Depois de termos publicado a entrevista com a audiologista Renée Rassasse, ela vem recebendo um número muito grande de e-mails pedindo ajuda e dicas para trabalhar como audiologista na Inglaterra.
Renée preparou uma lista bem minuciosa com várias informações para você que estiver pensando em vir morar e trabalhar no país. Segue o texto enviado por ela:
“Em outubro de 2015 fui convidada a dar uma entrevista no Brasileiras pelo Mundo e, em vista dos inúmeros e-mails e mensagens que recebi e continuo recebendo, resolvi escrever uma “carta resposta”, complementando o que já expliquei na entrevista e detalhando mais o que pode – e como pode – ser feito para ingressar na profissão aqui na Inglaterra.
Primeiramente, gostaria de anunciar que em fevereiro me despedi do NHS e agora montei minha própria empresa. Estou fazendo Locum, que é trabalho temporário de agência, sendo auditora para credenciar departamentos de audiologia pelo país através de um programa chamado IQIPS e atendendo pacientes particulares, fazendo microsucção para retirada de cerúmen, indicação e adaptação de AASI e proteção auditiva.
O curso de fonoaudiologia no Brasil é reconhecido aqui mas, como foi explicado na entrevista, fono é outra área, então a pessoa tem que ser audiologista. O currículo e o diploma têm que ser traduzidos para o inglês por um tradutor oficial e depois reconhecidos pelo Naric.
Gostaria também de enfatizar que, nos meus quase 18 anos trabalhando na Inglaterra, a formação de audiologista já mudou 3 vezes e não ficarei surpresa se mudar novamente em breve. Não entrarei em detalhes sobre essa transição pois o que passou, passou.
Vamos por partes, então:
- Saber inglês bem – escrito e falado – é obviamente importantíssimo.
- Estar legal é fundamental, seja por nacionalidade europeia ou por visto de residência vinculado ao esposo(a). Não arrisquem tentar trabalhar ilegais que não rola.
- Ter experiência com AASI também é essencial- experiência com neuro-otologia, implantes e audiologia pediátrica também pode ser muito bem utilizada. Audiologia ocupacional, infelizmente, não oferece a experiência necessária para se trabalhar aqui.
- *Para trabalhar no NHS tem que ter registro no RCCP ou HCPC. Ser afiliado ao BSA e/ou BAA não é compulsório mas é desejável.
- *Para trabalhar no setor privado, precisa ter registro no HCPC e ser afiliado ao BSHAA.
- *”Hearing Aid Dispenser” (HAD) é também conhecido como “Hearing Aid Audiologist” ou “Associate Audiologist” (se trabalhar no NHS). Esse profissional não tem BSc (curso universitário) em audiologia, mas fez o chamado “Foundation Degree Course” – mais informações no site do BSHAA. Eles trabalham no setor privado e só podem vender AASI. Se trabalharem no NHS será como Banda 4**, com responsabilidades clínicas mais limitadas – abaixo segue um link com os salários por bandas, chamado “Agenda for Change”; no setor privado, os salários podem ser melhores por conta de comissões com a venda de aparelhos.
- *Todas as vacinas têm que estar em dia e para hepatite B tem que ter 2 reforços. Mais detalhes abaixo no site da agência “Mediplacements”.
- *Para quem deseja fazer mestrado, aqui ele leva 1 ano se período integral (full time) ou 2 a 3 anos para meio período (part time). Custa bem caro e não garante trabalhar como cientista, mas é uma maneira rápida de se conseguir os registros necessários. Recentemente foi introduzido o STP (Scientist Training Programme), um curso de 3 anos, feito depois do PTP (Practitioner Training Programme) que é avançado e dá a qualificação de Cientista. Esse treinamento não é pago, pelo contrário, durante o curso o aluno é empregado como Band 6, porém é super concorrido!
- *As universidades que oferecem PTP, STP e MSc estão listadas nos links abaixo; os preços do PTP e MSc são sempre os mesmos em todas as universidades, mas quem é membro da Comunidade Europeia paga bem menos do que aqueles que não são.
- *Pode-se registrar-se em agências de empregos e aumentar a chance de trabalho, mas sem experiência, nem referências, não é tão fácil.
- Começar como voluntário em departamentos de audiologia é sempre um bom ponto de partida, pois ganha-se experiência preciosa, mas é burocrático para conseguir a licença – demora, mas sai! Nesse caso, deve-se entrar em contato diretamente com o “Head of Department” dos hospitais que, se tiverem interesse em ter voluntários, fazem o encaminhamento para o setor de voluntariado da fundação a que o hospital pertença.
- *No site do BSA encontram-se TODOS os procedimentos clínicos seguidos aqui e vale muito a pena imprimi-los e estudá-los com afinco.
Abraços e os melhores desejos de sucesso.
Leia mais sobre a Inglaterra: Tudo o que você precisa saber para morar na Inglaterra!
2 Comments
Boa tarde Ann,
Sou fono em São Paulo, gostei muito das dicas valiosas.
Resumindo, tem que estudar bastante não é?
Abraço
Marco
Marco, os primeiros e mais importantes passos são, ser fluente em inglês e ter cidadania europeia. Dai estudar bastante, sim.
Abraços
Renee