Como ser vegetariano ou vegano em Buenos Aires.
Vegetarianos e Veganos
Segundo a SVB – Sociedade Vegetariana Brasileira:
“Vegetarianismo é o regime alimentar que exclui todos os tipos de carnes. O vegetarianismo costuma ser classificado da seguinte forma:
(a) Ovolactovegetarianismo: utiliza ovos, leite e laticínios na sua alimentação.
(b) Lactovegetarianismo: utiliza leite e laticínios na sua alimentação.
(c) Ovovegetarianismo: utiliza ovos na sua alimentação.
(d) Vegetarianismo estrito: não utiliza nenhum produto de origem animal na sua alimentação. A filosofia do veganismo (não consumo de qualquer produto que gere exploração e/ou sofrimento animal) adota o vegetarianismo estrito no âmbito da alimentação. Por isso, costuma-se também chamar de “vegano” aquele que não consome nenhum alimento de origem animal (carnes, ovos, latícinios, etc.).”
E o que dizer sobre esse assunto, quando se trata de Buenos Aires? Afinal, muitos turistas vêm para cá justamente porque a Argentina é o país da carne, do churrasco, da milanesa, do bife de chorizo (que se diz “tchoriço”☺).
Vamos começar, então, pelo começo.
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A Nova Cena Gastronômica de Buenos Aires
Estava morando em Nova Iorque quando – lendo uma edição da revista Time Out – vi, pela primeira vez, o termo “Flexetarian“. No momento, pensei: “oi? o que será isso?” Não entendi muito bem. E deixei para lá. Qual não foi a minha surpresa ao ver que agora (alguns anos depois) ele – e os termos vegetarianismo e veganismo – estão muito na moda por aqui.
Deixa eu abrir um parênteses, flexetariano/a é a pessoa que diminui consideravelmente o consumo de alimentos de origem animal. Não os exclui completamente, mas come, em média, uma vez por mês ou até menos. Agora, voltando…
E por que essa moda?
Ouso dizer que por dois motivos. O primeiro, a intensa campanha do governo por uma alimentação mais “sana” (saudável). Já que a comida do dia a dia não costumava incluir frutas, verduras e legumes frescos.
E o segundo, como já contei aqui neste post, a recente imigração de jovens norte-americanos e europeus. Além de trazerem palavras novas para o castelhano, trouxeram, também, exigências mais saudáveis na hora de comer.
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Dá Trabalho ser Flexetariano / Vegetariano / Vegano?
Antes de mais nada, que fique bem claro, não estou dizendo que a partir de hoje você deve fazer alguma dessas dietas, ok? Seguir esse caminho é uma escolha muito pessoal e o motivo vai de cada um.
No meu caso, em particular, nunca gostei nem de carne de vaca, nem de frango. Só gostava da de porco e da de peixe. A de outros animais nunca tive coragem de experimentar. Não por preconceito, se não por puro medo, mesmo, sabe?
Hoje deixei a carne de porco de lado depois de uma reação alérgica bem feia. Continuo comendo só a de peixe, e de vez em quando. A todos os frutos do mar tenho alergia, também. Daquele tipo que fecha a garganta, incha a boca, fico vermelha, terrível.
Mas deixar de comer carne pode, sim, ser complicado, afinal, é dela de onde tiramos grande parte dos nutrientes da nossa dieta. Como fazer, então? Consultar uma nutricionista. Ela vai orientá-la como fazer bem as substituições.
Vai dar trabalho? Vai. Você vai ter que cozinhar mais? Vai. Mas, no final, vai valer a pena porque – como é no meu caso – vivo com mais saúde. Nem me lembro da última crise de alergia que tive e meus exames de sangue estão bem. E juro que não vivo de salada e nem passo fome.
Ser Vegetariano ou Vegano em Buenos Aires
Ok, os costumes mudaram. As milanesas de soja e as de berinjela foram incorporadas em restaurantes onde antes só vendiam carne ou massa. E novos lugares pensados especialmente para esse público foram abertos.
Mas, como será o dia a dia de quem não come carne? Posso dizer, com certeza, que desde que cheguei por aqui noto uma mudança real e rápida nesse sentido. No entanto, ainda há muito por fazer.
Nos supermercados a oferta de produtos fabricados sem qualquer vestígio de ingredientes de origem animal ainda é bem baixa. As grandes cadeias oferecem mais opções, mas mesmo assim temos que ficar de olho sempre.
Só para que vocês tenham ideia, uns meses atrás estava num passeio e senti fome. Não havia nada por perto, só um “kiosko” (esses lugares pequenos que vendem guloseimas e, às vezes, são cyber cafés, também).
Fui até lá e comprei um inocente (será?) pacote de bolacha sem recheio com sabor de baunilha. Depois de comê-lo quase inteiro, vejo o rótulo (com letras bem miúdas) e percebo que um dos principais ingredientes era “gordura de vaca”. Difícil, não?
Ainda bem que por aqui existem lugares chamados de “dietéticas” que são como mini supermercados, mas especializados em produtos mais naturais e saudáveis. E todo bairro tem pelo menos uma.
Fazer compras virou uma verdadeira peregrinação, mas foi o jeito que encontrei para manter uma dieta saudável dentro da minha rotina agitada. Eu faço mais ou menos assim:
- Supermercados em geral: produtos de limpeza e produtos lácteos (manteiga, creme de leite fresco, iogurtes);
- Dietéticas: tofu, frutas secas, leites vegetais, farinhas e cereais integrais, missô, mostardas, mel, ghee, leguminosas;
- Minimercados étnicos (indianos, árabes, kosher): tahine, especiarias, berinjelas defumadas, azeites, patês, queijos;
- Quitandas: verduras, legumes e frutas frescas, tomates secos, pimentões secos, ervas frescas e secas.
E na hora de sair para comer tem um site que ajuda bastante: MAPA VEGGIE.