Desafios como mãe expatriada nos EUA.
Ser mãe já não é lá a tarefa mais fácil do mundo, ser mãe em outro país, sem rede de apoio, onde tudo é novidade (pro bom e pro ruim) é um desafio à parte.
Imagino que para quem se torna mãe já vivendo em outro país seja mais fácil em alguns aspectos, uma vez que todo o mundo da maternidade já lhe é apresentado nas regras daquele país.
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Quando me mudei para os EUA meu filho havia acabado de completar 1 ano. Isso significa que tudo o que eu conhecia sobre maternidade eu havia aprendido no Brasil.
Acesso a médicos, marca de fralda, marca de roupas, nomes de remédios… a minha referência era o que se fazia e se usava lá.
Uma das minhas grandes preocupações antes de nos mudarmos era encontrar um médico pediatra que atendesse as minhas expectativas e as minhas ligações. Como se sabe, nos EUA não há um sistema de saúde pública como no Brasil e o custo de cuidados médicos é bem alto.
Entendendo as possibilidades de assistência médica
Nós buscamos por um bom seguro saúde e dentro da cobertura, conseguimos a indicação de uma médica pediatra através de uma conhecida brasileira. Ter esta indicação nos ajudou muito para conseguirmos encontrar um profissional alinhado com o que esperávamos.
Outro ponto é que os médicos daqui não fornecem seus telefones particulares para emergência. WhatsApp? Sem chance!
Normalmente as clínicas disponibilizam um contato, fora do horário de atendimento, em que uma enfermeira fica responsável por atender, fazer uma triagem, orientar caso seja possível ou encaminhar a solicitação ao médico para que retorne a ligação.
Desafios como mãe expatriada nos EUA
A sensação de insegurança no começo foi muito grande e ainda é. Não saber onde ir caso a criança caia e precise de assistência médica, não saber exatamente qual a abordagem, onde se faz exames, de que forma vemos os resultados… coisas triviais que não percebemos que nos deixam vulneráveis quando não as sabemos.
O que aprendemos é que funciona assim: em casos de urgência em que o pediatra possa ser contatado, essa seria a primeira opção.
Fora dos horários de atendimento do pediatra ou em sua impossibilidade, podemos buscar por Urgent Cares ou Emergency Rooms.
Urgent Cares são centros de atendimentos para doenças ou acidentes, que necessitem de atenção imediata sem prévio agendamento.
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São pagos, mas atendem por seguro saúde. Urgent Cares tem horários definidos e são, em regra, mais acessíveis. Casos mais graves são atendidos em Emergency Rooms, que tem atendimento 24h e são bem mais caros.
Aqui há redes de assistência à saúde, onde você faz um cadastro e busca por clínicas e hospitais daquela determinada rede quando precisa de assistência médica.
Então, se você utiliza os serviços de um Health Care X, em caso de emergência pode buscar atendimento nos hospitais daquela rede que atendem 24h. E em alguns lugares também existem Emergency Rooms pediátricos.
Ausência de rede de apoio
Dizem que a maternidade é um constante aprendizado, e é mesmo. Ser mãe expatriada é aprender potencializado. Ao mesmo tempo que aprendemos a lidar com todos os desafios da maternidade, temos de aprender a viver e a ser mãe em outro país.
Eu acredito que a queixa mais comum entre as mulheres que criam filhos fora de seus países de origem, independente de qual seja o país de residência, é a ausência de rede de apoio.
Mesmo quando a família do companheiro ou companheira está presente, não é a mesma coisa de termos a nossa família por perto.
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Ter a casa da avó para deixar a criança de vez em quando, ter alguém para pedir para olhar seu filho para uma consulta médica ou mesmo em um dia de muito estresse, em que a gente só precisa de um tempinho pra esfriar a cabeça. Não é fácil ser mãe sem rede de apoio!
Há também os desafios que nos são impostos como casal expatriado e pais. Sim, porque o pai não é rede de apoio e também precisa dela.
A função de mãe e pai não tem folga, mesmo quando estamos tentando reconstruir nossas vidas do zero em um lugar completamente novo e desconhecido.
Acesso a bons produtos com bons preços
Mas nem tudo são espinhos! Os EUA são conhecidos como um dos melhores lugares para compras não por acaso.
Os itens de enxoval são absurdamente mais baratos que no Brasil, inclusive se fizermos a conversão em reais. Cadeiras de alimentação, carrinhos de bebê, assento de segurança para veículos, pratos, copos, roupas, brinquedos…
Quando há troca de estação as roupas de bebês e crianças ficam ainda mais baratas. Muito baratas mesmo. E roupas de excelente qualidade. Além das lojas de segunda mão, tipo brechó, que são super comuns e acessíveis.
Coisas que no Brasil provavelmente não seriam nossa primeira escolha em razão do preço, foi possível adquirirmos. Sem dúvida esse é um ponto positivo.
O idioma como barreira
Por fim, de tantos desafios que encontramos, não posso deixar de mencionar a barreira do idioma. Não cheguei aqui sem falar nada de inglês, mas ainda não estava nem perto do domínio que eu gostaria para me sentir confortável.
Não se sentir segura em um idioma pode dificultar a realização de atividades simples do dia a dia, impedir o desejado convívio social e ainda adiciona um desafio quando precisamos nos comunicar suficientemente bem para resolvermos qualquer coisa que seja com um bebê à tira colo.
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Muitos dos desafios encontrados na maternidade expatriada vão se tornando menos impactantes com o tempo. Com a adaptação no novo país e a fluência do idioma, a gente passa a se reconhecer como parte daquela nova realidade e tudo tende a ser mais natural e menos custoso.
Acredito que assim como morar fora do país potencializa a experiência da maternidade, a maternidade potencializa a experiência de viver fora do país. Aumentam-se as preocupações, as responsabilidades, as demandas… E se aumenta também a razão pela qual encaramos tudo isso.
Se ao decidirmos mudar de país o fazemos buscando novas oportunidades e vivências, poder oferecer isso aos nossos filhos é uma grande dádiva que justifica qualquer esforço e superação.