O ser humano é condicionado a não gostar de mudanças. Escolher algo novo no cardápio, mudar de padaria, supermercado, manicure. Mudar o corte de cabelo, o fabricante do carro, mudar de emprego, mudar de vida! Somos condicionados a viver na nossa zona de conforto. Sair dela dá muito trabalho. Dá medo, frio na barriga, nos enchemos de incertezas e expectativas, pensamos automaticamente no fracasso.
Às vezes nos sentimos “rebeldes” e ao invés do esmalte renda, escolhemos o paixão. E saímos da manicure felizes da vida com a nossa mudança! Essa “rebeldia” é o nosso subconsciente gritando mudança! Gritando evolução!
A decisão de mudar de país é provavelmente uma das maiores decisões que um indivíduo vai tomar durante a sua vida. Seja por qualquer motivo, a mudança é raramente encarada como algo simples ou fácil. Quando possuímos um objetivo claro e direto a mudança é mais bem-vinda, coisas do tipo, “Vou me mudar de país porque pretendo cursar um MBA” ou “Vamos nos mudar porque quero aprender a falar inglês” ou ainda, “Estou sendo transferido de trabalho, e esta oportunidade é para uma vaga fora o país”. No entanto, quando estes objetivos bem definidos são da pessoa que vamos acompanhar, existe um vazio nesta decisão. Não existe uma motivação clara no porque estamos efetuando esta mudança. Esse é o caso de muitas esposas que acompanham seus maridos, ou maridos que acompanham suas esposas.
Deixar sua família, amigos, trabalho, e tudo que lhe é familiar não é uma tarefa fácil. Nossos mecanismos de defesa estão funcionando a 100%, colocando obstáculos em nosso caminho a cada segundo, porque essa grande mudança vai gerar um desconforto imenso em nossas vidas.
O nosso primeiro instinto é sempre: “Tá bom então, eu estou com medo desta mudança, então é só parar de ter medo, seguir em frente, certo?”, ou algo como “Nossa isso tudo vai ser muito difícil…não, não, isso não é verdade, será tudo fácil!”. O nosso cérebro automaticamente quer logo consertar aquilo que nos está incomodando. Nossos sentimentos vão de ótimos a péssimos, péssimos a ótimos…e é ai que acontece o desequilíbrio.
Vamos de um polo a outro em dias, horas! De empolgados e ansiosos a deprimidos e preguiçosos, de otimistas e contentes a pessimistas e mal- humorados, e por ai vai. Então é a vez a culpa, da raiva, da vítima, da amargura e da insegurança tomarem o palco.
É como se tudo estivesse acontecendo com você e não para você. Alguém ou algo está fazendo você fazer isso ou aquilo. As perguntas frequentes são: “mas isso é mesmo necessário?”, “essa diferença de salário é significativa?”, “o que essa experiência vai agregar na nossa vida?” e por ai vai…Nós mesmos tentando nos convencer de que esta mudança não é assim tão importante.
E então, como quebrar este ciclo?
Existem diversas maneiras de lidar como nossos mecanismos de defesa, a mais efetiva é buscar uma mudança de contexto, no entanto essa requer acompanhamento de um profissional qualificado e algum tempo de trabalho.
Mas existem alguns exercícios que podemos acrescentar na nossa rotina para tornar as mudanças mais conscientes. Estas técnicas podem nos ajudar a criar mais consciência, mudar de perspectiva e até aprender algo sobre si próprio.
1) Faça uma lista das razões para esta mudança: inclua detalhes do porque isso é importante para você
2) Inclua meditação sua rotina, comece com poucos dias por semana e apenas alguns minutos e vá acrescentando tempo. Você pode escolher por uma meditação guiada ou tentar fazer sozinha. A meditação ajuda a diminuir o volume daquele ruído que escutamos frequentemente nas nossas mentes e nos ajuda a pensar com mais clareza.
3) Escreva um texto imaginando sua vida daqui um ano. Seja detalhista, descreva onde mora, o que faz, o que gosta de comer, como está seu humor, sua família, quanto mais informações você usar, mais valioso o exercício será.
4) Faça uma lista de habilidades que você gostaria de adquirir, mas nunca teve tempo e/ou paciência para aprender.
5) Por último, reflita sobre as possibilidades que serão criadas a partir desta mudança que você irá realizar. Faça uma lista de coisas/experiências/conquistas que você pode criar vivendo esta mudança.
Da minha experiência o que posso dizer é que a mudança não é fácil. A transição pode ser penosa. Eu tenho família no Brasil, tinha uma carreira de dez anos na pesquisa, deixei minha cachorra, minha casa, vendemos nossos carros e nos mudamos para os EUA.
Aqui eu tive a possibilidade de conhecer pessoas incríveis, de todos os lugares do mundo. Acrescentei vida aos meus dias e não dias à minha vida.
Me reinventei profissionalmente e hoje sou uma Coach Pessoal, Profissional e de Liderança e trabalho com as pessoas mais excepcionais que já conheci.
Nessa fase de transição eu me redescobri, me permiti arriscar e escolhi olhar o mundo ao meu redor com olhos da possibilidade e não do impossível.
Aprendi a viver no momento, no presente. Aprendi que desejar, sonhar e criar um futuro só depende de mim.
E termino com um pensamento que sempre me faz seguir em frente:
“Os dois dias mais importantes das nossas vida são o dia em que você nasceu, e o dia em que você descobre o porquê” – Mark Twain