Em outubro de 2016, larguei as praias maravilhosas do Rio e fui passar frio por um ano em Melbourne. Fechar a mala é sempre um desafio (literalmente) e escolher o que levaria/deixaria foi também um processo de desapego. Separei tudo em duas malas, misturando roupas e calçados de verão e inverno nas duas, pois em caso de extravio (spoiler alert) ainda assim teria uma parte das coisas. Inclusive minha cuia e minha bomba foram separadas pela primeira vez desde que vieram ao mundo, façanha das minhas amigas Carol e Vanessa, que organizaram a bagunça comigo. Quando cheguei na acomodação da agência, percebi que tinha mais noção sobre o que trazer do que meus flatmates, já que eles deixaram todos os casacos no Brasil e rechearam a mala com trajes de banho e regatas, pensando que passariam calor em Melbourne – e estava fazendo menos de 10°C por lá na época! Pois vamos as dicas (lembrando que morei em Melbourne e Sydney e minhas dicas são com base nas minhas experiências nesses lugares):
Qual a melhor época para mudar?
Na minha opinião, de setembro até o início de novembro é o melhor período para desembarcar na Austrália. Explico: já não está mais tão frio (Melbourne é frio quase sempre, mas melhora um pouquinho perto do verão) e começam as contratações temporárias de final de ano, principalmente em Sydney. E se você virá com um budget apertado como o meu, não vai poder ficar muito tempo sem trampo! Outra razão é que os aluguéis sobem muito perto do verão, portanto vale chegar um pouco antes para conseguir preços melhores.
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Considero primordial deixar uma procuração de plenos poderes com seus pais (ou com alguém de confiança) para que essa pessoa possa resolver tudo pra você no Brasil. Desative os cartões de crédito e contas no banco que você não vai precisar na Austrália. Também considero muito importante levar o diploma e o histórico escolar já que serão necessários para aplicar para o VET.
O que levar na mala:
É clichê mas é verdade: somente o essencial + coisas difíceis de encontrar por aqui.
- Roupas: é preciso considerar o clima de cada cidade antes de decidir o que levar. Inicialmente, a maior parte dos estudantes acaba invariavelmente trabalhando em hospitality, portanto trazer roupas pretas pode te fazer economizar uma graninha logo na chegada. Trouxe meu terno (blazer/calça social) preto que usava para trabalhar em eventos no Brasil e foi uma decisão acertada. Casacões de inverno, blusas térmicas e botas confortáveis fazem parte do dia a dia de quem vive em Melbourne. Encontrar calça e short jeans, biquini e calcinha com modelagem parecida com a brasileira é um verdadeiro desafio, por isso acho válido trazer os xodós pra cá. Roupas muito arrumadas e salto alto serão usados muito raramente, então recomendo trazer apenas aqueles itens que você tem um verdadeiro apego. Havaianas também é um troço caro em terras australianas.
- Comida: muita gente traz coisas para vender por aqui nos grupos de brasileiros. Dentre as mais caras/difíceis de encontrar estão: tapioca, erva-mate, Nescau, Bis, Traquinas/Passatempo/Bono, Sonho de Valsa/Ouro Branco, bala 7Belo, paçoca, goiabada, doce de leite, cachaça, farofa, batata palha, mistura para pão de queijo. Para os fumantes de plantão, vale trazer um pack do seu cigarro favorito, pois custa o olho da cara e nem todas as variedades são comercializadas aqui.
- Produtos de beleza/medicamentos: para quem alisa os cabelos, recomendo trazer seu produto predileto. Eu me adaptei muito bem aos shampoos e condicionadores daqui e é possível encontrar marcas muito boas com preços bem acessíveis. Protetor solar é fundamental já que há um buraco imenso na camada de ozônio em cima da Austrália. Quando mudei, continuei usando o mesmo protetor solar fator 30 que fazia parte da minha rotina no Brasil, mas com a aparição de um melasma na minha testa, percebi que não estava sendo suficiente para proteger minha pele. Muitas pesquisas depois, decidi investir em protetores solares japoneses/coreanos fator 50+++ que encontrei por aqui e não me arrependo. Sobre medicamentos, vale trazer Neosaldina, Dorflex, Toragesic, descongestionante nasal e um estoque de anticoncepcional (com receita em inglês).
- Outros: chapinha e secador são itens muito baratos por aqui, não precisa trazer. Não desgrudo do meu travesseiro e da minha mantinha, então eles vieram comigo. Cuia, bomba e estoque de erva-mate (8kg) também acompanharam a gaúcha aqui, obviamente!
Importante: muitas malas são extraviadas e acabam retornando para o colo do dono com um grande delay. Eu tive sorte pois minha mala perdida foi entregue em menos de 24h. Por isso a dica é: tenha roupas de verão e de inverno nas duas malas e, no mínimo, uma muda extra na bagagem de mão.
Saúde em dia:
Visite o clínico geral, o ginecologista, o dentista, faça exames de sangue, de urina, de mama, enfim, saia do Brasil sabendo que está tudo sob controle pois cuidar da saúde aqui custa beeeeem caro. Não é necessário trazer nenhum exame pra cá, a não ser que você tenha algum problema crônico ou esteja em tratamento.
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“Money que é good nóis num have”:
A situação financeira estava crítica pro meu lado logo que mudei e cada centavo valia ouro. Troquei um pouco de dinheiro no Brasil, trouxe Visa Travel Money e dólares americanos. Abrir conta aqui é rápido e fácil, conforme a Lívia explicou neste post, então uso Transferwise quando preciso transferir dinheiro do Brasil pra cá e vice-versa. Não existe um “valor ideal” ou mínimo para trazer, mas é importante ter em mente alguns gastos iniciais:
- bond (para alugar o lugar que você escolher, o valor varia de 1 semana a 2 meses do valor do aluguel);
- aluguel (aqui paga-se geralmente por semana, o ideal é trazer um valor que cubra ao menos 2/3 meses);
- material da escola (algumas escolas exigem pagamento pelo material de apoio de aula);
- transporte público, comida/supermercado;
- cursos e certificados que precisará para começar a trabalhar (RSA, RCG, White Card, First Aid…);
- roupa para trabalhar/uniforme (sapato social sem salto para hospitality, equipamento de proteção para trabalhar em obra…).
Pra mulherada que tiver dúvidas específicas, vale a pena dar uma pesquisada nos grupos do Papo Calcinha de Sydney e de Melbourne no Facebook, sempre tem gente postando dúvidas e dicas por lá! Espero ter ajudado um pouquinho!
Cheers!
2 Comments
oi joana, tudo bem?
Poderia me passar seu e-mail? gostaria de tirar umas dúvidas…
Olá Samylle,
A Joana Weit, infelizmente, parou de colaborar conosco.
Obrigada,
Edição BPM