The Valley: a Flórida texana.
Olá! Se você acompanha o BPM há algum tempo, provavelmente já leu algum texto sobre o Texas. Caso você more aqui neste “continente”, então você sabe que tudo é imenso por isso a vegetação e cultura de cada canto do estado é diferente.
De acordo com o Esther’s Folly Comedy – teatro de improvisação em Austin – o T.E.X.A.S se divide em cinco regiões mas nosso enfoque será na letra S de sul.
Confira aqui o Texas que ninguém nunca viu
Atualmente moramos numa região remota, no oeste, e viajar de carro tem sido quase sempre a opção mais acessível e, às vezes, mais rápida. Com o tempo a gente se acostuma a dirigir tanto e por horas. Não estou reclamando!
As limitações que o COVID-19 impôs nos fez adiar os planos de viajar. Em agosto, quando o estado esteve aberto a 75% de capacidade fomos conhecer o extremo sul texano, conhecido como The Valley.
Quero lembrar que tristemente esse vírus afetou a todos em diferentes níveis. É incalculável o prejuízo financeiro pessoal ou dos pequenos negócios que ainda sofrerão em 2021.
Para minimizar o impacto, o governo texano manteve o comércio, academias e clínicas médicas e dentárias abertas. Em geral, o estado nunca parou. As opções se limitaram, mas não se extinguiram.
Munidos de dezenas de máscaras e observando cuidadosamente a distância social, atravessamos o “continente” texano. Isso significa que estivemos a aproximadamente 30 km ou menos da fronteira com o México.
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Quando chegamos a McAllen, pensei que tivesse ido à Flórida. Perde-se de vista os coqueiros espalhados pelas cidades, clima quente e úmido. A diferença era o preço de tudo; mais barato.
A região consiste de 9 cidades americanas (Brownsville, Pharr, McAllen, Mission, Edingburg, San Juan, Rio Grande City, Weslaco e Edinburgh) e três cidades mexicanas (Matamoros, Rio Bravo e Reynosa) que ficam à margem do Rio Grande, de acordo com Wikipedia.
O Valley não tem nada a ver com um vale – geograficamente descrito – porque é uma planície aluvial. Assim como Miami, a população étnica predominante é latina, no entanto, no Texas tem muitos mexicanos ou seus descendentes.
Residentes mexicanos têm residências de aluguel nos Estados Unidos e aposentados americanos moram do lado mexicano da fronteira. Esses dois mundos proporcionam uma interação bilíngue onde as escolas ensinam tanto espanhol como inglês.
É fácil transitar através da fronteira, e mais fácil ir para o México, mas para regressar é preciso apresentar o passaporte ou outro documento emitido nos Estados Unidos.
Estudantes mexicanos de escolas americanas recebem um visto especial para transitar entre os dois países diariamente. Lembra um pouco a fronteira Brasil – Paraguai.
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Foi a primeira vez que visitei esta região, novidade total. Confesso que gostei muito da culinária local; é divina. Qualquer brasileiro ficaria feliz com a variedade e qualidade da comida, sempre fresca. Tem para todos os gostos.
Para quem precisa fazer compras há inúmeras opções de roupas de grife com os preços baixíssimos a ponto de satisfazer o comprador mais econômico possível. O comércio se beneficia de ambas nações.
No passado a economia desta região dependia da agricultura, ainda há enormes plantações de laranja. Há um costume ou tradição entre os americanos que é a de mover-se para outro estado quando se aposentam.
O The Valley tem atraído muitas pessoas aposentadas especialmente porque podem comprar medicamentos super baratos no México.
Outra motivação, para quem em planos de mudar-se, é o baixo custo de vida comparado ao restante do estado e o mercado imobiliário oferece casas sólidas com estilos que remetem às casas da Flórida, mas os preços são baixos.
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Percebemos que não somente os aposentados estão movendo-se para o sul, mas profissionais na área da saúde ou aqueles que podem trabalhar de casa principalmente depois da pandemia.
Famílias com crianças pequenas também se interessam na área por causa das escolas públicas bilíngues.
Encontramos um snack bar que vendia açaí, conversamos brevemente em espanhol com a garota que nos atendeu, ela é iraniana e sua colega é japonesa.
Foi curioso e percebe-se que a pandemia tem se transformado. Provavelmente, moradia vai ser algo muito diferente depois da pandemia. Com este cenário ideal para famílias, o sistema de saúde também expandiu para atender a todos os residentes, especialmente idosos.
Vale lembrar também que o Valley fica a aproximadamente uma hora da praia de San Padre – sim, Texas tem praias!
Nem tudo são flores
O Valley tão fértil, que oferece tantos benefícios para seus moradores, também tem o lado sombrio. Existe ainda um submundo coexistindo entre o que é legal e ilegal como tráfico de drogas e de humanos.
O movimento de patrulheiros, ICE (Immigration and Customs Enforcement) ou “polícia” de imigração emprega boa parte dos residentes e aqui nos remete aos problemas e a tensão impregnados nesta região.
É justamente através deste rio – o Rio Grande – que muitos imigrantes tentam atravessar para os Estados Unidos. Muitos residentes não querem o muro porque consideram o convívio pacífico, mas outros acreditam que vai inibir a entrada de imigrantes sem devida permissão de entrada.
Um morador nos disse que o muro não impediu a travessia de imigrantes procurando asilo e ainda há áreas imensas de acampamentos.
A fronteira dos Estados Unidos com México gera um debate muito acalorado, principalmente depois do início da construção do muro, mas vou deixar esse tema para outro texto.
Espero que este texto tenha instigado sua curiosidade sobre o sul do Texas.
Um abraço.