São tempos difíceis para os sonhadores.
A célebre frase de Amelie Poulain nunca fez tanto sentido em minha vida.
Em tempos em que a palavra pode cortar como faca e ser tão perigosa quanto uma bala, a poesia e a prosa tomam forma de melancolia.
Mas dizem que quando Deus fecha uma porta, Ele abre uma janela e sim, Ele me presenteou com uma bela janela lateral para a luz e a esperança.
A janela tem nome, endereço e CPF mas atende simplesmente por Juju.
Sou uma aquariana raiz, me visto de liberdade extrema e por isso raramente sinto ciúmes. Mas recentemente descobri que se não tenho ciúmes de pessoas, eu tenho dos pedaços de chão que me atrevo a chamar de meus.
Eu amo Myanmar. Amo tanto que até dói. Juju ama Myanmar, tanto que se entregou perdidamente a este país .
Quem é esta mulher que também chama dela o país que acho que é meu? Juju é um cristal. Um ser luminoso e transparente que irradia luz e amor por onde passa. Ela elevou meu conceito de amor ao próximo à enésima potência.
Não é um tipo de amor “nhem nhem nhem” que trata o próximo como alguém limitado e inferior.
Ela destoa de uma miríade de estrangeiros que viaja mundo afora para fazer trabalho voluntário, não por amor, mas por uma necessidade egoica. Até porque, Juju não é uma estrangeira. Ela é cidadã do mundo inteiro
Entenda a situação, leia: Mudanças em Myanmar
Na glamourosa Singapura, armada apenas com um batom hidratante ou nas entranhas de Myanmar, com a cara coberta de Tanaka, Juju mimetiza. Seus olhos verdes não destoam dos olhos puxados do povo local.
Ninguém se importa que Juju seja diferente, porque no fundo, Juju é igual.
Essa menina de sotaque carregado e gentileza tatuada na pele, podia ser o que quisesse na vida, mas escolheu ser professora voluntária de crianças paupérrimas em… uma província de Myanmar.
Ali ensinou inglês e português, empreendedorismo, computação, empoderou comunidades, fortaleceu círculos femininos, combateu a violência doméstica e até colheu milho para ajudar o povo local.
Não ganhou um centavo por isso, mas quando a vejo sentada no sofá da minha sala, linda de azul e vestida de graciosidade, me dou conta que ela volta com uma bagagem muito maior do que meus muitos kg de cacareco.
Aliás ela tem me ensinado muito sobre desapego. Eu que me achava a dona da OLX, tenho entendido que meu desapego era quase uma farsa.
Ainda tenho muito a exercitar.
Juju, que nasceu Juliane Cristina, leva apenas uma mala. Não tem muita coisa, quase tudo são presentes dos birmaneses a ela. Leva “pouco” pra casa. No entanto deixou uma biblioteca, uma escola e um verdadeiro legado para este povo que tanto necessita.
Juju muitas vezes vive à margem da compreensão humana, e embora ela não se queixe, eu sei o quanto isso dói. No entanto nada a impede de seguir coletando livros e materiais didáticos, mobilizando ajuda, buscando apoio para essas minorias étnicas que sempre sofreram com pobreza, guerras e discriminação.
Se você quiser conhecer mais sobre o trabalho dela, e quem sabe, se animar a colaborar, clique aqui.
Tenho certeza de que você também irá se encantar.
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