Nascida e criada na maior capital do Brasil, São Paulo, nunca imaginei morar em uma cidade pequena. Passar férias ou um feriado em uma cidade tranquila do interior… ótimo! Mas não conseguia estender a experiência por mais de uma semana. Eu sentia falta do movimento nas ruas e do vai e vem das pessoas. Costumava dizer que sentia falta do trânsito e da poluição.
Em São Paulo, muitas vezes, demorar mais de uma hora para chegar ao trabalho é algo normal; ficar parado no trânsito por horas, principalmente às vésperas de feriado, é algo cotidiano. O trânsito está tão presente na rotina paulistana que para agendar um horário, ou até mesmo se matricular em curso, temos que levá-lo em consideração para sabermos se iremos ou não conseguir cumprir o compromisso.
Quando me mudei para os Estados Unidos, vim morar em uma pequena cidade no estado do Arkansas, com população estimada em 49.298 habitantes, ou seja, população menor que a do bairro de Pinheiros, na zona Oeste de São Paulo. Muita área verde e pequenas fazendas se misturam à paisagem urbana. Nas avenidas principais, bastante movimento de carros. A cidade não tem transporte público e, apesar de ser pequena, dificilmente as distâncias entre os lugares são curtas para ir a pé. Já nos bairros mais afastados do centro, os subúrbios, as ruas são super tranquilas. Praticamente não há pessoas caminhando, pouquíssimo movimento de carros, e é comum as casas se intercalarem com terrenos ocupados por vaquinhas pastando.
No inicio, eu estranhei bastante. Quando eu saia para passear com meu cachorro, não havia quase ninguém na rua. Mas o que me impressionou foi a infraestrutura da cidade. Temos muitos restaurantes, parques, museus e aeroporto. As casas e as ruas são como eu via nos filmes americanos e isso me encantou. A organização também. Mas uma das melhores coisas para mim é a praticidade de em no máximo 10 minutos chegar ao trabalho. Para quem morava em São Paulo, isso é um sonho!
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Vou listar aqui cinco vantagens que sinto morando no interior dos Estados Unidos:
Trânsito
A primeira delas é o trânsito! Como perco pouquíssimo tempo no trânsito, consigo fazer mais atividades e ter uma melhor qualidade de vida. Eu não percebia como o trânsito de São Paulo me estressava e atrapalhava a minha vida até eu me mudar.
Atividades ao ar livre
A segunda é conseguir realizar mais atividades ao ar livre (exceto no inverno!) como correr ou andar de bicicleta. Além dos parques, a cidade conta com excelentes trilhas, inclusive que ligam a outras cidades da região. Como a população é menor, os parques nos finais de semana são tranquilos, ou seja, não temos que disputar espaço ou ficar mais de uma hora na fila do estacionamento como era em São Paulo.
Segurança
A terceira é a segurança. Os índices de violência são super baixos. Então me sinto mais segura quando saímos a noite, em deixar a casa quando vamos viajar, andar com os vidros do carro abertos, não ficar com medo de parar no farol vermelho à noite ou até mesmo atender ao celular na rua.
Eventos
A quarta seria a quantidade de eventos abertos ao público que são realizados como corridas, pedaladas de uma cidade a outra e shows. Os esportivos geralmente é cobrada uma taxa de inscrição, mas vale a pena, pois são muito bem organizados. A cidade conta também com museus de entrada franca.
Custo de vida
A quinta seria o valor do custo de vida ser menor do que morar em uma grande capital. Um ponto importantíssimo que deve ser considerado para planejar uma mudança.
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Claro que eu sinto falta de São Paulo. Sinto falta da diversidade de minha cidade natal. De caminhar na avenida Paulista, passear em alguns dos muitos shoppings centers, comer aquele pão na chapa na padaria, ou “padoca” para os conterrâneos, dos bares sempre movimentados até altas horas, da pizza então… nem se fala! Outro dia mesmo estava assistindo a alguns videos no YouTube que mostravam a cidade, e deu muita saudade.
Porém, hoje eu percebo o quão pouco eu aproveitava de fato a cidade. Por causa da rotina conturbada, trânsito e medo da violência, eu confesso que não usufruía o máximo de São Paulo. Ir a um parque no final de semana era algo que eu raramente fazia. Ir ao teatro ou shows tinha que programar com muita antecedência, os preços de estacionamento e/ou táxis desanimavam (quando me mudei o Uber e outros aplicativos do tipo estavam começando), e dependendo do horário em que terminaria o evento, não haveria transporte público disponível. Atividades ao ar livre… não tinha tempo e nem ânimo.
Você já passou por uma experiência parecida? Me conte nos comentários como foi. Vou adorar saber a sua estória! Até o próximo texto!
2 Comments
Olá Roberta,
Tudo bem?
Sou a Liliane ou Lili, sua colega aqui no BPM, também paulistana, mas agora morando no estado de Connecticut.
Gostei muito do seu artigo. Moro em uma cidade de 125.000 habitantes e, mesmo sendo maior que a sua, em alguns momentos, sinto como se morasse em uma cidade do interior embora esteja muito perto de Nova York.
Confesso que só sinto falta de algumas pessoas que ficaram no Brasil. Estive por lá no final do ano e esse sentimento só se reforçou. Acho que meu estilo de vida mudou tanto, que me senti completamente perdida enquanto estive por lá. Agora o que mais quero é continuar aproveitando essa calmaria que temos por aqui.
Parabéns pelo artigo.
Um beijo,
Lili
Oi Lili! Fico muito feliz que tenha se identificado com o texto! Ainda não voltei ao Brasil desde que mudei, mas acredito que também irei estranhar o agito de São Paulo. Quando viver esta experiência, com certeza irei compartilhar por aqui! Um beijo!