Verdades e mitos sobre a Islândia.
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Na Islândia, toma-se banho nos gêiseres.
FALSO. Ou melhor, depende… É comum escutar essa frase, principalmente vinda de turistas de língua inglesa ou alemã que chegam aqui querendo tomar um banho direto nas fontes de água quente. Há que se explicar primeiro que, na maioria dos gêiseres, a água sai debaixo da terra justamente porque está muito quente, a 100°C. Mas existem, sim, alguns que encontram água fria de fontes ou de rios, ou cuja água percorre um caminho maior até formar piscinas naturais e, aí, sim, a temperatura desse banho será bem agradável. Então, melhor dizendo: tem que checar antes o lugar para não sair com queimaduras feias. Agora, cozinhar ovo, isso dá!
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A Islândia tem o mais alto índice de suicídio da Europa
FALSO. O inverno aqui é escuro, tempestuoso e longo, mas, pasmem, a taxa de suicídio islandesa é menor que a da Polônia e da Lituânia (fonte: Wikipedia), por exemplo. Além disso, a Islândia sempre ganha os melhores lugares nas pesquisas de “povo mais feliz” ou “mais otimista” do mundo. Esses resultados, como em outros países escandinavos, é controverso, pois aqui também há um consumo altíssimo de antidepressivos. O islandês tem, realmente, uma atitude muito positiva de vida; se é puramente pelo consumo de óleo de fígado de bacalhau ou pelos remédios de tarja preta, fato é que aqui não se morre tanto de tristeza como se imagina por aí.
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Na Islândia, todo mundo é rico, tudo aí é tão caro!
FALSO. Nem todo mundo é rico na Islândia, isso talvez aconteça na Noruega… Explico: o comediante de “stand up” islandês Ari Eldjárn, diz existirem estereótipos consagrados entre os povos nórdicos. Segundo ele, quando você é apresentado a um norueguês, inevitavelmente pensará com seus botões “ele é rico, ele é rico”, pois, na Noruega, tudo é caro, mas ganha-se compativelmente bem. Já, sobre o islandês, vai se pensar o seguinte: “ele tá falido, tá falido”, pois essa é a imagem que ficou depois do colapso financeiro do país em 2008.
VERDADEIRO. Tudo aqui é caro, menos energia elétrica e água. O custo de vida na Islândia é alto, e o poder de compra é bem menor que em muitos países europeus.
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Não existe corrupção na Islândia
FALSO. Existe, sim! A Islândia não é a Suécia (e se até lá existe!). Aqui, já houve vários escândalos de corrupção, e um dos mais recentes culminou na renúncia do primeiro ministro Sigmundur Davíð Gunnlaugsson, por estar envolvido com os “Papéis do Panamá”. As dimensões dos casos aqui não são, nem de longe, comparáveis às do Brasil, e aqui (como na Suécia), há punição eficaz. Mas que os corruptos existem, existem! Estamos num país de humanos, no planeta Terra – apesar de, às vezes, a Islândia parecer mesmo um outro mundo.
Leia também: curiosidades sobre a Islândia
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Na Islândia, há menos homens que mulheres (e estão pagando para homens irem casar com islandesas)
FALSO!!!! Esse boato absurdo da internet provocou uma onda de solicitações de amizade no Facebook a todos os habitantes desta ilha, além de uma enxurrada de mensagens particulares no “Messenger”, que perguntavam o que fazer para casar com uma islandesa. Foi tão sério, que a Embaixada da Dinamarca no Marrocos (que tem um acordo de representar a Islândia lá) teve que publicar um comunicado oficial desmentindo o hoax que propagava uma suposta preferência por homens norte-africanos!
A verdade é que há mais homens que mulheres na Islândia: 50,4% da população é masculina, contra 49,6% de mulheres. Desfeito o mito, espero não receber agora mensagens com a pergunta: “como conquistar um islandês?”…
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Os islandeses são altos e louros de olhos azuis
Nem totalmente verdadeiro, nem totalmente falso. Há muitos islandeses altos, louros e de olhos azuis, sim. E há, igualmente, muitos de estatura média, cabelos e olhos escuros, que não correspondem nem um pouco ao estereótipo do viking gigante dos filmes de Hollywood. O povo islandês não descende somente de vikings escandinavos, mas também de escoceses e irlandeses. É verdade que é uma população bem homogênea, geneticamente falando, mas a aparência não é mais tão homogênea assim, principalmente nesses tempos de globalização.
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A Islândia tem as melhores escolas do mundo
FALSO. Isso pode ser na Finlândia. As pessoas costumam confundir a Islândia com a Finlândia, que sempre ficava em primeiro lugar no teste de PISA (Programme for International Student Assessment), da Organização Econômica de Cooperação e Desenvolvimento (OECD), até dois anos atrás.
As escolas aqui são boas; entretanto, a Islândia teve o seu pior resultado da história no último teste PISA, ficando entre o 32° e o 40° lugar, nas diversas categorias analisadas. Mesmo assim, os islandeses se orgulham de ter erradicado o analfabetismo desde o final do século XVII, e há raras escolas particulares, as públicas são excelentes – mas disso eu falo outro dia…
Leia também: custo de vida na Islândia
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Baleia, papagaio do mar e foca são o feijão com arroz do islandês
FALSO. O feijão com arroz do islandês é o peixe nosso de cada dia. Come-se muito peixe na Islândia, mas baleia, definitivamente, não faz parte do cardápio diário daqui (até porque não é nem peixe!). Pode-se comprar no supermercado, e há vários restaurantes que servem essa carne para turistas. E só. Isso vale também para a carne de cavalo. Papagaio do mar come-se em festivais ou uma vez ou outra, como “delicatéssen”. Agora, foca, sinceramente, eu nunca vi ninguém comendo!
A carne mais apreciada de todas é a de cordeiro, e a coisa mais estranha que se come por aqui é a cabeça dele (veja como e quando aqui).
Tubarão podre e seu parente “skata” são comidos em ocasiões especiais e pronto! Tudo muito natural, assim como na Amazônia ainda se come tartaruga.
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Faz frio o ano todo na Islândia
VERDADEIRO. Mas só até certo ponto, pois tudo neste mundo é relativo, e a única verdade absoluta sobre clima na Islândia é que aqui nunca faz calor, nunca mesmo. Já houve um ou outro dia, na história da meteorologia daqui, com 33°C marcados em algum lugar no norte ou no oeste do país, mas a média do verão é mesmo 12°C e, quando faz 18°C, é calor. Digo isso, porque a sensação térmica em Reykjavik, num dia sem vento é bem mais quentinha do que em São Paulo, com garoa – ou até dentro de casa.
E você, que ideia tem da Islândia? Comente aqui, que estou curiosa para saber. Até a próxima.
19 Comments
Erika, tudo bem?
Gostei muito do texto, Islândia é um país que vem chamando minha atenção e da minha esposa também, a gente tem algumas dúvidas, que ñ conseguimos encontrar por aqui, ou talvez tenha passado batido, vc se quiser e puder, poderia nos dar uma ajudinha? Por e-mail msm ou msg direta?
Obrigado !!!
Boa noite Erika, então ás perguntas hahaha 😀
Possuo cidadania européia, creio que isso seja um passo importante para uma possível mudança a Islândia..
Vi que se trata de um país bem caro se comparado aos outros da UE, por conta disso, nossa maior dúvida, seria quanto levar para começar, deixando bem claro que, sabemos das dificuldades de um inicio em outro país, então não procuramos nada luxuoso para alugar, pelo contrário, o que leva a pergunta final, o salário médio segundo sites como o numbeo, gira em torno de 300.000 e algumas coroas, 1 real valendo 33 coroas, seria 40 a 50 mil reais um bom dinheiro para ir?
E uma última dúvida, essa da minha esposa que tem bastante medo de mudar daqui.. é assim, como ela vê que no Brasil muitos salários ficam abaixo do necessário para se viver dignamente, ela queria saber se isso se aplica a Islândia, por exemplo, claro, não seremos ricos aí, muito menos ganhar mais que a população local, afinal, somos imigrantes, mas com o salário médio na islândia, é possivel viver no aperto, ou existe a possibilidade de ganhar menos do que o necessário para se viver?
Eu sei que é muito relativo esse tipo de dúvida… mas, qlqr coisinha, qlqr dica que você puder nos dar, agradecemos muito mesmo Erika
Obrigado
Olá, Andgello,
como você mesmo observou, essas perguntas são mesmo muito relativas. O salário médio é realmente nessa base, de 300.000 ISK, entretanto, você paga 37% de imposto de renda na fonte. Nesses 37% já estão incluídos o seguro de saúde e o seguro desemprego, aposentadoria é extra, 2%.
Os aluguéis no centro são bem caros, mas fora do centro não é tão mais barato, não; até mesmo um quarto em república, com banheiro e cozinha compartilhados custam em torno de ISK 100.000.
Quanto ao valor necessário para começar, isso vai depender de vocês, como vão querer se alimentar, que tipo de coisas precisarão comprar, etc., é difícil calcular sem saber os costumes e hábitos de vocês.
Quanto aos empregos, também é muito relativo, um vendedor/ balconista de loja ganha aqui uns 200.000 ISK por mês, se trabalhar só o horário “normal”, de 10:00 às 18:00 horas, por exemplo. Isso é bem pouco. Um assistente de cozinha, arrumadeira, faxineira, etc., ganham mais ou menos isso. Se trabalharem mais de 40h por semana e nos fins de semana, também, podem aumentar o salário em 50%, por exemplo.
Agora, especialistas em computação, design e marketing começam com mais de 400.000 ISK, bem mais, dependendo da experiência. Ou seja, no setor de serviços há sempre vagas, mas elas são mal remuneradas; nos setores especializados há menos vagas e lá, ganha-se bem melhor.
Você leu meu artigo sobre custo de vida? Dei uma atualizada nos preços, dê uma olhada aqui
Abraço e tudo de bom! Se quiser perguntar mais, estamos aqui.
Obrigado Erika, nos deu uma boa idéia de como são as coisas aí.
Pretendo ir já formado em turismo e com inglês fluente, o Islandes tenho aprendido por conta ( não está nada facil ), quanto a questões de hábitos, nem aqui nós somos de ir a lugares caros não, somos adeptos do bom e velho miojo, ou algo bem simples do mercado mesmo, a gente não é de ir a restaurantes nem aqui hehe
O que nos pega mesmo, é o famoso ” será que ganharemos menos q o necessario pra viver relativamente bem? ” assim como ocorrem em locais aqui do Brasil, o aluguel temos por base que é caro, temos acompanhado o blog aqui e um canal no youtube também, mas, a principio eu iria uns meses antes, e como falei ali, pegaria qlqr tipo de serviço mesmo aos fins de semana, a pergunta final ( eu juro ), seria, a islândia é um país que o salário médio cobre as necessidades básicas de uma pessoa sem luxos?
Destes 300.000 ISK são descontados 37% pelo que entendi, sobrando 189.000, mais um aluguel q dificilmente será achado por menos de 120/150.000, é meio assustador, mas né, quando o coração fala mais alto, a gente arrisca, ainda que demore…
Obrigado novamente !!
Olá, Andgello,
A única coisa que posso lhe dizer com certeza é que todo assalariado aqui tem que trabalhar muito, inclusive fins de semana, às vezes, para poder viver bem. Como mencionei no artigo, pagam bem, mas tudo é muito caro, então o poder de compra de assalariados “comuns” não é grande. Muita gente que conheço trabalha 6 dias por semana.
E, em um casal, ambos trabalham sempre, a palavra “dona de casa” praticamente não existe na Islândia, então, tenham isso em mente quando vierem.
Desejo, de coração, boa sorte para vocês!
ola Erica,Sou Licenciado em Marketing ;Gestão comercial e Empreendedorismo,pela ESTG-LEiria-Portugal.Não conheço ninguem aí,mas sou bastante decidido e aventureiro.Já encarei um intercambio no Brasil sozinho nos anos da Universidade,entre outras aventuras.meu sonho é trabalhar aí por um tempo.dica de site de emprego,empresas de marketing e serviços. Agradeço
Olá, Aristides,
obrigada por ler e comentar!
Não estou bem informada sobre oportunidades de trabalho nessa área, sugiro que você procure na página do ministério do trabalho islandês, veja aqui
Boa sorte!
Boa noite, adorei seu relato, quais são as oportunidade de empregos ofertado ai?
Olá, Pablo,
muito obrigada por ler, fico feliz que gostou do texto.
Quanto a procurar trabalho na Islândia, veja o que há aqui, no site do ministério do trabalho.
Boa sorte!
Erika
Olá Erika, bom dia!
Como sempre, mais um excelente texto por sua parte 😉 Mas poxa, decepcionei totalmente, já ia perguntar aqui como conquistar um lindo Islandesinho, e olha que eu nem tinha interesse econômico nenhum :'(
Brincadeiras à parte (mas se quiser me ensinar, tô aceitando, viu? hahaha), este texto ficou muito bom, mesmo. Um dia desses mesmo eu conversava com uma moça da Finlândia e ela me disse que na Islândia pode não fazer tanto frio quanto em outros países nórdicos, mas que certamente lá não faz calor, mantendo-se, em geral, um clima mais temperado e ameno.
E sinceramente, alguém realmente tenta sair tomando banho em gêiseres?
Um abraço 😉
PS: Escreva algum dia sobre a cena musical islandesa, seria fantástico ver-te a opinião quanto a este assunto 😀
Olá, Caio,
obrigada por ler e comentar, fico feliz que gostou!
Vou pesquisar um pouco mais sobre a cena musical, é tanta banda que eu estou desatualizada. Prometo que escrevo em breve.
Abraço para você também!
Texto maravilhoso Erikinha, amei! Não sentir calor nunca, deve ser ótimo. Tenho muito orgulho desse país, terra natal de minhas sobrinhas queridas e meu sobrinho! Parabéns querida por mais um relato cheio de curiosidades. Bjos saudosos!
Depois de tantos comentários,…, melhor ouvir islandês. Não?
Boa tarde, Erika.
Poderia, por favor, discorrer sobre um assunto que , volta e meia, é trazido a baila aqui no Brasil. O fato da grande quantidade de mulheres que abortam seus filhos, ao saberem que são portadores de deficiencias, entre elas, a Sindrome de Down. Agradeço antecipadamente, e entenderei caso, por qualquer motivo, não queira abordar o tema. É somente uma curiosidade da minha parte.
Olá, Marcos,
Infelizmente, não tenho mais informações além do que saiu na grande mídia, interromper a gravidez por causa do diagnóstico da síndrome de Down no bebê é mesmo comum na Islândia e na Dinamarca, até onde tive notícias. Vou pesquisar e, se souber mais, escrevo de novo.
Obrigada por ler e comentar.
Ola Erika,gostaria de passar férias na Islândia,você por gentileza poderia me indicar alguns lugares.
Bjos
Erica , foi um prazer enorme conhecer você.
Quanto a Islândia , estou amando , país lindo e de natureza exuberante. Segurança 1000 , qualidade de vida muito boa .
Estou qui no verão e existe um enxame de mosquitos.. vc pode falar um pouco sobre isso.. Já q todos os sites dizem q não existe mosquito aqui
Olá Mari,
A Erika Martins Carneiro parou de colaborar conosco e, infelizmente, não temos outra colunista morando no país.
Obrigada,
Edição BPM