“Hoje em dia todos esses jovens sabem falar inglês” – é uma frase muito ouvida no Brasil, especialmente vindo das gerações passadas. E realmente acredito que seja algo em que muitos brasileiros queiram acreditar, afinal de contas nós temos aulas de inglês praticamente durante todo o nosso período escolar…mas infelizmente a realidade é outra!
De acordo com uma matéria de Novembro de 2015 da Revista Exame, o Brasil foi colocado em 41o no ranking de conhecimento e fluência em inglês; e quando comparado com países como a Argentina e a Áustria, o Brasil perde, e feio .
Os principais motivos para esta realidade de conhecimento de inglês na população brasileira são: 1) a falta de um ensino básico de qualidade e 2) a maioria dos brasileiros não têm acesso a cursos de inglês privados.
Segundo uma pesquisa realizada em 2013 pelo Data Popular, entre os brasileiros que afirmam terem algum conhecimento da língua inglesa, 10,3% possuem 18-24 anos, 5,2% estão entre a faixa etária de 25-34 anos e 3,5% possuem entre 35-50 anos. Já de acordo com a classe social, 9,9% foram classificados como classe alta e 3,4% como classe baixa. E de acordo com o nível de conhecimento da língua, apenas 16% afirmou possuir inglês avançado.
E então, já que a realidade é esta, como ficam os brasileiros que se mudam para os Estados Unidos e estão entre os conterrâneos que não falam inglês fluentemente?
Ao se deparar com uma situação estressante ou de perigo, é natural de qualquer ser no universo buscar a sua “tribo”. Criar o seu grupo, fazer parte de uma comunidade, buscar seus semelhantes, enfim, seja lá do que você quiser chamar, nós sempre vamos procurar nos agrupar com aqueles com quem mais temos coisas em comum, língua, cultura, hábitos, roupas, corte de cabelo, comida, e por aí vai.
Quantas vezes você não ouviu falar “Ahhh, mas vai fazer intercâmbio? Procura um lugar que não tem muito brasileiro, senão lá você vai acabar é falando só português!”. E infelizmente isso é verdade…o nosso instinto de sobrevivência muitas vezes fala mais alto e a gente acaba perdendo grande parte da experiência de morar fora do país.
Como, então, superar as barreiras da sobrevivência e tirar o melhor proveito desta situação?
Primeiro vamos determinar os medos e as crenças envolvidas neste assunto. Da minha experiência falando inglês e viajando para os Estados Unidos por quase 10 anos, e morando aqui até hoje, estes foram os tópicos que eu determinei:
- Vergonha em falar errado
- Medo de não entender o que o outro está dizendo
- Crença de que os americanos são indivíduos frios e rígidos
- Receio em fazer os outros a sua volta passarem vergonha
- Vergonha em dizer que não entendeu
- Vergonha em dizer que ainda está aprendendo inglês
Uma pessoa de mudança para os Estados Unidos, seja por 3 meses, 2 anos ou definitivamente, levando consigo esta bagagem pesadíssima que adquirimos ainda no Brasil, vai estar ligada no “modo sobrevivência” 100%!
E o que essa pessoa vai fazer no instante que pisar em solo americano? Vai procurar a sua tribo! E isso não é certo, nem errado, é só o nosso modo automático reagindo a uma situação de estresse. E o que este automático vai fazer é nos limitar à nossa zona de conforto, a tudo que nos é conhecido e seguro, e é aí que perdemos a chance de produzir mudanças significativas em nossas vidas. Por isso, aqui vão algumas dicas do que fazer para superar as nossas limitações com a língua inglesa e tirar o máximo de proveito destas experiências que nos enriquecem tanto:
- Se tiver a chance de se matricular em um curso intensivo no Brasil antes da sua mudança – FAÇA!
- Antes de se mudar, procure cursos de inglês na sua cidade ou próximo dela: algumas igrejas ou universidades, em comunidades menores, oferecem cursos de inglês gratuitos lecionados por moradores da região.
- Previamente à sua viagem, pesquise sobre os costumes da região para onde você está se mudando. Sul e Norte dos EUA tem grandes diferenças culturais, por exemplo.
- Não se junte à sua tribo (com tanta frequência). Não estou dizendo para você ignorar os brasileiros, não é isso! Mas experimente fazer outras amizades, pessoas de outros países, com quem você possa praticar o seu inglês e ainda possa aprender sobre a cultura e costumes daquela região.
- Acredite, os americanos são acessíveis SIM! Você ficaria surpresa. Experimente conversar com qualquer um, o caixa do supermercado, o motorista do UBER, o agente no aeroporto, o funcionário da sua escola de inglês. Com isso, você cria o hábito de perceber que errar é comum e muito humano, e que 90% dos americanos nem vão perceber que você errou.
- Não tenha vergonha de dizer que você está aprendendo inglês. Quantas pessoas no mundo falam duas línguas? Algumas não têm a chance de aprender a falar nem uma corretamente. Pense nisso!
- E por último: NÃO DESISTA. Aprender uma língua nova pode levar anos. O importante é não se boicotar e não escolher sempre o caminho mais fácil. Arriscar e tentar! É assim que a gente evolui e aprende!
Se quiserem saber mais sobre a minha experiência com a língua inglesa e maneiras em como lidar com essas mudanças, me escrevam!
6 Comments
Sensacional seu texto Livia e otimas dicas. Vou compartilhar, assim os amigos de amigos e assim por diante, conscientizarem as pessoas que querem se desenvolver profissionalmente em paises de diferente idioma do nativo. Quem sabe, minimiza as frustracoes, pelo menos em parte, antes de decidirem aportar em terras estrangeiras. Moro em Sutton, UK, (70) e desde os 15 anos sou fluente em Ingles, e bem antes da globalizacao, orientava os amigos sobre a necessidade de estudar o idioma ou qualquer outro da sua paixao, mas a maioria das pessoas, se agarram aos sonhos, ate’ se tornarem pesadelo por nao terem feito o dever de casa.
Oi Juraci!!! Fico contente por ter gostado do texto! Obrigada por contribuir para passar este texto adiante, a idéia é que atinja o maior número de pessoas possíveis, para que eles, como você mesmo disse, possam realizar seus sonhos sem torná-los pesadelo!! Acredito no ser humano, e adoro ver o processo em que eles passam a acreditam em si mesmos!!
Obrigada pelo comentário!!
Amei esse post!! E realmente é pura verdade, Conheço muitos que foram para fora e depois de algum tempo, pensava eu que já tinham seu inglês afiadíssimo…. Nem um verb to be falavam rsrsrsrrs (exagero). Estou estudando inglês e tudo em minha casa (Brasil) é em inglês…. O laptop, celular, tv. Mesmo tendo um inglês intermediário, ainda me perco quando assisto TV- jornais são mais difíceis, Creio eu que um dia eu possa fazer um intercâmbio ou morar fora, mas enquanto isso não acontece, vou aperfeiçoando cada vez mais.
Bjss!!!
Obrigada Juliana! Fico muito feliz em saber que os textos estão contribuindo de alguma maneira para melhoria em cada pessoa! Achei super interessante a sua consciência em como está o seu inglês e a sua dedicação em colocar todo o seu cotidiano em inglês! Serve de exemplo para muita gente! Parabéns e continue dividindo isso com as pessoas!! Um grande beijo!!!
Olá , tudo bem?
Meu nome é Eliana.
Você pode me responder: Quanto tempo depois que pegamos o Green Card podemos sair do país? Precisa ficar algum tempo antes de fazer a primeira viagem para fora do país?
Oi Eliana, infelizmente não sei a resposta para a sua pergunta, mas acredito que fazendo uma ligação na Embaixada ou no Consulado eles podem te informar, boa sorte!