Participar de trabalhos voluntários me proporcionou uma enorme satisfação pessoal. Pude me envolver com causas pelas quais me apaixonei, conheci novas pessoas e ajudei muita gente que precisava. Mas o voluntariado também me trouxe outros benefícios, gerando inclusive, um grande impulso para minha carreira.
Além de ser uma ótima maneira para obter experiência prática (algo que pode ser extremamente frustrante quando falta no seu CV), o voluntariado também pode ajudá-lo a se destacar na multidão e aprender habilidades práticas que o tornará mais desejável para futuros empregadores.
No post de hoje, vou compartilhar experiências minhas e de outras colunistas do Brasileiras pelo Mundo que participaram de trabalhos voluntários que as ajudaram a conseguir empregos remunerados no Brasil ou no exterior.
Todas nós temos formações diferentes e trabalhamos com instituições de caridade em países diferentes. O que há em comum entre nós, é que todas usamos a experiência adquirida como voluntariadas em prol da nossa carreira profissional de maneiras diferentes. Veja como:
Para adquirir experiência prática
Vou começar contando um pouquinho sobre o trabalho social que eu fiz no Brasil por muitos anos durante a minha adolescência.
Fui voluntária de um grupo jovem, no Rio de Janeiro, aonde fazíamos e distribuíamos semanalmente comida para moradores de rua. Essa experiência me ajudou a desenvolver várias habilidades e me deu experiências que foram totalmente transferíveis para o meu trabalho.
Sendo voluntária, aprendi a liderar equipes, criar um planejamento financeiro, lidar com imprevistos e organizar eventos.
Tudo que fazíamos dependia de doações e da boa vontade dos outros para que o projeto desse certo. Persuadir alguém a doar alimentos, dinheiro ou seu tempo para uma causa me ajudou a desenvolver habilidades como: empatia, influenciar pessoas e até vendas. Vendas? Sim, vendas. Você tem que “vender a causa” para alguém. Muitas vezes, organizei e liderei eventos onde um grupo de voluntários, batia de porta em porta para pedir doações e tínhamos que convencer as pessoas a abrirem a porta para nós e nos ouvir: quem somos, porque estávamos fazendo aquilo, quando o projeto acontecia, como e quem nos ajudava.
Alguns anos depois, consegui um estágio e comecei a minha carreira corporativa. Eu senti que não comecei “crua”, pois já tinha adquirido experiência como voluntária que pude colocar em prática no meu trabalho. Apesar do que eu fazia na empresa não tivesse nada a ver com o que eu fazia no grupo jovem, o conhecimento, às habilidades e experiência adquiridos foram totalmente transferíveis.
Para conseguir um emprego
No caso da Mariana Carvalho, ela utilizou a experiência de voluntária na Índia para conseguir um emprego no Brasil. Ela deu aulas de inglês para crianças da periferia na Índia por 2 anos e fazia parte de um time de comunicação interna de uma ONG. Depois que voltou para o Brasil, 3 meses depois ela se candidatou para uma vaga em um curso de Inglês. O CV dela se destacou muito, especialmente porque em um dos projetos que ela trabalhou na Índia, ela e o time angariaram mais de US$800 (oitocentos dólares) em apenas uma semana. Trabalhar em equipe, com poucos recursos, principalmente na fase econômica que o Brasil estava vivendo, fez com que sua experiência na captação de recursos fosse um dos fatores chaves para sua contratação. Nesse post, ela fala sobre a experiência dela como voluntária na Índia.
Para retomar a carreira em outro país
A Gabriela Nunes, usou o trabalho voluntário como parte da estratégia para retomar a carreira de publicitária na Nova Zelândia.
Ela se voluntariou a plantar vegetação nativa no Kaipatiki Project e durante o projeto, ela adquiriu experiência, teve contato com as pessoas e a cultura local. Isso lhe deu mais “bagagem”, coragem e confiança para dar os primeiros passos na sua busca por emprego. Ela contou sobre isso aqui.
Leia também: Tudo que você precisa saber para morar na Inglaterra!
Para obter sucesso em entrevista de emprego
A Mayra di Domenico, deu aula para crianças nos Camarões em 2013 e logo que retornou ao Brasil, começou a trabalhar com intercâmbio por conta disso. Agora em 2017, ela também viu que isso fez diferença na entrevista do seu trabalho atual, na Hungria. A empresa dela tem um ambiente completamente multicultural e pessoas de mais de 70 nacionalidades trabalham lá. Ela me contou que durante a entrevista, testaram a sua motivação, a capacidade de “aguentar o tranco” e conviver com as diferenças. Inclusive, pediram exemplos práticos de experiências anteriores e o trabalho voluntário nos Camarões foi essencial.
Para aperfeiçoar outro idioma
A Natalia fez um trabalho voluntário na Oxfan, entidade que luta contra a pobreza mundial na Inglaterra. Ela ajudava a receber e separar as doações, dava suporte aos clientes, arrumava vitrines, a loja, etc. Para ela, a grande vantagem de trabalhar lá foi poder praticar o inglês, ter contato com nativos e voluntários de outros países. Isso deu mais segurança para ela procurar vagas de empregos em outros lugares.
Para se reencontrar em outro país
A Melissa, tinha um histórico profissional excelente e uma ótima formação acadêmica, mas por opção, estava se dedicando aos cuidados dos filhos. Ao se mudar para Holanda, o que era opção virou situação. Ela percebeu que na Holanda, todo aquele histórico relevante passou a não ter valor algum na busca por um emprego e o recomeçar, tornou-se palavra de ordem na sua vida. Foi através do trabalho voluntário que ela se reencontrou e está muito feliz!!
Além disso, ela aumentou sua rede de contatos e teve um maior entendimento sobre a cultura holandesa (que ajudou muito na adaptação no novo país). Confira o post dela aqui.
Para conseguir uma carta de referência de emprego
Enquanto a Juliana aguardava seu visto para poder trabalhar no Reino Unido, ela se voluntariou para trabalhar na British Heart Foundation, instituição de caridade que luta contra doenças cardiovasculares.
Através dessa experiência, ela conheceu pessoas, conheceu mais sobre os hábitos locais, trocou experiências, praticou a língua e um ótimo bônus que a ajudou profissionalmente, foi conseguir uma carta de referência para empregos. Na Inglaterra, os empregadores checam as referências dos candidatos e, sendo recém-chegado ao país, é difícil ter uma, logo, o trabalho voluntário a ajudou a conseguir a carta. Leia mais sobre sua experiência aqui.
Para abrir seu negócio próprio no futuro
Em fevereiro de 2017, a Vanessa pediu demissão para dar uma volta ao mundo pesquisando e desenhando uma Nova Educação para a Sustentabilidade. Sua intenção é explorar os cinco continentes, durante cinco anos através da imersão em escolas inovadoras e comunidades sustentáveis.
Através da realização de trabalho voluntário e pesquisas, ela está adquirindo conhecimento e experiência para realizar seu sonho quando voltar ao Rio de Janeiro: co-criar um espaço gratuito de formação de cidadãos ativos, livres para explorarem sua essência e potencialidades, cidadãos globais e conscientes do seu papel na construção de um mundo mais solidário através da cooperação e não da competição. Leia sobre sua jornada nesse post.
Para abrir portas e novas possibilidades
Durante o trabalho da Ana Luiza como voluntária na Cruz Vermelha no Canadá, surgiu a primeira oportunidade de emprego dela. Ela trabalhava como Assistente Administrativo e sua chefe sugeriu que ela tentasse uma vaga de Assistente de Coordenação de um dos programas da instituição, que havia sido aberta. O voluntariado serviu para ela mostrar suas habilidades, comprometimento e seriedade. Ela aprendeu termos usados no ambiente de trabalho no Canadá, como lidar com situações de estresse, deadlines e conheceu melhor o time. Resultado: conseguiu a vaga. Ela contou um pouco sobre isso aqui.
Como você pode ver, existem muitas vantagens que um trabalho voluntário pode te proporcionar no campo profissional.
Espero que esse post tenha te inspirado, dado algumas ideias do que você pode fazer para se desenvolver mais profissionalmente e conseguir um emprego remunerado a partir de uma experiência incrível de voluntariado.