Imagino que, onde quer que você esteja neste planeta, você está acompanhando, ou pelo menos viu algo na TV, sobre o ataque terrorista em Manchester, Inglaterra, que aconteceu na segunda à noite (22/05/17). Aliás, imagino, não. Tenho certeza.
Sabe aquele cara, que dizia fazer isso em nome de Deus (juro que isso não entra na minha cabeça, gente)? Aquele cara, como outros tantos antes e outros que ainda virão, que um belo dia resolveu construir uma bomba na sua própria casa, provavelmente com instruções encontradas na internet, e recheá-la com pregos? Pois é, o mesmo ser humano que, depois da bomba pronta, se veste com ela, e vai pra um show da Ariana Grande, na Manchester Arena (capacidade: 21.000 pessoas), onde a maior parte da audiência é de crianças e adolescentes (e/ou seus pais). Esse ser humano espera o show terminar, e se explode, bem no foyer de uma das entradas/saídas da Arena . E centenas de pregos voam pra todo lugar, sem escolher a idade e o sexo da vítima. Talvez elas nem perceberam e… BUM! Simples assim. Rápido assim.
Para as pessoas mais longe do lugar da explosão, a dúvida: o que foi isso? Muita gente pensou que fosse um balão explodindo, uma vez que a Arena estava cheio de balões cor-de-rosa.
Gente, uma cena dessas, cheia de paradoxos – crianças, inocência, balões cor-de-rosa, bomba, sangue, medo, pânico. Parece cena de filme, não é? Mas infelizmente, é realidade.
Pais a espera de seus filhos na saída da Arena vêem milhares de pessoas correndo desesperadas, e não podem fazer nada além de esperar. E rezar.
22 mortos. 59 feridos.
A primeira vítima anunciada foi uma garotinha de apenas 8 anos de idade. Sua mãe estava junto, mas está no hospital, ainda inconsciente, e não sabe que perdeu a filha.
Outra mãe, cuja filha de 14 anos estava desaparecida desde a noite de segunda-feira, e que apareceu na TV segurando a foto da filha, chorando e implorando para que alguém desse notícia, e deixasse a filha usar o celular para ligar para ela, hoje recebeu a notícia de que a filha está entre as vítimas fatais.
Eu não sou mãe, mas sou irmã mais velha, e eu sinto tanto por essas pessoas! Não me conformo, isso não entra na minha cabeça! Eu me recuso a “me acostumar” com certas coisas que estão começando a virar “rotina”. E não é só aqui no Reino Unido, não. A Europa inteira está sob o medo do terrorismo.
O nível de ameaça no Reino Unido chegou hoje ao nível “crítico” pela primeira vez em 10 anos. “Nível crítico” significa que um novo ataque é iminente. Há mais policiais nas ruas, os paramédicos e hospitais estão chamando funcionários que estão de férias E pode acontecer em qualquer lugar.
Cardiff vai sediar a final da UEFA Liga do Campeões no começo de junho, e a polícia já está cuidando da segurança. A semana passada, enquanto eu passava pelo centro, policiais checavam as ruas e lacravam bueiros e acessos a encanação nas calçadas. Quem não tiver ingresso para o jogo, não terá acesso ao centro da cidade. Não preciso dizer que nesse dia vou estar bem longe, certo?
Para vocês, leitores, que moram na Europa, ou estão passeando por aqui de férias, toda atenção é pouca. Por favor, nao quero assustar ninguém, nem jogar um balde de água fria na cabeça de quem está vindo ou planejando vir para cá. A Europa é um lugar maravilhoso, e eu não podia estar mais feliz por morar aqui. Eu só acho que é melhor prevenir do que remediar, certo?
Aqui vão algumas dicas.
- Planeje sua viagem e seu itinerário, mas seja flexível e esteja preparado para mudanças de última hora.
- Tenha em mãos o telefone das autoridades locais (polícia, ambulância), assim como o da embaixada do Brasil (ou do país onde você é residente/cidadão).
- Esteja preparado para um check de segurança mais rígido nos aeroportos e possivelmente nas ruas durante suas férias.
- Mantenha contato constante com sua família, e estabeleça uma maneira de contatá-los caso haja algum incidente. Não ter notícias só vai deixá-los em pânico.
- Siga as instruções das autoridades locais.
- Fique atento as notícias.
- Fique atento quando estiver em locais públicos e cheios de gente (eventos, shows, praças, estádios, etc), e usando transporte público.
- Fique atento a bagagens (mochilas, sacolas e malas) “esquecidas”; notifique o policial mais próximo.
- Se está viajando com crianças, certifique-se que elas tenham nos bolsos um papel com seu nome e telefone(s) de contato, o nome do hotel onde estão hospedados e contato de algum familiar que ficou no país de residência.
- Estabeleça com sua família um plano de ação em caso de emergência.
Caso algo aconteça (espero que não) um incidente onde há um ataque com armas de fogo:
CORRA
- Escape se puder.
- Considere as opções mais seguras.
- Você consegue sair sem se expor a um perigo maior? Se houver uma saída segura:
- Corra com a sua família para longe do incidente, se puder, e insista que outros saiam com você (mas não deixe que essas pessoas te façam reduzir o passo!). Não é hora de pensar em seus pertences.
- Não pare para filmar.
- Se NÃO houver uma saída segura, SE ESCONDA.
SE ESCONDA
- Encontre abrigo.
- Se você pode ver o atirador, ele pode te ver também.
- Lembre-se de que mesmo que você esteja escondido, não quer dizer que esteja fora de perigo: balas podem atravessar vidros, paredes, madeira e metal.
- Encontre abrigo atrás de paredes grossas e reforçadas.
- Observe as saídas próximas.
- Fique em silêncio, silencie também seu celular. Desligue o “vibrate”, pois o som pode atrair a atenção.
- Se tranque em um cômodo, se possível, e fique longe da porta.
Ao ouvir a polícia no local:
- Siga as instruções das autoridades.
- Fique calmo.
- Evite movimentos bruscos e que possam ser considerados uma ameaça.
- Mantenha as mãos ao alto.
A polícia pode confundir você com um dos criminosos; portanto, seguir as instruções é a melhor pedida.
Os policiais vão provavelmente:
- Apontar uma arma para você.
- Te tratar com firmeza (gritar).
- Te questionar.
- Te remover do local assim que for seguro.
Como eu disse ali acima, minha intenção com esse artigo não é assustar, te aconselhar para não vir passear por aqui. De maneira alguma.
Espero que essas dicas sejam úteis.
Para terminar, deixo com vocês uma das músicas mais lindas que já ouvi, coreografada de maneira extraordinária. Num momento em que o mundo precisa de paz e tolerância, eu digo que as pessoas precisam desesperadamente de amor.