Chile endurece restrições aos viajantes do Brasil.
Em março, o governo do Chile anunciou uma série de restrições para viajantes vindos do Brasil. As medidas foram uma resposta do Ministério da Saúde para tentar conter a entrada da nova variante brasileira no país. Infelizmente, as restrições não tiveram o efeito esperado.
Até a última semana do mês de março, já haviam sido registrados seis casos da nova cepa brasileira no país. Neste artigo, você confere as novas exigências e algumas informações sobre hotel de trânsito e residência sanitária no Chile.
Chile endurece restrições aos viajantes do Brasil: Quando começou?
Tudo começou com o inocente anúncio de que, além do já tradicional exame de PCR, e da quarentena obrigatória, as pessoas que desembarcavam no Chile com procedência do Brasil precisariam fazer um novo PCR ao desembarcar e cumprir quarentena numa residência sanitária.
A primeira pergunta que os brasileiros fizeram: quem vai pagar por isso? Inicialmente, o governo do Chile arcou com todas as despesas. Diversos brasileiros relataram sua experiência em grupos nas diferentes redes sociais.
Alguns diziam que tinha sido tudo muito tranquilo na chegada, com transporte e PCR por conta do governo e estada num hotel “top” com excelente localização.
De repente, tudo mudou
Acontece que a alegria não durou muito tempo… uma semana depois, o governo chileno anunciou novas medidas, aumentando as restrições. Desta vez, os viajantes que tinham como destino o Chile e vinham do Brasil, deveriam obrigatoriamente fazer o PCR num hotel de trânsito e cumprir quarentena numa residência sanitária, porém, os custos seriam bancados pelos próprios viajantes.
Caso o PCR tivesse resultado negativo, a quarentena seria cumprida no destino final, mas se fosse positivo, a quarentena obrigatória devia ser na residência sanitária.
Na realidade, são hotéis que foram adaptados para receber os passageiros que ingressam no país durante a pandemia.
E agora?
Muitas reclamações e dúvidas surgiram nos grupos de brasileiros por conta desse anúncio. O processo inicia antes da viagem, quando o viajante ingressa no site https://www.c19.cl/ onde faz o seu registro, tira um passaporte sanitário para entrar no país e faz o pagamento da taxa que inclui o exame PCR e a estada no hotel de trânsito.
Veja também: A quarentena total e coronavírus no Chile
No hotel, é possível pedir delivery, mas lembre-se de que devido à pandemia, Santiago vive com toque de recolher a partir das 22 horas até 5 da manhã, todos os dias. Portanto, nesse horário, você não vai encontrar nenhum serviço de tele entrega disponível.
As quatro refeições estão incluídas na taxa paga pelos viajantes, porém, se o ingresso é no horário em que o serviço já não está funcionando, tipo meia noite, provavelmente, você não vai receber nenhuma refeição.
Chile endurece restrições aos viajantes do Brasil: Relato de viajantes
Uma brasileira que compartilhou sua experiência destacou que, na hora das refeições, tudo é entregue embalado “em bolsas descartáveis para garantir a segurança dos trabalhadores da residência”. Isso acontece porque ao ingressar no hotel, geralmente, os viajantes não sabem o resultado do PCR. Portanto, não dá para garantir que ninguém esteja contagiado.
Diferente de outros países, onde os próprios hóspedes têm que fazer a limpeza dos quartos (por medida de segurança, obviamente), no Chile, este serviço está disponível, ainda que não seja todos os dias, mas é possível consultar na recepção ou “sala de enfermeira” com que frequência alguém passa para fazer a limpeza. O lixo deve ser retirado todos os dias.
Outra informação importante entregue pelos compatriotas que estiveram nesse tipo de hotel é que é melhor fazer o PCR no aeroporto. No hotel, o exame é feito somente durante o dia, então, quanto mais tempo você demora para fazê-lo, mais tarde sai o resultado e você tem que esperar mais tempo ainda no hotel. Uma vez que você ingressa, não pode sair do hotel porque é uma quarentena.
Reações negativas
Esse endurecimento das medidas de controle dos viajantes que vêm do Brasil gerou várias reações negativas e muitas reclamações, não apenas por parte de brasileiros, mas de chilenos também. Um grupo de famílias chilenas que se encontravam no Brasil quando o governo fez o anúncio, protestou com uma carta aberta.
O que mais incomodou os viajantes foi ter que arcar com os custos da quarentena numa residência sanitária. Os valores variam entre 300 e 500 mil pesos chilenos (entre dois mil e quatro mil reais).
Veja também: O sistema de saúde no Chile
Os assinantes do documento alegam que muitas pessoas viajaram ao Brasil por motivos profissionais e familiares. Além disso, os que foram de férias, afirmam que o fizeram com a autorização do governo que concedeu uma autorização especial para este fim (permiso vacaciones).
A polêmica autorização está no centro das críticas ao governo chileno, pois muitos especialistas alertaram que seria exatamente este o efeito posterior às férias de verão. Quer dizer, os casos aumentariam como efetivamente aconteceu.
O Brasil no centro da polêmica
Recentemente, a presidenta do “Colegio Medico de Chile”, Izkia Siches, teve uma reação muito comentada em redes sociais logo após uma publicidade que convidava as pessoas a viajarem. A propaganda foi exibida durante um debate num programa de televisão justamente sobre a situação da Covid 19 no Chile.
“Vi a publicidade que veicularam sobre viagens e não quero deixar passar porque quero salientar a todas as pessoas que nos assistem que não é hora de viajar para fora do Chile”, começou Izkia Siches. No final, sentenciou: “Não é hora de planejar uma viagem de lazer, muito menos ao Brasil “.
Um problema político
Por mais desagradável que soe esta declaração reflete bastante a visão que autoridades e especialistas têm sobre as viagens ao Brasil neste momento. Certamente é difícil arcar com os custos dessas decisões, mas é preciso encarar que estamos em uma pandemia. O governo do Chile não teria condições de arcar com os gastos de todos os viajantes procedentes do Brasil.
Pessoalmente, do ponto de vista econômico, acho bem difícil suspenderem os voos por causa da companhia aérea Latam que é uma das empresas mais importantes do Chile e tem diversos voos com o Brasil. Além disso, não existe possibilidade de fecharem as fronteiras mesmo porque as vacinas chegam de avião de distintos países.
Atualização Importante
Atualização Importante: em abril, o governo decidiu finalmente fechar as fronteiras e proibir entrada e saída de viajantes estrangeiros no Chile. A medida, válida por 30 dias, abria uma exceção para aqueles devidamente autorizados pela autoridade consular chilena no país de origem, sob fundamentados critérios sanitários emitidos pela autoridade sanitária.
No caso dos residentes estrangeiros, era possível solicitar na Delegacia Virtual uma autorização extraordinária para viagens de pessoas ao exterior por motivos humanitários urgentes, tratamentos de saúde ou providências essenciais para a viver no país.
O quê fazer?
Não existe uma solução ideal para quem está viajando neste momento. É importante salientar que o Chile vai passar por eleições presidenciais esse ano e que o atual governo do presidente Sebastián Piñera terminou o ano de 2020 com 15% de aprovação.
Logicamente, existe um componente político que interfere nesse tipo de decisão. Principalmente porque o governo tem sido pouco generoso com o povo chileno, dificultando acesso a qualquer subsídio em meio à pandemia, o que gera muitas cobranças e revolta.
Se você tem planos de viajar, fique atento ao noticiário, informe-se nos grupos e consulte o site do Ministério da Saúde do Chile. Calcule bem antes de embarcar e, se possível, reconsidere sua viagem. Se não for possível adiar, prepare o bolso e paciência.
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