Verão na Islândia.
A Islândia está na moda. Há pouco mais de duas décadas quase não se ouvia falar nesta ilha pertinho do Círculo Polar Ártico; eu mesma só sabia o nome da capital e de uma cantora chamada Björk, que fez um videoclipe numa piscina que soltava fumaça.
Mas de uns anos para cá, parece que a globalização foi acelerada pelo efeito estufa e a gente fica sabendo muito mais sobre lugares antes desconhecidos… Assim a Islândia foi ficando famosa e agora já faz parte do roteiro até de turistas brasileiros.
É um país jovem, geologicamente falando (aproximadamente 20 milhões de anos), e um paraíso para geólogos, porque aqui encontramos geleiras, vulcões, campos de lava, gêiseres, cachoeiras, falésias, piscinas termais naturais e pouquíssimas árvores. O clima é ameno, apesar da posição geográfica, por causa da chamada “Corrente do Golfo” (de ar quente) que passa por aqui, pelo Reino Unido e Irlanda, entre outros: os invernos não são tão gelados e os verões são, digamos, moderados.
São 330 mil habitantes humanos, aproximadamente 450 mil ovelhas e carneiros e uns 80 mil cavalos islandeses – este é o nome da raça, a única no mundo que tem cinco tipos de andamento. Em Reykjavik, a capital, as ruínas mais antigas de que se tem notícia são de 874 e o povo descende de vikings e celtas. Reza a lenda, pouco politicamente correta, que os vikings passaram pela Grã-Bretanha, roubaram de lá todas as mulheres bonitas e as trouxeram para a Islândia, por isso que as daqui seriam tão belas…
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É uma república parlamentarista e, apesar de pequenina, detém fatos importantes da história da democracia, entre outros, possuir o parlamento mais antigo do mundo, fundado em 930, e ter elegido diretamente a primeira presidente chefe de Estado do mundo, Vigdís Finnbogadóttir. Também coleciona títulos mundiais de primeiro lugar em segurança, igualdade social, melhor IDH, o povo mais feliz e otimista, etc.
E desde que vivi o meu primeiro verão islandês, entendo o resultado dessa última pesquisa. O tempo aqui é tão adverso que, quando não está ventando, já fica todo mundo maravilhado. E se sai um solzinho, então, com 12°C, é felicidade geral! Sim: o copo, na maioria das vezes, está meio cheio para os islandeses, basta observar que a definição de bom tempo aqui é a ausência de vento. No inverno ou no verão, não importa a temperatura ou a qualidade do céu, se não há brisa, é lucro.
A natureza é ímpar, belíssima. Em fotos e de relance, pode lembrar um pouco a chilena ou a da Nova Zelândia, da Escócia, e as praias de areia negra, as das Ilhas Canárias, na Espanha. Entretanto, um olhar mais cuidadoso perceberá a ausência de árvores, o musgo sobre a lava e as formas únicas do relevo daqui; algumas montanhas parecem ter sido serradas e lixadas à mão, tão rico é o desenho do topo e dos flancos.
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E a luz… A luz de 24 horas e as cores do verão islandês são, também, incomparáveis; já ouvi isso de gente de toda parte. O rosa do sol da meia-noite – ou das 2:30 da manhã – e o azul prateado do mar, combinados ao musgo ainda amarelado do inverno que foi muito tarde e da primavera que só chegou em junho, ah, é lindo! Talvez esteja aí a explicação para tanta criatividade e de tanta produção artística e cultural, escrita, musical ou de “design” per capita.
O verão na cidade
O que se faz com tanta luz depois de um inverno tempestuoso? Celebra-se, sentando-se nos cafés ou nas praças, passeando pelas ruas principais que viram calçadões de pedestres e ciclistas, ou nos festivais de jazz, rock, pop ou heavy metal, ou os shows da festa do arquipélago Vestmannaeyjar, que acontece no primeiro domingo de agosto, véspera do dia do comerciário. E ainda no Gay Pride de Reykjavik (orgulho gay), cujas comemorações duram a semana toda que antecede o desfile animadíssimo, sempre no segundo sábado de agosto.
E no fim de semana seguinte a alegria da maratona de Reykjavik e das corridas infantis se espalha pela cidade inteira e se mistura com a das performances e eventos da “Noite da Cultura”.
Férias em casa: Loucos por acampamento
Com uma natureza tão exuberante, é suficiente viajar pelo próprio país para aproveitar as férias. Os islandeses que não têm ou alugam uma “casa de verão” (“Sumarbústaður”), têm um trailer ou uma espécie de reboque barraca automontável que se acopla a um carro (geralmente utilitário, 4×4), ou, no mínimo, uma barraca de nylon, que montam com a maior destreza e felicidade e já saem para caminhar em trilhas, curtir a paisagem e tomar banho nos rios limpíssimos e gelados, bravura de muitas crianças e poucos adultos. Pescar nesses rios não é para todo mundo, a licença é cara e um dia de pesca de salmão pode custar até 600.000 coroas islandesas, o equivalente a 4.000 euros (R$ 14.235), por vara; a da truta salmonada é bem mais barata e popular, uma licença diária custa, no máximo 25.000 coroas islandesas. Pescar sem licença é proibido, bem como acampar fora das áreas de camping.
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Piscinas
Apesar de as geleiras originarem centenas de quedas d’água, não se toma banho de cachoeira na Islândia, o islandês gosta mesmo é de água quente. Por isso, até os menores vilarejos têm uma piscina pública, aonde se vai para nadar ou simplesmente encontrar amigos, conversar e relaxar numa “heitur pottur”, uma espécie de banheira com hidromassagem/jacuzzi, cuja água borbulha entre 38°C e 43°C. Raramente cobertas, as piscinas são cheias o ano todo e, nos banheiros, há um funcionário que fiscaliza se as pessoas lavam com sabão determinadas partes do corpo, ilustradas num cartaz em diversas línguas, antes de entrar na água. Para brasileiro, não é problema nenhum, mas, imagine para aqueles turistas que, em casa, só tomam banho em ocasiões especiais…
Um pedaço de mar aquecido
A costa islandesa tem 4.970 km de extensão e muitas praias, mas quem se atreve a refrescar-se no Atlântico Norte, que, no alto verão, mal chega a 10°C? Exceto na praia de Nauthólsvík, onde a água fria do mar encontra uma corrente artificial que sai dos reservatórios de água quente e torna o banho a 13°C ou 18°C bem agradável. Em 2001, a prefeitura de Reykjavik construiu duas piscinas aquecidas (30°C a 39°C), um vestiário, banheiros e uma lanchonete, e importou areia clara do Marrocos para revitalizar a praia de Nauthólsvík, que fica lotada em dias de tempo bom, mas fecha para o público às 19:00 horas, para evitar vandalismo.
E você, daria um mergulho lá?
38 Comments
Que texto maravilhoso!!!
Parabens Erika, ainda vou conhecer de perto esse país encantador.
Obrigada, querido! A gente se vê por aqui!!
Bj amiga amei !!
Obrigada, querida! Beijos
Muito interessante, deu muita vontade de conhecer a Islândia. Obrigada por dividir conosco
Adorei o texto! Qta informação! E tudo com foto! Estou mais curiosa ainda p pesquisar sobre esse lugar q deixa tanta saudade. Encantador!!! Continuo acompanhando suas postagens. Beijos 😉
Obrigada, Tatiana! Volte logo! Beijos
Adorei o texto! Amo conhecer lugares, habitos e culturas diferentes e viajo quando leio relatos como o seu, amiga.
Escreva mais e sempre. Vou adorar conhecer mais sobre a Islandia! ☺????
Venha, amiga! Venha logo!!! Obrigada por compartilhar!
Conheci esta terra fantástica, mágica, onde o fogo e o gelo mostram que tudo é possível para a Mãe Natureza. O povo encantador é exemplo de superação e coragem, se pensarmos na colonização da ilha e em todo o cuidado de preservação e respeito por cada pedacinho de terra que compartilham e exibem com tanto orgulho. Teu texto fez-me sentir todas as emoções da viagem de um mês que fiz em 1996 e aumentou minha vontade de um dia voltar.
Obrigada, Berenice, fico feliz que o texto tenha trazido as boas lembranças de volta. Com certeza a Islândia deve ter mudado muito desde então, venha de novo e, quem sabe, a gente não se encontra por aqui. Abraço
Mais um texto rico, e que nos deixa com muita vontade de estar aí nessa terra repleta de belezas naturais e cultura! Parabéns Erikinha, adoramos!
Obrigada, tia! Beijo
Parabéns Erika, seus detalhes no texto faz a diferença na sua compreensão!!!
Obrigada, querida! Beijos
Parabéns Érica ! Brilhante. Já posso dizer que conheço um pouco a Islândia.
Obrigada, querida Grazi! Beijos
Deu saudade do meu segundo Pais lendo seu artigo. Bjs querida.
Venha de novo, Jussanam! Beijos, obrigada!
Obrigada Erika, agora sim…bastantes fotos :-). Bom, pode ser chamado lindo, mas querida, um dia com 12°C . ai, ai, dificil chamar de verão, não é?
De qualquer maneira, acho ótimo que vc nos deixa participar um pouco na sua vida nesta terra fria. Ela parece tão longe de tudo. Espero que bate logo uma pequena saudade de um verão /outono berlinense em você e que vc venha com um pouco mais tempo :-)…
beijos Uli
Texto maravilhoso!
Muito obrigada, Francisco! Abraço.
Muito legal!! Engraçado que faz tempo que me pergunto como seria morar na Islândia.. O post veio em uma boa hora 🙂 Se eu quisesse ter alguma experiência em morar na Islândia, qual seria o melhor caminho? Obrigado!
Que bom, Lucas! Obrigada!
Que lugar maravilhoso, Erika. Ainda mais com o belíssimo texto. Muito bom, Erika!!!
Obrigada, Marco! Abraço!
Erika, eu quero ir!!! Mas quero ir no inverno para ver a aurora boreal…
Venha, que é lindo, mesmo!
Ótimo texto, que deixa a gente com bastante vontade de ir conhecer esse país. Parabéns querida!
Obrigada, querida! Venha aqui conhecer!
Muito legal Erika! gostei demais!
Belíssima descrição da Islândia. Parabéns. Deu vontade de voltar, mais uma vez., para vivenciar tudo isso novamente
. Só não dou nota DEZ, porque faltou falar na histórica *Pompeia do Norte*. Bjs p/ V. querida filha e para as lindas netinhas Luna e Stela ( princesinhas da neve, como diz a tia Rosário). Bjs saudosos p/ todos.
Erika querida, adoro seus textos. Tem como você postar algo relacionado a gastronomia islandesa ? Eu iria adorar…
Muito obrigada por ler, Jéssica! Em breve eu escrevo sobre gastronomia, prometo.
Abraço.
Oi Erika! Gostei demais dos seus textos, ainda mais porque tem pouca informação tupiniquim sobre a Islândia.
Estou indo para sua terra em meado de maio passar minhas férias e ficarei um mês em reiquiavique.
Aluguei um carro pela Lagoon Rental para conhecer outras cidadezinhas.
Uma dúvida que tenho, estou pensando em levar EURO, pois meu limite de cartão de crédito é pequeno.
É possível abastecer sem cartão de crédito?
Muito obrigado,
Parabéns pelo texto. Estive na Islândia, na última semana de maio, fiquei en Reykjavík e valeu pela natureza. É muito bonito. Adorei a comida tb. Me incomodou ir dormir e ainda ter luz como se fosse 5 da tarde. A surpresa tb foi sentir o cheiro forte da água na hora do banho. É um país muito caro! Quem for conhecer, prepare o bolso. Não espere gastar pouco.
Olá, adorei suas dicas. Se Deus permitir estarei por lá esse ano para correr a maratona dia 18/08. Ficarei apenas 3 noites pois estarei num intercâmbio. São poucos dias mas acho que dá prá ver alguma coisa e sentir a energia desse povo tão acolhedor como falam as pessoas que já estiveram lá. Abraços.
Olá, Mari!
Obrigada e boa sorte em tudo!