Visto para morar na Bélgica casando com um brasileiro
Quando buscamos informações na internet sobre como conseguir o visto para morar e trabalhar na Europa com nosso parceiro, na maioria dos casos, encontramos apenas relatos de pessoas que se mudaram para outro país para viver com um estrangeiro. Mas como funciona quando seu namorado ou marido também é brasileiro? Esse foi o meu caso, e compartilho com vocês minha experiência tentando conseguir o visto para viver aqui na Antuérpia.
Quando meu marido descobriu que tinha conseguido uma vaga de emprego na Bélgica, em 2015, nós ainda namorávamos. Imagine que, por três anos, você está acostumada – e muito feliz – com sua rotina de ver seu namorado todos os finais de semana, viajar e fazer tudo juntos, e se a saudade bater no meio da semana, você simplesmente vai até a casa dele e resolve o problema. Agora, quando seu namorado está morando do outro lado do mundo, em outro continente, tudo muda.
O Whatsapp e o Facetime passam a ser seus melhores amigos, afinal, seus “encontros” com seu namorado agora são online, à distância e sem nenhum calor humano. No começo, posso dizer que foram os piores meses do um ano e meio que ele esteve morando na Europa, sem mim. Nesse meio tempo, para nossa felicidade e sobrevivência, houve visitas. No entanto, bastou a primeira vez que ele voltou ao Brasil, quatro meses após a mudança, para decidirmos que se quiséssemos ficar juntos, eu teria que largar tudo no Brasil – família, amigos e emprego – para vir morar com ele na Antuérpia. E foi aí que começaram as buscas para entender quais opções nós tínhamos para conseguir que o meu visto belga fosse aprovado.
A princípio, tentamos o visto de coabitação. Neste caso, não é necessário que o casal seja casado, mas sim comprovar que o relacionamento existe há mais de um ano. Fotos, conversas de Whatsapp e Messenger – incluindo as brigas -, e-mails de reservas de hotéis e bilhetes de voos de viagens que fizemos juntos, tudo que provasse nosso relacionamento nos últimos três anos deveria ser impresso e entregue à prefeitura em Antuérpia. Parecia que tínhamos tudo para conseguir o visto, sem nenhum problema. Eu, então, peguei minhas malas e vim passar uma temporada de 3 meses na Bélgica durante o verão europeu – ou foi isso o que eu disse à imigração.
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Antes de decidir pela coabitação, procuramos o máximo de informações na internet que conseguimos, porém, todos os casos que encontramos foram entre brasileiras e estrangeiros. E, tarde demais, descobrimos que para um casal 100% não-europeu, muda muita coisa. Quando fomos à prefeitura abrir um dossiê para solicitar o meu visto, nos pediram um bilhão de documentos, entre eles, uma prova de que moramos juntos no Brasil antes de ele se mudar para Antuérpia – o que nós não tínhamos. Infelizmente, ter um relacionamento de três anos não era o suficiente aos olhos da prefeitura. Ainda assim, não desistimos e fomos atrás de uma advogada especialista em imigrantes na cidade.
Quando presenciamos noivos dizerem seus votos matrimoniais em suas cerimônias de casamento, é comum ouvirmos que “o destino os uniu” ou “estava escrito nas estrelas”, ou qualquer coisa do tipo. No meu caso, eu poderia dizer que o primeiro sinal de que eu seria uma mulher casada em pouco tempo foi a advogada dizer: “ou vocês casam, ou não será possível conseguir o visto”. Aparentemente, considerando os recentes ataques terroristas na Bélgica e Europa como um todo, eles estavam mais rigorosos com a imigração, e a prefeitura dificultaria a aprovação do visto comprovando somente o namoro, sem nenhuma união estável anterior. Nós poderíamos tentar, mas seria uma aposta com maiores chances de perda do que ganho. Teríamos que esperar até 6 meses e, ainda assim, correríamos o risco de ter o meu visto reprovado e eu ter que retornar ao Brasil no dia seguinte da decisão chegar, por estar vivendo “ilegalmente” no país (brasileiros podem viajar somente com o passaporte, sem o visto, com estadia de até 3 meses na Europa).
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Nunca pensei que aos 24 anos de idade estaria casada. Não me leve a mal quem casou cedo e optou por isso, mas os meus planos eram casar depois dos 30 e ter uma festa de casamento memorável. Por fim, o destino é mesmo imprevisível e meu casamento acabou por ser mais inesquecível do que imaginei. No dia 22 de março de 2017, eu estava no cartório em São Paulo, pronta para assinar os papéis e dizer “sim”. Mas o mais surpreendente desta história é que o noivo não estava presente no casamento. Eu sei, é estranho, mas eu explico…
Para me aplicar ao visto D, de cônjuge de profissional brasileiro vivendo na Bélgica, eu teria que entregar todos os documentos, traduzidos e selados, ao consulado belga em São Paulo antes de viajar. Meu marido tinha acabado de passar as férias de final de ano no Brasil, portanto, voltar apenas 2 meses depois não era uma opção. Descobrimos então que seria possível que ele fizesse uma procuração pública, certificada na Embaixada do Brasil na Bélgica, que permitisse que outra pessoa assinasse e dissesse “sim” por ele no Brasil. Foi então que eu “me casei” com a minha sogra! Ela assinou e o noivo assistiu tudo ao vivo, através do Whatsapp, sentado no sofá da sala do nosso apartamento na Antuérpia. Modernidade é tudo, gente!
Depois de, enfim, conseguir todos os documentos necessários, o visto foi finalmente aprovado e em abril eu embarcava em um avião com destino à Antuérpia, pronta para viver a vida de casada, em um novo país e uma nova cultura. Posso dizer quem tem sido um grande desafio, mas pouco a pouco vou me adaptando a todas as diferenças dessa nova fase. Para quem já viveu ou está vivendo o mesmo momento de ter seu amado(a) em outro país, posso afirmar que os obstáculos e dificuldades – e até loucuras – valeram a pena para viver hoje o sonho de morar na Europa, com o meu amor.
Contem suas experiências nos comentários e, se quiserem saber mais detalhes de todos os processos que passei para conseguir o visto belga, é só perguntar!
13 Comments
Oi Barbara, tudo bem?
Muito interessante o teu relato. Fiquei contente que tudo deu certo no teu caso. Eu e minha esposa tb estamos planejando morar na Bélgica. Embora a nossa situação seja um pouco diferente da tua, gostaria de saber qual foi a advogada que vc procurou para te auxiliar a respeito. Se vc puder me informar, ficaria lhe muito grato.
Oi Roberto, tudo bem e contigo?
Obrigada pelo comentário!
Poxa, eu agora não me lembro o nome da advogada e não consigo encontrar o cartão dela na minha bagunça. Foi um escritório aqui em Antuérpia, especializado em Imigração. Talvez possa encontrar alguém no Brasil com a mesma especialidade que também possa ajuda-lo.
Boa sorte, e desculpa não poder ajudar melhor!!
ok Bárbara, agradeço pela tua atenção.
Oi Bárbara, tudo bom.
Meu esposo recebeu uma proposta de emprego para Antuérpia mas estamos no maior dilema. Temos um filho de 5 anos e isso faz o temor oela mudança aumentar. Considerando a atual situação do Brasil morar fora é ter qualidade de vida mas na hora que a oportunidade chega vc fica insegura. Como vc está lidando com essa mudança e principalmente na adaptação a língua?
Oi Livia, tudo bem e contigo?
Obrigada pelo comentario!
Entendo o seu medo pela mudança, principalmente pelo seu filho. Mas acredito que ele será o que mais vai se beneficiar, não só pela segurança e qualidade de vida, mas pela oportunidade de aprender novas linguas. Quanto a isso, se a empresa do seu esposo oferecer uma proposta que dê suporte para toda a família (incluindo estudo e suporte para seu filho), então minha opinião é que você deve se jogar nessa mudança!
Quanto a lingua, se você fala inglês, consegue viver bem. Ainda não aprendi o flamish (a lingua local), e não pretendo por enquanto.
O que posso aconselha-la é, se pretende trabalhar por aqui, venha já com alguma vaga acordada com a empresa de seu marido ou então, prepare-se para aprender francês ou o holandês.
Eu arrumei emprego na minha área sem nenhum dos dois, mas acho que foi muito o lugar e hora certos! Pode ser que encontre empregos mais simples só com o inglês (limpeza, garçonete, estoquista em loja, etc).
boa sorte e se eu ainda puder ajudar, estou a disposição!! 🙂
Oi Bárbara, tudo bem?
Queria agradecer pelo seu relato, foi muito esclarecedor e inspirador para a jornada que vou enfrentar nos próximos meses! Minha siuação é a seguinte:
Minha namorada conseguiu uma vaga de emprego na Antuérpia na mesma empresa que ela trabalha aqui no Brasil, e em Julho ela estará se mudando para lá. Eu pretendo terminar a faculdade no fim do ano e em Janeiro/Fevererio estar me mudando para lá, mas claro com medos e dúvidas se vou conseguir o visto com tranquilidade ou não. Nós namoramos já tem mais de 8 anos, e moramos juntos há quase 5. Porém, ainda não temos documento de União Estável nem nada, estamos pretendendo assinar antes de ela ir.
Perguntas:
1- Qual visto eu devo tentar? O de coabitação ou o de Conjuge de profissional brasileiro? (Caso o documento de União Estavel tenha validade na Belgica)
2- Se eu conseguir, vou poder trabalhar lá ou se a empresa quiser me contratar ela terá que entrar com algum processo para que eu tenha permissão legal para trabalhar?
3- Preciso necessariamente entrar com o processo de visto de coabitação/conjuge aqui no Brasil ou posso ir para lá e dar entrada lá?
Muito obrigado!!
Olá Henri,
A Bárbara Araújo parou de colaborar conosco, mas temos outras colunistas na Bélgica que talvez possam te ajudar.
Você pode entrar em contato com elas deixando um comentário em um dos textos publicados mais recentemente no site.
Obrigada,
Edição BPM
Oi, Bárbara, vou passar pela mesma situação, mas fiquei com uma dúvida, meu namorado vai ter o visto de trabalho, posso casar com ele e ir para lá com o visto de trabalho ou apenas quando ele conseguir o definitivo?
Obrigado desde já.
Olá Mayara,
A Bárbara Araújo parou de colaborar conosco, mas temos outras colunistas na Bélgica que talvez possam te ajudar.
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Obrigada,
Edição BPM
Olá barbara, estou super anciosa,pois sou brasileira meu namorado é português e reside na Bélgica ele tem moradia e emprego la. porém a moradia está no nome do irmão dele que tbm reside la.Estamos tentando arrumar uma solução para poder ficarmos juntos de vez.É uma tortura não poder nos tocarmos. E nossa comunicação tem sido se ver por vídeo chamadas e troca de mensagens.????????????????
Olá Kátia,
A Bárbara Araújo parou de colaborar conosco, mas temos outras colunistas na Bégica que talvez possam te ajudar.
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Obrigada,
Edição BPM
Oi Bárbara
Eu estou tirando minha cidadania Portuguesa e pretendo casar com meu namorado que é br mesmo.
Gostaríamos de viver na Bélgica, mas nesse caso eu com cidadania e ele sem, só sendo marido de cidadã européia, que vistos precisaríamos (eu e ele) ?
Obrigada!
Olá Jéssica,
A Bárbara Araújo parou de colaborar conosco, mas temos outras colunistas na Bégica que talvez possam te ajudar.
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Obrigada,
Edição BPM