Ter filhos em Cingapura.
Sempre que faço uma viagem para outro país, além de procurar saber sobre a história e, claro, pesquisar sobre as principais coisas a serem vistas e feitas, observo bastante o cotidiano dos habitantes locais, para sair daquele país com uma noção básica de como é viver lá.
Desde que mudei para Cingapura, continuo com este olhar de turista, só que com mais tempo e talvez mais informações, e uma das coisas que pude observar, é que a cidade é muito receptiva às crianças, que por sinal, são muitas!
Em um rápido passeio pelos principais pontos de Cingapura, você verá que a cidade proporciona uma ótima estrutura para crianças. Vale destacar, primeiramente, a segurança do país: moro ao lado de uma escola primária, que por sua vez fica à uma quadra do metrô e, diariamente, vejo crianças entre 5 a 10 anos, que vão e voltam sozinhas. Já as que moram ao redor, usam o patinete como meio de transporte, que vale dizer, é a coisa mais fofa do mundo.
Existe também muito entretenimento para os pequenos, são diversos parques gratuitos espalhados pela cidade, e alguns cheios de fonte de água para refrescar em dias de muito calor. Eu moro em frente a um shopping (United Square – Novena) que é praticamente dedicado às crianças – a maioria das lojas só tem linha infantil, existem vários brinquedos e sempre há uma programação com teatro, musical ou leitura de histórias. Um ótimo destino de compras e entretenimento.
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Mas isso tudo que falei, é sob a minha ótica e, como não tenho filhos, contei com a ajuda de três brasileiras que estão vivenciando esta experiência aqui:
Carla – mãe do Lucas, de 8 meses
Carla mudou-se para Cingapura com 3 meses de gravidez e contou que tudo tem sido bem tranquilo. Sobre a escolha do hospital para o parto, ela e o marido procuraram um que fosse próximo à casa deles e receptivo a expatriados. A recomendação dela é o Gleaneagles, uma rede bem conhecida por aqui. A escolha da obstetra foi feita com base no quadro de médicos disponíveis e, por sua vez, esta indicou um pediatra.
Ela teve um ótimo parto, e conta uma curiosidade: logo após o parto, a enfermeira chegou com a placenta para que eles pudessem levar para casa. Sim, existe um costume local de levá-la para fazer uma espécie de sopa, para os pais do bebê. Este é um costume antigo, e hoje existem algumas empresas que fazem o encapsulamento da placenta. Este artigo, que encontrei na internet, traz mais informações sobre o assunto – que ainda é bastante contraditório no que diz respeito aos benefícios.
Para Carla, a maior dificuldade foi se ver mãe e mudar totalmente a rotina de vida, somado ao fato de estar longe de casa. Com relação ao enxoval, muita coisa veio do Brasil, mas as coisas que ficaram faltando foram bem fáceis de encontrar por aqui, sempre contanto com a ajuda de mães mais experientes. O grupo no Facebook, de brasileiras em Cingapura, é bem ativo, e sempre tem trocas de informações, além do grupo no WhatsApp, onde elas também trocam experiências e marcam playdates para as crianças, o que ela mencionou ter ajudado bastante.
A distância dos amigos e familiares é um ponto crítico neste momento. Ela relata que a família do marido conseguiu visitá-los antes do nascimento e acompanhar uma das consultas, e depois os pais dela vieram para a chegada do Lucas, o que foi de extrema importância para auxiliá-la neste período.
Daniele – mãe do Enzo, de 4 anos
Daniele está grávida de 7 meses da Julia. Morou por 4 anos em Pequim, onde o Enzo nasceu, e mudou-se para Cingapura quando ele completou 2 anos. Ela menciona que o fato da língua aqui ser a inglesa, ajudou bastante na adaptação. No caso dela, a escolha do pediatra foi um pouco mais difícil, pois o filho tem bronquite e todos o tratavam apenas com xarope. Mas, através de uma indicação feita no grupo de expatriadas no Facebook, ela conseguiu encontrar um pediatra.
A maior dificuldade, no entanto, foi encontrar uma escola, pois a variedade é muito grande e, dentre elas, existem as internacionais que têm um custo bem elevado, e as outras ou com horários ruins ou com o fato de falarem mais mandarim que inglês. Por fim, encontraram uma em que quase todas as crianças são expatriadas, é próxima à casa deles, e possui uma didática que gostam: as crianças aprendem brincando e vice-versa.
Tanto ela como a Carla, contam com a ajuda de uma helper – empregada doméstica (sobre a qual falei um pouco no meu último texto) –, que também faz o papel de babá quando precisam.
Carol – mãe do Guido, de 2 anos
A Carol chegou aqui há 6 meses. Ela optou por uma escolinha com período integral, e conta com a ajuda de uma babá aos finais de semana. Existem algumas agências que oferecem este tipo de serviço, que é cobrado por hora. Como o Guido chegou bem pequeno, a Carol conta que a adaptação foi bem tranquila e a escolha dos médicos também se deu através das comunidades do Facebook. Segundo ela, provavelmente, a maior dificuldade é lidar com a saudade dos amigos e familiares.
Eu, particularmente, sinto que as crianças têm uma capacidade muito boa de adaptação e, somado ao fato do país proporcionar uma boa estrutura para pais e filhos, a experiência em si, é muito positiva. E claro, você sempre encontrará um brasileiro para dar dicas e suporte em casos de dificuldade, assim como as três acima foram super receptivas em me passar todas as informações que precisei e que, talvez, um dia irei precisar caso a minha hora também chegue enquanto estiver neste país. Deixo aqui, o meu muito obrigada!
1 Comment
Olá Ana Paula! Muito legal seu post. Conheço Singapura pois meu irmão, cunhada e sobrinho moram ai há quase 3 anos. Fiquei com eles durante 2 meses para ajudar minha cunhada na adaptação com meu sobrinho que na época tinha 9 meses.
E realmente o que ajudou bastante foi esse grupo no Facebook de brasileiras que moram em Singapura, inclusive, minha cunhada mora bem perto de você, também Novena. Talvez você até conheça ela….rs.
Mas uma coisa que você disse é a variedade de atrações para as crianças, sem contar a segurança que é fundamental.
Um super abraço e parabéns pelo blog!