procurar moradia, inclusive encontrei o apartamento em que estou morando num site indicado por eles!
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Vida em Nitra
Como me mudei para cá sozinha inicialmente, decidi alugar um quarto numa casa de família eslovaca pelo aplicativo Airbnb até que meu marido viesse também. Fiquei morando com eles 2 meses e meio, foi uma experiência incrível.
Sempre tinha alguém em casa para conversar e me ajudar com a adaptação no novo país, dessa forma eu não me senti tão solitária como teria me sentido se estivesse morando sozinha.
Era um casal jovem com filhos pequenos, que fala inglês fluentemente, já viajou para vários lugares no mundo e adora receber pessoas na casa deles. Valeu muito a pena. Eles sempre me convidavam para experimentar comidas locais, brincar com as crianças e até ir ao cinema. Mesmo depois de ter saído de lá, ainda mantivemos contato. Até hoje troco mensagens com eles.
Esse tem sido um recomeço muito intenso e diferente, em que pude contar com a generosidade das pessoas para me ajudar a superar as barreiras desse início e me adaptar neste novo lugar. Tem muita coisa boa por vir ainda!