Minha história na Eslovênia:
Sou formada em Psicologia e trabalhei 25 anos para uma multinacional brasileira. Viajei muito, seja por causa de meu trabalho ou por lazer. Adoro viajar e conhecer culturas diferentes e tive a sorte e oportunidade de conhecer mais de 60 países, entre eles a Síria.
Em 2009, em uma de minhas viagens à trabalho no Alasca, encontrei uma raridade: um esloveno nas águas geladas do Alasca. Se você não acha raro, então deixe-me explicar. A população da Eslovênia é de dois milhões, a masculina em torno da metade, um milhão.
Casamo-nos, moramos no Rio de Janeiro e depois em Porto Alegre, onde nasceu minha filha, em 2011. Após 2 anos e meio nos mudamos para Liubliana, a capital da Eslovênia, em busca de um lugar menos violento para criar nossa filha.
Para explicar esses três anos e meio: no primeiro ano era tudo lindo, maravilhoso, conto de fadas, era a Alice no País das Maravilhas, verde, seguro, ecologicamente correto. Eu tinha uma horta, cerejeira e macieiras no quintal.
Segundo ano: bem, é lindo, a neve é linda, mas… Faz frio. Muito frio. E esse frio não passa nunca! E também há as intermináveis semanas cinzas. O idioma é difícil, bem difícil. Tenho uma horta, mas queria um emprego e… não há. Emprego é um dos grandes desafios para quem vem morar na Eslovênia. Tem o sistema de saúde, muito diferente.
Terceiro ano: Eu moro na… Eslovênia.
Entendi. Só aí quando você vê o filme todo e não só partes entende a história e pode reescrevê-la. Durante os primeiros anos, eu entrei para o Conselho de Cidadãos do qual fui presidente, e para a SILA, um grupo criado por eslovenas para receber e unir mulheres expatriadas através de trabalhos voluntários e eventos. Participei e organizei bazares e outros trabalhos voluntários.
Nesta época, eu já havia criado o Projeto Sementeira para manter e divulgar a Língua Portuguesa e a cultura brasileira e aos poucos o Projeto expandiu-se e comecei a colher os frutos. Fui convidada a fazer apresentações também em escolas eslovenas. Uma menina que viu o evento adorou e comentou com a mãe, que era gerente de um hotel e acabei convidada para fazer eventos brasileiros. Fiz esses e mais alguns e conheci muitas pessoas e empresas que me ajudaram, uma delas, a Better Life Style, de recepção a expatriados, que conta com profissionais que falam inglês.
Voltei a escrever e um de meus textos foi escolhido para participar de uma antologia do Jornal Sem Fronteiras. Viajei para Lisboa, ganhei prêmios, amigos, livros e minha inspiração de volta. Outro texto meu agora entra na antologia da A.C.I.M.A – Editora Sahar e estará no Salão Internacional do Livro em Turim.
Em 2014, abri minha empresa, a Brasilis, de eventos, turismo experimental e consultoria para empresas que queiram entrar no mercado brasileiro.
Hoje cultivo amizades e sou feliz vivendo aqui. Meu foco é construir algo e levar comigo as mulheres que, como eu, precisam encontrar força para seguir adiante.
Acredito na frase que diz: sucesso é impactar com propósito.
“E fazer o que puder, onde estiver, com aquilo que tem”.
E como será a história de outras brasileiras na Eslovênia?
Mona é baiana, formada em veterinária pela UFBA e mestre em Biotecnologia pela UEFS. Futura doutora em Ciências Biológicas com ênfase em Bioquímica e Biologia Molecular da USP-IQ, com possível duplo título pelo Instituto Josef Stefan – Eslovênia no Programa de Nanotecnologia.
Não foi o amor que trouxe Mona à Eslovênia, precisou mais, a moça é cientista (risos). Quando cursava doutorado e desenvolvia seu projeto, teve sua bolsa de intercâmbio para a Eslovênia aprovada. Segundo Mona, a Eslovênia a escolheu e não ela a Eslovênia.
Mona veio com sua filha Lana, que nasceu lá na Bahia. Chegou e gostou tanto que requereu para tirar o duplo doutoramento e ficar. E ficou, e o amor a escolheu. Casou-se, teve um filhinho há alguns meses e atualmente desenvolve o projeto de uma máquina de biossíntese proteica… Coisa de cientista, melhor ver o link para entender; além de desenvolver um aplicativo com o marido.
Como boa baiana, não gosta da água gelada do mar e da falta de sol. O frio até suporta.
Gisele
Gisele de David Branda é gaúcha de Carazinho e formou-se em Relações Internacionais pela ESPM de Porto Alegre. Sempre foi apaixonada por viagens e diversidade cultural, o que a levou a morar em diversos países. Na Turquia e Egito, participou de projetos sociais com AIESEC, plataforma global que busca o desenvolvimento de lideranças jovens através de intercâmbios culturais pelo mundo. No Canadá, fez intercâmbio de língua inglesa.
Em 2015, obteve uma bolsa de estudos pelo programa ERASMUS MUNDUS para cursar mestrado em Migrações e Relações Interculturais. Desde então, já morou na Alemanha, Noruega, Uganda e Chipre. Desenvolve sua tese sobre estudantes internacionais que optaram por intercâmbio num território ao norte do Chipre, um local não reconhecido pelos órgãos internacionais que auto proclama-se República Turca do Norte do Chipre. A peculiaridade do intercâmbio nesse local do mundo despertou seu interesse em pesquisar a fundo a razão que leva tantos estudantes de diversas nacionalidades a escolherem este destino.
Atualmente vive em Liubliana, onde passa suas noites na biblioteca central da cidade, e tornou-se muito conhecida do bibliotecário, que precisa convidá-la a retirar-se a certa altura da noite. Cedo, lá pela meia noite.
Adora Liubliana, uma cidade pequena, de fácil acessibilidade e mobilidade. Segura, verde, e com uma vida cultural rica. O que não gostou? Dos doces! Para uma gaúcha acostumada com os docinhos de Pelotas, achou-os meio sem graça!
Acaba de terminar sua tese e seu interesse é trabalhar com mobilidade de estudantes e intercâmbios. Seu destino? O mundo!
Mona com sua máquina e Gisele com seus sonhos pelo mudo. Alguém duvida? Eu não. Afinal, além da inteligência e da perseverança são brasileiras: “Trazem no corpo a estranha mania de ter fé na vida”.
Que esta lhes acompanhe, então.
2 Comments
Adorei o relato! Todas tem histórias de bastante superação. Abraços!
Oi Marta! Adorei seu texto! Tb sou psicóloga e escrevo aqui pro Brasileiras, mas lá pra França RS.
Gostei mto da forma como vc contou a sua história é das meninas, é isso aí precisamos aprender a lidar com o lado não tão bom e tirar muito proveito das coisas positivas! 🙂
Um beijo!