Custo de vida e salários na Geórgia.
Quem acompanha meus textos por aqui já deve ter percebido que um dos aspectos que sempre cito como grande vantagem da vida na Geórgia é o baixo custo de vida. De fato, para mim, que vim do Brasil para cá – e depois de ter passado uma temporada longa na Suíça (em Genebra, que sempre aparece nas primeiras posições das listas de cidades mais caras do mundo) – o custo das coisas impressiona positivamente e me faz ter a sensação de que o dinheiro rende.
Desde que cheguei aqui, comecei a comparar meus gastos básicos – alimentação, transporte e serviços – e os nem tão básicos assim, como vestuário e lazer, com os que tinha mensalmente no Brasil e, em alguns pontos, a diferença é assustadora.
A maior delas está no preço dos serviços básicos. Eletricidade e água, que no Brasil podem custar uma pequena fortuna, aqui são baratos. Minha conta de eletricidade, nos meses de verão e com os aparelhos de ar-condicionado do apartamento funcionando o tempo todo, dificilmente ultrapassa 60 lari, o que equivale a uns 90 reais. As contas de água chegam a ser ridículas, o equivalente a menos de 10 reais por mês. O gás é um pouco mais caro, mas nada assustador. No inverno, claro, gasta-se mais para manter aquecimento ligado o tempo todo. A partir da primavera, com o consumo limitado apenas a chuveiros e fogão, o gasto cai consideravelmente, a ponto de, durante os meses de verão, a companhia nem fazer a leitura do consumo e deixar para cobrar o acumulado somente em meados do outono, quando os aquecedores voltam a ser ligados.
Pelo combo Internet e TV a cabo, pago exatamente um terço do que pagava no Brasil, por um serviço melhor. O preço da telefonia celular também compensa. Aqui não existem contratos pós-pagos. Você compra o chip e vai carregando de créditos; no geral, pacotes válidos por 30 dias. Eu costumo usar um pacote equivalente ao da minha antiga operadora brasileira, e por ele pago 25 lari mensais, pouco mais de 35 reais. Quando preciso, compro Internet extra por 3 ou 5 lari, também com validade mensal e cumulativa.
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Quanto ao transporte, ando de carro quase o tempo todo – se não no meu próprio, de táxi – e raramente uso transporte público, mas ainda assim não tenho gastos tão altos. A gasolina, considerada cara pelos locais, custa praticamente a metade do que custa no Brasil. No meu caso, tenho uma vantagem extra: o corpo diplomático estrangeiro é isento de impostos. Então, pago 18% menos que o valor da bomba pelo litro. Táxis são outra coisa com preço ridículo, aqui. O serviço não é exatamente dos melhores. Há muitos carros velhos e não existe taxímetro – o valor da corrida tem que ser negociado – mas é raríssimo se pagar mais de 10 lari por uma corrida dentro da cidade. O normal, mesmo usando carros de aplicativo (aqui não existe Uber; os aplicativos são de táxi, mesmo), é pagar em média 5 lari por um deslocamento. O transporte público, ônibus e metrô, apesar de velho, funciona bem e custa míseros 0,50 lari por viagem (ou período de 1 hora e meia). As vans custam um pouco mais caras, 0,80 por viagem.
A alimentação é um capítulo à parte. Comer em restaurantes é tão barato que, para uma pessoa como eu, que mora sozinha, cozinhar em casa quase não compensa. Em restaurantes georgianos dá para comer bem – e muito – por cerca de 20 reais por pessoa, até por menos. Mesmo em restaurantes considerados caros, em hotéis luxuosos, por exemplo, a conta de um jantar (com entrada, principal, sobremesa e vinho) dificilmente vai passar dos 100 reais por pessoa.
O preço do supermercado pode variar de acordo com os hábitos alimentares de cada um. Os produtos básicos (carnes, vegetais, arroz, temperos), locais e da estação, são baratíssimos. Produtos mais sofisticados ou que apenas fogem do básico são quase sempre importados e podem encarecer um pouco a conta, mas nunca a ponto de estourar o orçamento doméstico de ninguém.
Tudo isso aí, acima, parece perfeito, não? Pois agora vem a parte não tão boa da história… O real motivo de tudo parecer tão barato para quem vem de fora é que os salários, na Geórgia, infelizmente, são, em média, baixíssimos. Para grande parte da população local, tudo que eu acho barato pode ser caríssimo e pesar muito no orçamento das famílias.
Para se ter uma ideia, o salário mensal médio pago na Geórgia é pouco maior que o salário mínimo brasileiro. Aliás, aqui nem mesmo há um valor de salário mínimo estipulado pelo governo. Em praticamente qualquer área os ganhos médios são muito mais baixos que em outros países, mesmo para trabalhadores altamente qualificados. O mercado de trabalho local também não é muito animador, com o desemprego atualmente atingindo cerca de 14% da população.
A verdade é que a vida de um expatriado na Geórgia pode ser excelente. Mas só vale a pena para aqueles que vivem aqui, trabalhando para companhias estrangeiras, e recebem seu salário baseado nos valores de seus países de origem. Para a população local ou para quem vem de fora mas precisa ganhar a vida no mercado daqui, a realidade pode não ser assim tão doce.
2 Comments
Maíra, bom dia! tudo bem? Adorei seu texto… estou com uma dúvida: consigo me comunicar bem só falando inglês? Estou pensando em conhecer o país… alguma dica na hora da entrada? preciso de seguro de viagem? passagem de volta e essas coisas corriqueiras de quem está viajando… Obrigada e sucesso.
Olá Josy,
A Maíra Moscardini parou de colaborar conosco e, infelizmente, não temos outra colunista morando no país.
Obrigada,
Edição BPM