Você sabe o que são Coptas?
Se você tiver curiosidade sobre os coptas, assim como eu, vai ficar espantado! Não com as informações, mas com a falta delas!
Coptas é uma religião com poucas informações em inglês e confusas e imprecisas em português. Então, segura minha mão e vamos desbravar esse território.
Egito, cenário das profecias cristãs, berço da magia e da mitologia
Na Bíblia, se conta que mandaram matar os meninos hebreus por causa da profecia de um libertador, bem quando nascia Moisés. Mais tarde, José, Maria e o bebê Jesus foram ao Egito fugir de um decreto feito por Heródes – o Grande, que matava todos os bebês meninos por conta de uma profecia do rei dos judeus.
O Egito é um cenário de profecias cristãs, mas na verdade é muito mais o berço da magia e da mitologia. Muitas ciências começaram no Egito, e a mitologia Egípcia até hoje encontra adeptos.
Lugar onde os semideuses conviviam com os humanos e davam poderes aos faraós, além de controlarem as cheias, a fertilidade e o mundo dos mortos.
A palavra copta vem da pronúncia europeia da palavra árabe qibt, que deriva do nome grego para Egito –Aigyptos. A língua copta é uma mistura entre o idioma grego e os hielógrafos.
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A tradição conta que São Marcos veio ao Egito no primeiro século depois de Jesus ter comissionado os discípulos para os quatro cantos da terra.
Ele teria chegado já fazendo um milagre em Alexandria: curou o corte do sapateiro Anianus, que foi o primeiro homem no Egito a crer em Cristo.
No ano de 67, a Páscoa caiu no mesmo dia de um festival greco-egípcio em homenagem a deusa Serapis. E como São Marcos não estava disposto a adorar a deusa, amarraram uma corda no pescoço dele e o arrastarem pelas ruas do Egito, até a sua morte.
Por muito tempo os cultos e rituais egípcios coexistiram com os coptas cristãos (não é redundante se você sabe o significado original de cada palavra).
Exemplo disso é a simbologia da cruz, que foi uma associação da cruz romana à chave da vida Ankh que os deuses egípcios carregavam.
Além disso, os monges também recitavam a repetição: “não vou contaminar o meu corpo de forma alguma, não vou roubar, não vou dar falso testemunho, não vou mentir, não vou fazer nada enganoso secretamente”. Uma paráfrase do Livro dos Mortos, onde o falecido devia recitar a Osíris: “eu não cometi pecado…eu não disse mentiras…eu não me poluí”.
Popularização da religião Copta
Provavelmente a religião cresceu porque Alexandria era um polo de informação naquela época, inclusive com escolas para judeus.
Mencionado na Bíblia, no livro de Atos dos Apóstolos (18:24-25), Apollos era um judeu conhecedor das escrituras que havia se convertido ao cristianismo. A Escola de Alexandria foi a primeira escola de conhecimento teológico, com professores que formaram as primeiras concepções cristãs do mundo.
Entre o primeiro e o quarto século d.C., os Romanos começaram a perseguir os coptas cristãos. O imperador Diocleciano em 303, coordenou massacres que mataram milhares de cristãos.
Havia um poço no templo de Kom Ombo, onde os coptas eram jogados para os famintos crocodilos do Nilo. Essa época, recordada pelo grupo etno-religioso como a Era dos Mártires, canonizou à Santa Catarina de Alexandria, que é até hoje o nome de muitas cidades e até um estado Brasileiro.
Em 313, os cristãos estavam livres de perseguição e em 380, o jogo virou de verdade quando, no Concílio de Nicéia, o copta se tornou a religião oficial do império romano.
A história dos coptas não acabou, mas hoje eles são apenas 10 e 15% dos 98 milhões de egípcios. Com a invasão árabe em Alexandria em 642, os coptas foram gradualmente se convertendo ao islamismo. Houve esforços para manter a religião viva, mas com impostos diferentes para coptas e muçulmanos, eles não resistiram.
Coptas e atualidades
A propaganda é de que ambos, muçulmanos e coptas, convivem em harmonia, mas na prática são poucos os que quebram as barreiras do preconceito e ressentimentos por desavenças antigas. Os coptas se consideram descriminados e perseguidos.
Em 2016 um artigo de opinião no New York Times levantou 77 ataques a coptas em apenas uma cidade do Egito, durante os anos de 2011 e 2016. Em maio de 2020, grupos de organização religiosa haviam ateado fogo em casas de muçulmanos em Minya.
No Egito, as casas tem a Kabah ou um Sheik em suas fachadas, e as cristãs tem crucifixos, Santa Maria ou o Papa Copta, o que identifica quem nelas reside. Os coptas também tatuam uma cruz no pulso e tem sua religião no documento de identidade.