Reencontrando colegas de trabalho um ano e meio depois.
Depois de mais de um ano e meio, finalmente, reencontrei meus colegas de trabalho. Em outubro, a agência onde eu trabalho organizou um passeio antecipado de fim de ano. Antecipado, sim, porque em tempos de pandemia nunca sabemos quando vamos estar com restrições mais severas ou não.
Essa foi a explicação da dona da agência quando nos encontramos depois de mais de um ano. Fico feliz porque esse encontro foi num lugar bonito, ao ar livre, uma chácara a caminho da praia que organiza eventos, como casamentos e festas de fim de ano para empresas chilenas.
Saímos do nosso local de trabalho num micro-ônibus alugado para levar os funcionários que não iriam no próprio carro. Não éramos muitos, na realidade. Coube todo mundo respeitando o espaço de um assento vazio, caso fossemos parados pela fiscalização.
Tudo mudou
Antes de partir, subi para ir ao banheiro e pude ver as adaptações que fizeram para acomodar todo mundo e respeitar as normas de distanciamento e de higiene. Percebi que trocaram meu computador de lugar, os gaveteiros também foram movidos. “Para preservar um espaço entre cada posto de trabalho”, me explicaram.
Confesso que não sou muito apegada a essas coisas, só percebi porque o computador que eu uso tem duas fotos pequenas tiradas nessas cabines expressas da nossa filha e do meu marido. Na pressa, até esqueci de pegar uma jaqueta jeans que está há todo esse tempo no meu gaveteiro… Encontrei minha garrafa de água em cima de uma estação de trabalho. Aproveitei para lavar e levar água fresca no passeio.
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Não mudou tanto a agência. Na essência, continua a mesma, tirando o termômetro na entrada, o tapete desinfetante, as divisórias de acrílico entre as mesas, as máscaras, o álcool gel por toda parte… É uma empresa plenamente adaptada aos novos tempos que insistem em não ser passageiros…
Gente nova
Quando subi, encontrei meu colega de trabalho que sentava bem na minha frente e com quem trabalho direto, o Seba. Como ele, tenho feeling. Ele gosta bastante do Brasil e sempre comenta sobre a vez em que esteve em São Paulo. É um colega de trabalho muito solidário e daquelas pessoas com quem a gente gosta de trabalhar.
Depois que buscamos o que precisávamos, nos juntamos ao resto do grupo na entrada do edifício. Tinha muita gente nova. É impressionante a quantidade de colegas que se foram e dos que chegaram nesse período. Especialmente, os mais jovens, muito jovens…
O deslocamento até o local do passeio foi rápido e fluido. Chegamos e estavam nos esperando com um delicioso café da manha. Foi a oportunidade para colocar a conversa em dia. Também entrevistamos, literalmente, nossa nova colega de núcleo, recém contratada.
Ela contou tudo sobre a vida dela: é de Osorno, no sul do Chile, já morou em Temuco e depois veio pra Santiago, onde depois de alguns anos, cansou e colocou o pé na estrada. Morou na Austrália, Nova Zelândia e um tempo na Europa, onde ela estava quando estourou a pandemia. Quando as fronteiras, finalmente, abriram, ela voltou para o Chile e, bueno, acabou virando nossa colega!
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Fiquei um pouco constrangida e tive que me fazer de louca porque tinha muita gente que eu não tinha a menor ideia de como se chamava… Aos poucos, fomos quebrando o gelo, nos conhecendo, conversando, trocando sorrisos e descobrindo quem era quem. “Ah, é para você que eu sempre mando e-mail pedindo tal coisa”. Pois é…
Hora de curtir
Depois dessa recepção de boas-vindas, a gente fica livre para fazer o que quiser. Na última vez que fizemos um desses passeios, o comitê organizador preparou uma gincana com várias tarefas. Acontece que um cabo de guerra terminou muito mal com um colega fraturando quatro dedos da mesma mão. Depois de varia cirurgias, um longo período de licença e muita terapia, ele voltou à ativa.
Mas, por via das dúvidas, esse ano, ele não foi ao passeio. Também não fazem mais desafios tão radicais como esse, verdade seja dita… O pessoal passou o tempo batendo bola jogando ping pong, fla-flu, ou simplesmente curtindo o visual. Em seguida, abriram o bar e a gente aproveitou para tomar algo parasse refrescar já que fazia bastante calor!
Achei um amor que, antes do passeio, os organizadores perguntaram o que a gente gostaria de beber. Entre as opções estava “caipirinha”. Não sou muito de destilado, mas disse “uma caipirinha” e foi exatamente isso o que eu tomei, além de muita água, é claro. Sou mais da cerveja e do vinho e foi o que eu bebi apenas.
Não exagerei, mas confesso que o pouco que eu bebi, ajudou a deixar um pouco de lado a timidez e encarar com o Seba um dueto para cantar duas músicas brasileiras. Ensaiamos antes, é claro, mas longe de mim dizer que foi uma maravilha. Foi legal, sim. Cantamos “Garota de Ipanema” do maestro Tom Jobim e “Sorri, Sou Rei” do Natiruts.
Valeu a nossa ousadia! Fomos bem recompensados com alguns dos prêmios que nossos colegas tiveram que disputar num jogo de roleta, que incluía o famigerado karaokê com os hits mais bregas das canções latinas. Ganhei uns fones de ouvido sem fio e um azeite de oliva chileno com selo de origem. Chique demais!
Um dia especial
O dia foi super agradável, uma oportunidade que a gente realmente agradece e faz se sentir abençoado por trabalhar numa empresa que sobreviveu da melhor maneira possível a um duro golpe que afetou a todo mundo, literalmente. Espero voltar a trabalhar na agência em algum momento. Naquela mesma semana do passeio, eu e várias outras pessoas tínhamos tomado a terceira dose, a de reforço.
Muitos colegas continuam trabalhando, assim como eu, de casa, desde março de 2019. Outros trabalham presencialmente, mas em determinados dias da semana e nunca se juntam todos os funcionários para respeitar o limite máximo de pessoas por metro quadrado. Como vocês podem perceber, ainda estamos longe de retomar a vida como era antes. Claro que a gente se adaptada, mas a saudade é inevitável, especialmente, da convivência com as pessoas.
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